Revista Encontro

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Carros aprendem a falar

Fábio Doyle
None - Foto: Divulgação

Em princípio, um carro do futuro poderá “falar” com outro veículo que se aproxima, dizendo, por exemplo: “Você e eu estamos a ponto de colidir. Se nossos motoristas não reagirem, precisamos fazer alguma coisa. Vamos fugir do perigo.” Já vai longe o tempo em que direção hidráulica, ar condicionado, trio elétrico (espelhos, portas e vidros acionados por botões) e freios a disco nas rodas dianteiras eram o máximo em termos de conforto e segurança. Hoje, esses itens, de tão banais e imprescindíveis, são parte obrigatória de carros de todas as categorias e segmentos. Se bem que algumas montadoras ainda cometem o desplante de não os incluir como itens de série em modelos básicos.

 

Da mesma forma, airbags e sistemas eletrônicos de controle de frenagem e tração, como ABS, EBD, EBS e uma série de outras siglas que ficaram conhecidas como “sopa de letrinhas”, todos voltados para a segurança, tornam-se cada vez mais comuns e passam a ser uma exigência cada vez maior dos consumidores. Tanto é que até os carros chineses, ainda observados com certa desconfiança, trazem, em sua maioria, esses itens de série, para desespero das montadoras locais, que, assim, são obrigadas a seguir essa tendência.

 

Diante de situações críticas, tela adverte motorista
 

 

A evolução na pesquisa e desenvolvimento para aumentar a segurança dos automóveis é mais rápida do que se pode imaginar e chega agora ao ponto dos carros agirem, reagirem e interagirem diante de omissões, falhas e atrasos nas reações do ser humano que está atrás do volante.
Depois do airbag, da sopa de letrinhas, dos sensores de estacionamento com câmera nos para-choques e do GPS, chega a vez de carros que, sem a interferência direta do motorista, mantêm distância mínima de segurança do carro da frente, freiam ao menor sinal de perigo e/ou risco de atropelamento, detectam que o motorista está sonolento e pouco atento, sugerindo uma parada para que se recomponha, e até estacionam sozinhos.

 

Veículos mais que humanos

 

E se você acha que esse é o fim da linha, prepare-se. Ainda há muito que fazer. Nos últimos dias de maio, a montadora norte-americana Ford apresentou em encontro do Projeto CocarX (Co-operative Cars Extended), ocorrido em Dusseldorf (Alemanha) o que chamou de "carros que falam".

São seus avanços na comunicação entre veículos "inteligentes".

 

O programa, iniciado em 2009, tem como objetivo desenvolver sistemas e infraestrutura para que os veículos possam trocar informações sobre condições das pistas e do tráfego. A Ford é a primeira a usar a nova rede LTE (Long Term Evolution) para esse fim, com uma transmissão de dados muito mais rápida que os sistemas já conhecidos.

 

Andréas Eidehall, da Volvo, criador do sistema de detecção de animais na pista:
pesquisas em parques de safáris para desenvolver a tecnologia
 

 

Combinando sistemas locais de radiofrequência e a última tecnologia em rede de celulares, o sistema permite que um carro avise aos outros sobre perigos que vão encontrar pela frente. Dois Ford S-MAX foram usados para demonstrar o seu funcionamento. Se o veículo da frente dá uma freada brusca, por exemplo, um sinal de alerta é acionado no que vem atrás, em menos de 100 milissegundos.

 

Futuras aplicações

 

A Ford já oferece veículos com uma série de tecnologias projetadas para detectar as condições do ambiente e dar assistência automática ao motorista. Como, por exemplo: o Active City Stop, que monitora a pista à frente e freia automaticamente no caso de uma colisão iminente; o Lane Keeping Aid, com uma câmera que detecta se um veículo sai da sua faixa e aplica uma pequena força na direção para alertar o motorista; o controle de cruzeiro adaptativo e o reconhecimento de sinal de trânsito.

 

Mas a comunicação entre veículos pode alertar sobre perigos que estão além do alcance de outros sensores, como sistemas de radar, detecção de luz ou câmeras. Compartilhando informações sobre a posição, velocidade e direção do veículo, ou mesmo dados de telemetria gerados pelo controle eletrônico de estabilidade e de tração, os veículos podem ser alertados sobre rotas de colisão, tráfego parado em curvas ou perigo ao mudar de faixa.

 

Tecnologia Volvo foi desenvolvida para enxergar e reagir à noite, quando fica mais perigosa a presença de animais na pista
 

 

Agora, os engenheiros da Ford estão pesquisando e desenvolvendo futuras aplicações para oferecer mais do que alertas visuais aos motoristas. O objetivo é criar sistemas de segurança que acionem medidas para evitar acidentes, respondendo aos avisos de outros veículos inteligentes. A empresa aposta que, usando canais de comunicação em banda larga como a LTE, será possível no futuro interligar um grande número de veículos para reduzir a ocorrência de acidentes e congestionamentos, diminuindo também as emissões de CO2.

 

Os veículos inteligentes Ford S-MAX mostraram, também, duas outras possibilidades que o módulo integrado LTE oferece, além dos alertas de perigo. Ele permite que os passageiros do banco de trás baixem um vídeo de entretenimento e o motorista se mantenha informado sobre as condições do trânsito.

 

Tecnologia evita colisões com animais

 

Falar em segurança automotiva sem mencionar a Volvo é quase impossível. A marca sueca é mundialmente conhecida por projetar e fabricar os carros mais seguros do mundo.

 

Sua última novidade nesse campo é um sistema que alerta e automaticamente freia o carro ao se deparar com animais na estrada. Ainda em fase de desenvolvimento, o sistema de segurança que reduz o risco de colisões é baseado na fusão de tecnologias já implantadas de detecção de pedestres com frenagem total, lançadas em 2010.

 

O sistema é composto por duas partes – um sensor de radar e uma câmera infravermelha capaz de registrar a situação do trânsito, explica Andreas Eidehall, especialista em sistemas de segurança ativa da Volvo.

 

Volvo desenvolve sistema que enxerga  animais na pista
 

 

É essencial que o sistema funcione também no escuro, pois a maioria das colisões com animais acontece depois que anoitece. A câmera monitora a estrada e se um animal estiver a certa distância, o sistema alerta o motorista com um sinal audível. Se ele não reagir, os freios são automaticamente acionados.

 

“A ideia é que o sistema funcione com o carro em velocidade normal para uma estrada rural.

Caso a situação não permita evitar inteiramente a colisão, o sistema reduz a velocidade o suficiente para reduzir a força do impacto e, dessa forma, minimizar os danos”, explica Eidehall.

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