Revista Encontro

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Para quem tem sangue frio

Tereza Rodrigues
None - Foto: EugĂȘnio Gurgel

A menos que você tenha estado em Marte ou algum planeta próximo nos últimos dois meses, sabe que a economia mundial passa por um período difícil: as maiores economias – Estados Unidos à frente – estão patinando, incapazes de gerar crescimento. As bolsas e demais aplicações financeiras despencaram. As três perguntas que interessam ao brasileiro são: a crise lá fora vai chegar de forma intensa aqui? E quem tem dinheiro aplicado – e certamente perdeu parte relevante dele nos últimos meses –, o que deve fazer? E quem tem algum guardado e quer investi-lo?

 

A primeira pergunta é de resposta mais difícil. Mesmo um prêmio Nobel de economia é incapaz de assegurar a extensão da atual crise. Certo, hoje, é afirmar que ela ainda não chegou de forma firme ao Brasil. “As perspectivas do país são muito boas. Por mais que o governo tente conter o consumo, a economia continua em alta”, resume o diretor da Mercantil do Brasil Corretora de Valores, Roberto Assumpção. “Mesmo que a crise lá fora afete as empresas brasileiras maiores, o mercado interno ainda está compensando.”

 

 

 

Se causar estragos por aqui, será para mais adiante, dependendo basicamente da duração da crise nas economias centrais.

“O Brasil vende produtos básicos, como agrícolas, aço e petróleo”, diz Mário Pereira, diretor comercial da Um Investimentos Corretora de Valores. “Empresas estrangeiras com contratos com grupos como Usiminas, Petrobras e Vale, na falta de dinheiro, suspendem as compras.”

 

 
Paulo Vieira, professor de finanças: “A melhor aplicação na crise é a que permite a você pôr a cabeça no travesseiro e dormir”
 

Mas, e no campo financeiro? A dica mais preciosa, segundo os especialistas, é manter o sangue frio. Ter calma para não sair comprando papéis de forma precipitada (aproveitando que eles estão relativamente baratos) ou para não se desesperar e vender ativos que perderam valor.

 

Mário Pereira, diretor comercial da Um Investimentos Corretora de Valores: “As ações se desvalorizam, mas o mundo não vai acabar”
 

 

“Num momento como o atual, a melhor aplicação é a que permite a você pôr a cabeça no travesseiro e dormir”, afirma o professor de finanças da Novos Horizontes, Paulo Vieira, com a experiência de décadas atuando como analista do Banco do Brasil. A postura defensiva é recomendada nessa hora. Significa, por exemplo, apostar em papéis de empresas mais tradicionais e de grande impacto na Bolsa, de preferência concessionários de serviços públicos – Cemig e Copasa, por exemplo, que atuam em serviços de consumo essencial e, por isso mesmo, são menos sensíveis aos períodos de contenção de consumo.

 

 
 

 

Para quem já aplica em ações, jogar na retranca é ainda mais recomendável. “A bolsa não é recomendada para curto prazo”, diz o economista Lucas Radd, da WG Finanças Pessoais. “O melhor é investir pensando em retorno no médio e longo prazos.”

 

É como resume Pereira, da Um Corretora: “As ações se desvalorizam, pois a bolsa é um investimento patrimonial, mas o mundo não vai acabar”, afirma. “Nada de pânico nem desespero; empresas como Petrobras, Vale, e siderúrgicas em geral, passam por ajustes nas ações, mas vão continuar operando.”

 

Como se vê, o momento pede, sim, jogar na defensiva. Mas isso está longe de jogar pelo empate. Só não vai dar para golear em tempos de crise...

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