Revista Encontro

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Eles estão com tudo

Daniele Hostalácio
None - Foto: Gláucia Rodrigues, Maíra Vieira, Cláudio Cunha, Eugênio Gurgel, Geraldo Goulart

Gira-se o globo e em qualquer ponto para onde se olha há um novo universo a ser descoberto, seduzindo-nos em direção ao estrangeiro. Conhecer outras culturas, mergulhar na história de outras civilizações – ou no berço da nossa própria história –, falar e ouvir outros idiomas, deparar-se com paisagens surpreendentes, conhecer outros povos, colocar a percepção para trabalhar em outro ritmo, por exemplo, são apenas alguns dos motivos pelos quais deixamos para trás o conforto do nosso lar e do nosso país e partimos para o exterior. O Brasil está aqui, sob nossos pés, com seus quilômetros de território e suas variadas culturas, mas algo nos chama para o desconhecido.

 

A essa vontade de conhecer outros países nunca se deu tanta vazão. Os brasileiros estão cruzando as fronteiras como nunca, rumo a incontáveis destinos. O dólar baixo em relação ao real é um dos fatores que explicam esse fenômeno, ao lado das vantagens oferecidas pelas operadoras – praticamente todas vendem em 10 vezes sem juros –, e do fato de que hoje há uma numerosa massa de brasileiros que ascendeu às classes C e B e que, agora, pode almejar alçar, literalmente, novos voos.

 

As agências de turismo comemoram este momento sem precedentes e têm crescido a taxas de até 50% por ano. “Em mais de 35 anos atuando no turismo, nunca vi um momento como o que estamos vivendo agora e que, acredito, ainda irá perdurar por um bom tempo. Em comparação a cinco anos atrás, as pessoas hoje pagam até a metade do preço por pacotes para a Europa ou para os Estados Unidos, por exemplo. O resultado é que o brasileiro tem viajado muito e também gastado muito lá fora, onde é bastante paparicado e está sendo recebido como eram, há alguns anos, os árabes: com todas as atenções”, conta Fernando Dias, diretor da Master Turismo, agência que, ao lado de outras sete empresas da cidade, responde por cerca de 70% dos embarques internacionais empreendidos por agências de viagem locais.

 

Alguns dados nos dão ideia desse movimento.

A mineira Belvitur, uma das 10 maiores agências do Brasil, levou em agosto último um grupo de 1.500 pessoas para um evento empresarial em Miami. Um encontro que, em outras épocas, aconteceria em algum hotel ou resort no Nordeste ou no Sul do Brasil, mas que, em tempos de câmbio favorável, aconteceu em terras norteamericanas. “Para o ano que vem, já temos seis eventos de empresas brasileiras confirmados para acontecer em Miami, com um total de 10 mil passageiros”, conta o diretor da Belvitur, Marcelo Cohen. Orlando é outro destino que está abarrotado de brasileiros e, em especial, de mineiros. Ana Maria Fulgêncio, presidente da Greentours, levou à Disney, em julho, um grupo de mais de 700 jovens. “Dos três milhões de bilhetes aéreos que a CVC comercializou em 2010 em todo o país, cerca de 40% (1,2 milhão) foram para o exterior”, diz Edgar Toledo, representante da CVC em Minas.

 

 


Viajar por meio de agências é muito diferente do que era há três ou quatro décadas. Já não se trata de contratar pacotes fechados e inflexíveis, viajar obrigatoriamente em grupos ou ter um restrito leque de opções de destino à disposição. Pode-se comprar por meio de agências apenas passagens aéreas e hospedagem; os roteiros são personalizados e feitos ao gosto do cliente, que escolhe os hotéis em cada cidade que irá pisar; e pode-se ir até o mais recôndito ponto do planeta.

 

Encontro foi atrás de alguns nomes que estão no comando das mais destacadas agências de turismo de Belo Horizonte para saber como esses agentes de turismo começaram nesse mercado, seus lugares prediletos no exterior e o estilo de cada uma das empresas que dirigem. São pessoas que já rodaram meio mundo – e isso não é força de expressão – e que lidam, diariamente, com os sonhos das pessoas: uma viagem de família à Disney, uma lua de mel numa praia no Pacífico, um roteiro gastronômico pela Toscana ou uma viagem de meditação para o Nepal, entre outras possibilidades, percorrendo trens, cruzando céus, mares ou estradas pelo interior de outros continentes. Profissionais cujo ofício é ajudar as pessoas a conhecer este mundo. Mundo, vasto mundo...

 

 

 

Ana Maria Fulgêncio assistia a filmes americanos no interior de Minas, quando morava em Campo Belo, e então decidiu que queria aprender inglês. O pai dela conseguiu – coisa rara na época – um professor que lhe desse aulas particulares. O que era um desejo de menina, acabou sendo decisivo na vida dela.

Aos 10 anos, quando se mudou para Belo Horizonte, foi matriculada num curso de inglês; depois, acabou fazendo Letras, tornou-se professora de literatura americana e de língua inglesa. Em 1974, abriu uma escola de idiomas. “Os alunos almejavam vivenciar a língua, queriam viajar para os EUA a passeio, ou fazer intercâmbio”. E então começou a atuação dela no turismo, até que, em 1988, Ana Maria decidiu abrir uma agência e uma operadora de turismo, a Greentours. “Eu não tinha a barreira da língua, lidava diretamente com os fornecedores. A agência já nasceu voltada para o internacional”.

 

A operadora da Disney foi onde tudo começou, por isso a jovialidade é uma marca da agência, embora a Greentours, hoje, leve clientes de todas as idades para os mais variados destinos. “Nossa clientela é muito especial, busca produtos diferenciados, sofisticados, roteiros raros. A África do Sul é um destino maravilhoso, que permite que sejam feitos safáris e com hospedagem em lugares bem típicos; China e Índia também estão sendo muito procuradas, bem como Punta Cana e Cancun, o Leste Europeu, os Emirados Árabes, Jordânia, Turquia. Queremos também nos especializar em turismo de meditação, com roteiros para lugares como Santiago de Compostela, para o qual estamos vendendo muito”.

 

Recentemente, a Greentours alcançou uma importante conquista: abrigar o primeiro espaço Club Med do mundo fora da China. “Turismo é um risco grande.

É preciso que a agência tenha lastro para bancar se alguma coisa der errado. Mas amo o que faço, e quanto mais faço viagens, mais vontade tenho de fazer. Adoro conhecer gente de todas as culturas. Meu trabalho é realmente apaixonante”.

 

 

 

“Gosto de estar no front, de atender passageiro na loja, de resolver qualquer problema, de estar no dia a dia, de elaborar roteiros. Durante anos acompanhei grupos em viagens”, conta o diretor da Belvitur, Marcelo Cohen. Tanto gosto não é para menos. Aos 10 anos, ele já circulava pela agência, fundada pelo pai dele, David Cohen, em 1963 – o que faz da Belvitur a mais antiga agência de viagens da capital mineira. Aos 41 anos, Marcelo pode se gabar de possuir mais de 30 anos de carreira no mercado de turismo.

 

A agência que ele dirige está entre as 10 maiores do Brasil e tem forte penetração junto às classes A e B. “Somos, por exemplo, os maiores emissores de passagens aéreas de classe executiva e primeira classe do mercado; a hotelaria de 5 e 4 estrelas representa mais de 60% do nosso volume de vendas. Nós nos tornamos o maior líder de vendas no segmento corporativo, no estado, além de sermos extremamente fortes no mercado de lazer e um dos grandes players hoje, no Brasil, em eventos”, conta Marcelo.

 

A Belvitur possui hoje uma operadora própria nacional e internacional, oferecendo vários produtos. “Sempre gostei de turismo, acho um mercado fascinante. Enquanto um médico está numa sala de cirurgia, diante de um paciente entre a vida e a morte, estamos resolvendo um problema num lobby de um hotel bacana, estamos em meio a um cruzeiro marítimo. E eu, pessoalmente, adoro viajar; acho que é um investimento que a pessoa faz, e não uma despesa”. No momento, Marcelo destaca alguns destinos como especialmente oportunos: “Cancun, República Dominicana; perto de Cancun, destinos mais luxuosos, como Riviera Maya. Para o público classe A, locais como a Croácia, o Leste Europeu, a Rússia”.

 

A demanda por viagens internacionais tem se revelado crescente. “Emitimos, em média, 30 mil bilhetes por mês. Cerca de 30% deles são para o exterior”, conta. Marcelo destaca que o mais importante que a Belvitur traz na bagagem, nesses quase 50 anos de trajetória, é a seriedade. “Quando a Soletur foi à falência, tínhamos uns 150 passageiros com viagens marcadas com aquela empresa. Reunimos todos aqui e reembolsamos um por um. A seriedade é uma marca que trazemos”.

 

 

 

Trabalhando na companhia aérea Vasp e visitando constantemente agências, Humberto Vieira vislumbrou no mercado de turismo uma oportunidade de negócio. Existiam pouco mais de 20 agências de viagem em Minas, e então ele resolveu abrir a Primus. O ano era 1979. Uma característica se tornaria marca da empresa: a inovação. “Quando comecei, pouco se viajava. Existiam apenas duas empresas aéreas, uns cinco voos para São Paulo. Tínhamos uma lojinha com dois funcionários, a parte de viagens era concentrada nos feriados. Por isso, usamos a criatividade para crescer”, diz. Humberto começou a organizar viagens para levar torcedores do Atlético ou do Cruzeiro para assistir a finais de campeonato de futebol e grupos para assistir a corridas de Fórmula 1. Foi pioneiro no fretamento de voos para o Carnaval de Salvador e iniciou viagens para a Disney, que se tornaram um dos carros-chefe da empresa. Paralelamente, atuava no mercado corporativo.

 

A empresa foi crescendo. “Quando abri a Primus, éramos três sócios – que deixaram a sociedade pouco depois. Fazíamos serviço de office boy, servíamos café, fazíamos as faturas... Hoje, estamos entre as cinco maiores empresas do estado. Atendemos a grupos que se interessam por roteiros sofisticados, que incluem hospedagem em hotéis que ofereçam alta gastronomia, entre outros requintes. Atuamos fortemente na linha da exclusividade”, diz. Humberto verifica, no momento, uma forte ascensão da procura por esportes de inverno pelos brasileiros, favorecendo como destino as estações de esqui. “Ir para uma estação de esqui é algo muito especial. Temos duas épocas distintas, o inverno no Hemisfério Sul e o inverno no Hemisfério Norte. Ambos possuem excelentes e tradicionais estações de esqui – EUA, Canadá, Suíça, Itália, ou Bariloche, Patagônia, Chile”, indica.

 

O turismo, que era um negócio, tornou-se para o empresário um grande prazer. “Antigamente, viajar era um glamour, ir para Europa era algo muito restrito, a possibilidade do sonho era maior. Hoje é diferente, então temos a oportunidade de sentar com uma família e conseguir realizar o sonho de uma viagem para a Disney, por exemplo. E isso é muito bom”.

 

 

 

Como adorava viajar e era um viajante inveterado, o administrador de empresas Renato Pardini acabou sendo convidado para trabalhar numa agência de viagens. “Fui gostando do ramo e resolvi montar uma agência, juntamente com uma sócia, Cristina Guimarães de Campos”, conta o diretor da Estação de Turismo. Isso foi há 20 anos. “Começamos com apenas três funcionários; com o tempo, crescemos. Hoje temos 32 funcionários e um foco de trabalho: hotelaria de luxo e destinos de luxo e exóticos. Acabo de chegar da Indochina, que fui conhecer e onde fui fazer contatos com hotéis. Meu estilo de trabalho é esse: sempre vou aos destinos e escolho tudo a dedo. Participo de feiras no exterior, faço contatos com diretores de hotéis e estou sempre em busca de uma hotelaria que realmente tenha uma infraestrutura fantástica, quartos maravilhosos, concierges, spas. Recomendamos os restaurantes que figuram no guia Michelin, fazemos uma verdadeira consultoria de viagem, em todos os sentidos. Nossa clientela é sofisticada”, diz.

 

Destinos como Taiti, Ilhas Maldivas, Ilhas Maurício, África do Sul, Costa Amalfitânia, e as ilhas gregas são alguns dos locais que ele costuma recomendar para seus clientes. A Ásia é outro destino muito procurado pela clientela top da empresa, que já conhece bem a Europa. “Na Ásia, há hotéis com um luxo inimaginável”.

 

Uma vez por ano, a Estação de Turismo leva dois grupos a Nova York e à Disney, um roteiro que já é tradição na empresa. “Com o dólar mais baixo, o número de passageiros triplicou e a nova classe está conseguindo fazer esses passeios, e certamente isso é muito importante para nós. Antes o público era muito menor; com o aumento desse movimento, nós temos de nos estruturar, em todos os sentidos, para atender a essa demanda e a essa nova geração de viajantes, que possui um perfil muito diferente”.

 

 

 

A formação técnica em matemática conduziu Edgar Toledo para o departamento de informática da CVC, há cerca de 20 anos, em São Paulo. Encantado com a área de comercialização, ele resolveu pedir transferência para o setor de vendas. Começou a trabalhar nas lojas, vendia pacotes, foi crescendo dentro da CVC até que, em 2001, abraçou a oportunidade que a empresa ofereceu para funcionários, tornando-se franqueado. Assumiu duas franquias na capital mineira.

 

A empresa, que existia desde 1993, estava expandindo seus negócios e crescendo vertiginosamente, e Edgar participou desse boom. Hoje, sob a jurisdição dele são 56 lojas da CVC em Minas, enquanto em todo o país a marca já soma 700 lojas e é a maior operadora da América Latina. “A CVC nasceu preocupada com a classe C, na década de 70. Foi fundada no Grande ABC, em São Paulo, e seu fundador vendia os pacotes, todos rodoviários, nas portas das fábricas, oferecendo pagamento em várias prestações”, conta.

 

Depois surgiram os fretamentos de voos, os roteiros foram se diversificando, as fronteiras se expandindo. “Hoje temos todos os produtos na prateleira – Europa, Dubai, África do Sul – e os roteiros podem ser montados para cada cliente. Atuamos muito dentro do Brasil, mas chegamos a ter até 40% do volume de vendas para destinos internacionais. No ano passado, a CVC embarcou quase 3 milhões de passageiros, cerca de 40% para o exterior. Por causa do dólar baixo, as viagens para fora do país democratizaram muito, e com isso crescemos cerca de 40% a cada ano”, diz. Edgar já vendeu muito pacote para clientes, mas conta que sua rotina já não permite isso. “Vivenciamos muitas histórias no atendimento ao público. Certa vez, uma cliente comprou um pacote para Porto Seguro, recebeu o voucher e, no dia da viagem, apareceu na loja com malas, marido, filho penteadinho. Nossa vendedora se desesperou, mobilizou todo mundo e a família conseguiu chegar no aeroporto a tempo. Isso nos fez pensar sobre a necessidade de mudar o atendimento: havia informações que a gente não imaginava que seria necessário transmitir. Aprendemos muito com episódios como esse”.

 

 

 

“Tenho fascínio pela aventura, pelo exótico, pelo desconhecido”, declara Flávio Géo, diretor da Visa Turismo. Foi essa curiosidade pelo estrangeiro que o guiou até o mercado de turismo. “Ainda criança, comecei a viajar para o exterior; a primeira viagem, aos 8 anos de idade, foi para os Estados Unidos. Uma prima tinha agência de turismo e, por isso, minha mãe pedia para eu ir até lá montar os roteiros paras as nossas viagens em família. E eu sempre buscava destinos exóticos. Com 14 anos, montei um roteiro para o interior do Egito. Naturalmente, as coisas foram se encaixando, até que resolvi me tornar consultor de turismo”, conta.

 

A Visa Turismo, agência de viagens que existia desde 1979, foi então comprada por Flávio em 1996, para que o prazer de viajar e de criar roteiros se tornasse também um negócio. O fato de gostar de idiomas foi um grande incentivador. “Falo cinco idiomas e isso me ajudou muito a compreender as nuances de diferentes culturas”, destaca. A Visa Turismo tem um departamento voltado para o setor corporativo, um outro que organiza eventos e congressos, e um setor que organiza grupos de viagens a lazer.

 

Flávio Géo não fica apenas nos bastidores: sempre integra as viagens de lazer que organiza para os dois grandes públicos da agência: o jovem e o mais sofisticado, interessado em viagens que primem pelo luxo. Para os jovens, organiza também viagens com objetivos educacionais, em parceria com a empresa Greenwich.

 

Para o público de luxo, esmera na organização de roteiros exclusivos, como a viagem à rota da seda, na China e na Mongólia; viagens em barcos por rios franceses; roteiros que mesclam arte, vinho e gastronomia, pela região da Toscana, na Itália, entre inúmeras outras que ele elabora, pelos vários rincões do mundo. “Nossa filosofia é trabalhar com todos os cinco sentidos, e também com o que chamo de sexto sentido, o sonho. Queremos proporcionar, nas viagens, uma imersão na vida de uma determinada região, além de permitir que se conheça e se vivencie profundamente aquela cultura”.

 

 

 

Um jovem sai de Portugal para não fazer o serviço militar. “Seriam quatro anos servindo e eu teria de ir para as antigas colônias portuguesas, como Angola e Moçambique, que estavam em plena guerra”. Fernando Dias tinha cerca de 17 anos quando fugiu de Portugal. Rodou algum tempo pela Europa até que, em 1972, resolveu conhecer o novo mundo e chegou ao Brasil, mais especificamente a Belo Horizonte; precisava trabalhar. “Eu sabia falar alguns idiomas, conhecia os países da Europa. Então, comecei a atuar numa agência de viagens”, lembra.

 

Foram vários anos viajando, levando grupos para o exterior, até que em 1987 ele percebeu que era hora de abrir a sua própria agência, e então nasceu a Master Turismo. “Éramos três sócios, que depois deixaram a sociedade, e então fiquei só eu. Começamos pequenos, mas hoje a Master possui 16 unidades, presentes em Minas, Rio, Brasília e Portugal, com um total de mais de 300 funcionários e uma liderança reconhecida no estado. O volume de negócios este ano deve alcançar R$ 300 milhões”.

 

A Master atende a todos os nichos de mercado, com clientes de todas as classes sociais. “Cada viagem continua sendo um sonho e, sabendo que nossos negócios passam por diversas mãos, tentamos nos cercar para que tudo seja realizado da melhor maneira”, diz. A agência tem forte identificação com o velho mundo, a Europa, mas tem levado inúmeros turistas para todo canto, principalmente América do Sul, Caribe e EUA. Ásia e África são destinos também muito procurados “Temos alguns produtos especiais, como os roteiros de hospedagem em castelos franceses e em grandes palácios, que a Master representa para Minas e o Brasil inteiro. E fazemos viagens específicas para grupos de pessoas, produtos que não existem no mercado brasileiro, extremamente diferenciados”, conta. “O mundo é muito grande, muito extenso, e sempre há novos lugares a serem descobertos”.

 

 

 

Há pouco mais de três anos, Daniel Toledo assumiu um grande desafio: dirigir a representação da Tam Viagens em Minas, com apenas 22 anos de idade. O pai dele, Sérgio Toledo, que era representante da empresa no estado desde 2001, havia falecido. Daniel, nascido em Foz do Iguaçu, mas morando em Belo Horizonte desde 1998, atuava no mercado de turismo há pouco mais de três anos na época. “Comecei trabalhando na Tam Linhas Aéreas, na área de reservas, atendendo agências de viagens; depois fui trabalhar na Tam Viagens, na área operacional, até o falecimento do meu pai”, conta.

 

Hoje, Daniel está à frente de três das seis lojas da Tam Viagens existentes na capital mineira, e tem encarado com coragem e determinação o destino. “Procuro não ficar somente nos bastidores da empresa, saio o máximo que posso para sentir a real necessidade do mercado. Infelizmente, não consigo acompanhar os grupos por causa da disponibilidade de tempo, e os roteiros são desenvolvidos pelos funcionários. Preocupo-me e me ocupo mais em deixar a equipe preparada para atender o cliente da melhor maneira possível”, diz. Daniel conta que a Tam Viagens surgiu em 2001 para atender os clientes com pacotes turísticos. “Oferecemos uma enorme gama de roteiros, desde um simples final de semana no Rio de Janeiro até uma grande viagem internacional.

 

Os carros-chefe são os destinos que a empresa opera, mas fazemos outros roteiros internacionais. A facilidade de pousar direto em Orlando e o fato de sermos a operadora oficial deste destino tornou-o um dos mais vendidos”, diz. “Temos ainda o pacote Mastercard, superacessível a qualquer classe econômica; pacotes GLS; pacotes GranLuxo, na qual o passageiro pode fazer seu traslado de jatinho particular; e fretamentos na alta temporada”. Os negócios na capital mineira estão indo de vento em popa. “Depois do mercado de São Paulo, o de Belo Horizonte é o mais representativo em número de vendas”. “Tudo me atrai nessa atividade: carregar o nome Tam, lidar com as pessoas e os sonhos delas e saber que, independentemente da condição financeira, hoje qualquer um pode viajar de avião e desfrutar de uma viagem”.

 

 

 

O destino de Frederico Mendes Ribeiro era ser militar, como o pai e o avô dele. Nascido em São João del-Rei, Frederico, aos 15 anos de idade, viajou para São Paulo a fim de fazer um exame e ingressar na carreira militar. “O dono do hotel se esqueceu de mandar me chamarem na manhã do dia da prova, e com isso perdi o exame. O Brasil perdeu um grande general”, brinca. Mas o turismo ganhou um nome de destaque, respeitado e reconhecido pelos vários agentes que atuam em Minas. E Frederico ganhou a oportunidade de conhecer o mundo.

 

Depois de alguns trabalhos, já morando em Belo Horizonte, Frederico foi tripulante da Panair do Brasil, representante da Pan American Airways em Minas e diretor executivo da Pantour Pampulha Turismo. Depois de acumular experiência trabalhando para outras agências, resolveu abrir a própria agência de viagens, a Unitour, em 1965, hoje uma das mais antigas empresas de turismo da cidade, e que já foi também uma das maiores da capital mineira. “É uma das mais tradicionais agências de Belo Horizonte. Trabalhamos com muita seriedade, o que não considero uma vantagem, e sim uma condição fundamental”, diz.

 

A Unitour proporciona viagens para todos os destinos, gostos e bolsos. Lugares como Caribe, Chile, Miami, Orlando e as diversas estações de esqui são hoje alguns dos focos do trabalho da Unitour, ao lado do clássico destino que é a Europa. A empresa tem exclusividade de representação, em Minas, da Eurailpass, passe que permite viajar de trem por vários países da Europa. Frederico está na linha de frente da empresa, ao lado da esposa, Eloá. “Quando o escritório da Unitour fecha, todas as ligações passam a cair na minha casa – sábados, domingos, feriados, à noite. Acho que o atendimento não pode ter limite, por isso atendemos 24 horas por dia, todos os dias da semana. Quem liga fora do expediente geralmente é porque está com um problema, então faço questão de atender a todas essas ligações e encaminhá-las para quem pode encontrar a solução”. Depois de muito rodar o mundo, Frederico tem até dificuldades de indicar seu lugar predileto no exterior. “O mundo tem muita coisa linda para ser vista”.

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