Revista Encontro

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Retratos da Cidade 4

Simone Dutra
None - Foto: MaĆ­ra Vieira e Geraldo Goulart

Amém em árabe

 

A segunda igreja construída em Belo Horizonte, em 1900, está localizada na esquina das avenidas Carandaí e Alfredo Balena, no bairro Santa Efigênia. Trata-se do Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos. O terreno foi cedido por Aarão Reis, chefe da Comissão Construtora da Nova Capital. Na época, Anna de Aquino Sales, esposa do então presidente do estado de Minas Gerais, Francisco Sales, arrecadou donativos e construiu a capela. Até 1925 as missas eram celebradas apenas no rito católico apostólico romano, mas com a chegada do padre sírio Jorge Elian, elas passaram a ser realizadas também no idioma siríaco. “Ainda hoje temos uma celebração na língua aramaica, falada por Jesus Cristo”, afirma o padre sírio George Rateb Massis, que está há oito anos na capital mineira e representa a quinta geração de sacerdotes vindos da Síria para a igreja. Segundo Massis, esta igreja, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), em 1979, foi a primeira paróquia católica árabe fora do oriente. “A convite do arcebispo Dom Cabral, o padre Jorge Elian ficou em Belo Horizonte, ‘ganhou’ esta igreja e acabou reunindo a comunidade árabe aqui”, diz.

 

 

 

Casa teatro

 

O local mais parece uma casa, mas não é.

Na verdade, é um dos teatros mais antigos de BH, e a novidade é que acaba de reabrir suas cortinas. O Ideal Clube Teatro Escola, localizado em Santa Tereza, foi fundado em abril de 1947 por Manoel Teixeira, um dos pioneiros da cena teatral da capital mineira. Em 2010, o teatro recebeu o prêmio Cena Minas, concedido pela Secretaria Estadual de Cultura, para sua revitalização. Hoje, repaginado, ganhou outra nomenclatura: Ideal Café Teatro. A ideia é preservá-lo não só como centro de entretenimento e formação de atores, mas também como ponto de convergência social. Sob o comando da atriz, produtora e professora Dayse Belico e do médico e ator Mozart Lima, o local se transformou em um espaço multiuso, mantendo as tradicionais atividades como cursos de teatro, apresentações de peças e também exposições e projetos diversos. “Minha história com o Ideal começou em 1977, quando vim ensaiar uma peça. Agora, quero transformá-lo em referência no cenário cultural de BH”, afirma Dayse.

 

 

 

É brincando que se aprende

 

Além de correr, brincar e aprontar molecagens, é na infância que se aprende a ser um cidadão de bem no trânsito. Principalmente se a criança fizer uma visita a Transitolândia Inspetor Pimentel. O local mais parece uma minicidade com ruas, avenidas, praças, posto de gasolina, passarelas, canteiro central e semáforos, simulando a rotina diária no tráfego. Instalada na avenida Amazonas, bairro Gameleira, no 5º Batalhão da Polícia Militar, a Transitolândia foi inaugurada em junho de 1984, na gestão do governador de Minas Tancredo Neves. Recebeu este nome em homenagem a João Batista Pimentel, que se dedicava a educar crianças para trafegar nas vias públicas com segurança. “Recebemos crianças de quatro a 12 anos.

Fazemos palestras com linguagem simples, lúdica e didática, para facilitar a compreensão deles”, afirma o sargento Gilberto Ribeiro de Morais. Durante a visita, a criançada aprende lições que vão desde a melhor forma de atravessar a rua até o significado dos sinais de trânsito, os sinais e apitos dos guardas e as placas de sinalização. Mas se a meninada sair da risca e cometer uma infração... “leva multa e fica dois minutos fora das atividades”, conta o sargento.

 

 

 

Mini-interior

 

Andar pelas ruelas da Vila Marista é como caminhar numa charmosa cidade do interior mineiro. O melhor de tudo é que esta impressão pode ser sentida em plena região da Savassi, dentro do colégio Marista Dom Silvério. A vila abriga autênticas réplicas de casarões coloniais antigos. Mas, na verdade, os prédios são salas de aulas ocupadas por crianças de até seis anos. Criada em 1980, foi planejada para que a meninada vivenciasse normas e regras relacionadas ao bom cidadão, além de conhecer um pouco da história de Minas. As ruas são sinalizadas com placas, semáforo e têm até ponto de ônibus. Os prédios receberam nomes de órgãos públicos como: prefeitura, cartório, correios, delegacia, cadeia, fórum, banco, igreja (cópia fiel da igreja Nossa Senhora do Ó, de Sabará), mas tem também a vendinha, residência e casa dos brinquedos.

Atração à parte, a vila tem até uma estação ferroviária com direito a um vagão doado pela Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). “Os estudantes têm orgulho da vila. Muitos que estudaram aqui, voltam só para rever o que vivenciaram na infância”, revela a coordenadora do ensino médio, Valéria Boechat.

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