Revista Encontro

None

O encantador de cavalos

Carolina Godoi
None - Foto: Fernando Lutterbach

Monty Roberts chegou a Belo Horizonte, onde ficou por uma semana no final de julho, depois de ser homenageado pela Força Aérea Americana e pela rainha Elizabeth II pelos serviços prestados por mais de 20 anos à Família Real Britânica. Sua Majestade, em 1989, foi às lágrimas quando o treinador conseguiu domar o seu mais selvagem cavalo, sem uso algum de violência. A pedido dela, ele escreveu o livro O Homem que Ouve Cavalos, que o lançou à fama ao redor do globo. Roberts está na fase de colher os louros da sua trajetória, mas o treinador americano só quer espalhar sua mensagem de não-violência.

 

Convidado da 30ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, no Parque da Gameleira, em BH, ele se apresentou para público de mais de 6 mil pessoas na abertura e lecionou, para plateias lotadas, a parte inicial da técnica revolucionária criada por ele, chamada de Join-up ou Doma Racional. Sem intimidar ou causar dor ao animal, Roberts consegue em meia hora que um cavalo xucro (que morde e dá coices) aceite uma sela, freio e o cavaleiro.

 

Entendendo a linguagem corporal do cavalo, Roberts faz alguns sons com a boca, gestos com as mãos e os ombros, olha nos olhos dele e, como num passe de mágica, o animal aceita sua liderança. “A segunda coisa mais importante ao lidar com animais é que você se divirta. E você me pergunta, e a primeira? É que seu cavalo se divirta”, ensina, durante as aulas. Roberts conheceu a mão de obra mineira, e sobre o cavalo brasileiro, diz: “O mangalarga marchador é inteligente e amável.

São cavalos fantásticos e brilhantes que não querem violência em suas vidas”.

 

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador, Magdi Shaat, disse que o convite para a vinda de Roberts e de delegações holandesas, alemãs, italianas e americanas vem ao encontro do novo projeto visando o mercado externo, o “Sela Verde”, selo indicado aos haras ambientalmente corretos. “O bem-estar do animal é primordial dentro deste conceito”, afirma Shaat, que está planejando intercâmbio da mão de obra mineira para cursos com Roberts nos Estados Unidos.

 

O mago dos cavalos já participou de filmes hollywoodianos como dublê de Elisabeth Taylor em A Mocidade é Assim Mesmo, e ainda trabalhou com James Dean durante a pré-produção e filmagem do aclamado Vidas Amargas. Hoje, depois de lançados quatro de seus livros, recebe convites para demonstrar sua técnica para públicos diversos – desde grandes empresas espalhadas pelo mundo, penitenciárias e até a agência de inteligência americana (CIA). Dá aulas no seu centro de treinamento, o Flag Is Up Farms, no Vale de Santa Ynez, na Califórnia, e cria seus três filhos biológicos e 47 adotados. “Quero deixar o mundo um lugar melhor do que eu encontrei, para os cavalos e para as pessoas também”, diz Roberts.

.