Revista Encontro

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O vigia de São Pedro

João Paulo Martins
None - Foto: Maíra Vieira

A primavera representa muito mais que a estação das flores: é o início do período chuvoso em Belo Horizonte. Sua chegada, este ano, foi logo avassaladora. Na segunda semana de outubro, na região metropolitana da capital, após 115 dias de seca, um temporal deixou cerca de 100 mil pessoas sem luz. Alívio para a natureza e um problema para a Cemig. Mas, para que situações como essa possam ser previstas, a empresa inaugura no final deste mês seu radar meteorológico, o primeiro a ser instalado em Minas Gerais.

 

Importado da Finlândia, o equipamento foi implantado no Morro do Elefante, em Mateus Leme, região metropolitana de Belo Horizonte, e é capaz de realizar estimativas meteorológicas precisas, incluindo quantidade de chuva, com seis horas de antecedência, num raio de 200 km. É possível também fazer previsões para área de até 450 km, mas com menor precisão. “Ele ajuda a reduzir efeitos de enchente, principalmente em reservatórios ao alcance do radar. Além disso, a rede de distribuição sofre muito impacto com as tempestades.

Se temos capacidade de prever esse evento, poderemos alocar mais adequadamente as equipes para os pontos que devem sofrer mais problemas”, diz Marcelo de Deus Melo, gerente de recursos energéticos da Cemig.

 

Para se ter uma ideia, no primeiro temporal da estação o volume pluviométrico na região metropolitana chegou a 15 mm, o que representou 10% de toda a chuva que se esperava para outubro. Isso poderia ter sido previsto através do radar meteorológico, que fica em cima de um prédio de cinco andares, já que, por ser o modelo mais avançado do país, utiliza um sinal bipolar que permite leitura volumétrica das gotículas de água das nuvens, ou seja, da quantidade de chuva que pode cair.

 

 

 

Apesar de ter sido construído pela Cemig a um custo de R$ 10,5 milhões, o equipamento será operado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). “A operação do radar trará maior conhecimento das necessidades, viabilidades e estratégias que servirão de base para aplicação nos demais radares que futuramente possam ser adquiridos para complementar a rede proposta para o estado”, explica Wanderlene Ferreira Nacif, gerente de monitoramento hidrometeorológico. O instituto, que já possui serviço de previsão do tempo, poderá realizar um trabalho mais eficiente, já que será possível localizar a precipitação, calcular seu deslocamento e estimar seu tipo (chuva ou granizo).

 

Além da importância de se saber a quantidade de chuva, o equipamento vai ajudar também nos trabalhos das defesas civis estadual e municipal, ao permitir que sejam evitados acidentes causados por deslizamentos de terra. De acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), a capital possui 6.816 edificações construídas em áreas de risco, e saber quando, onde e quanto irá chover é essencial para a retirada das famílias em tempo hábil.

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