Revista Encontro

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Emerson de Almeida

Daniele Hostalácio e André Lamounier
Professor Emerson de Almeida, na sede do Alphaville: “Um líder tem de saber a hora de sair" - Foto: Cláudio Cunha

Aos 17 anos de idade, Emerson de Almeida era office boy e encarregado de servir o café e fazer a limpeza do escritório onde trabalhava. Chegava mais cedo no trabalho, para ter tempo de se sentar em frente a uma máquina de escrever e, ali, começar a sonhar. Escrevia que criaria uma fábrica de barcos e navios, singraria os mares com a bandeira do Brasil. “Sempre pensei grande”, afirma. Alguns anos mais tarde, ele criaria a Fundação Dom Cabral (FDC).

 

O negócio começou pequeno. Eram duas salas, meia dúzia de pessoas, poucos recursos. “Além disso, estávamos longe dos principais mercados – Rio de Janeiro e São Paulo. O que seria exatamente aquele negócio, eu não sabia.

Meu encanto era fazer algo que fosse relevante, como eu imaginava fazer quando tinha 17 anos”, diz.

 

Em 2011, Emerson de Almeida pode comemorar: a FDC completou 35 anos de vida e teve o mérito de ter sido classificada a quinta melhor escola de negócios do mundo pelo ranking 2011 de Educação Executiva, do jornal inglês Financial Times. É, portanto, uma escola respeitada em todo o país – e fora dele. Tem como cliente parcela significativa das principais empresas brasileiras.

 

O título do jornal foi apenas o coroamento de uma vida de trabalho que começou cedo. Nascido em Mateus Leme (MG), Emerson se mudou para Belo Horizonte aos 8 anos de idade. “Meu pai montou uma barraca na feira dos produtores, nos arredores do rio Arrudas, em BH. Aos 10 anos de idade, eu levava marmita para ele todos os dias; quando chegava lá, ele me pegava para ajudá-lo”, lembra.

 

Emerson formou-se em jornalismo. Foi repórter, trabalhou na então Universidade Católica, hoje PUC-Minas, viveu por dois anos em Paris, até que, na volta ao Brasil, ajudou na criação de um centro de extensão da universidade. “Por volta de 1975, época do milagre econômico, oferecíamos 30 vagas para nossos cursos, alguns deles de gestão, e apareciam 100 interessados. Nasceu então a ideia de construir algo mais especializado”, diz. Surgiu a FDC.

 

Em 2011, enquanto comemorava o reconhecimento alcançando pela Fundação, ele se preparava para deixar a presidência da escola. A partir de abril de 2012, o bastão estará nas mãos de um sucessor. “Um líder tem de saber a hora de entregar o posto”, afirma. Ele vai continuar na FDC, mas em função mais institucional, como presidente da diretoria estatutária.

“Deixo a presidência executiva com uma sensação maravilhosa de missão cumprida. Tenho vitalidade, outros sonhos e ainda vou fazer muita coisa”, afirma. “Agora, é hora de sangue novo. Para se criar o futuro, é preciso renovação”.

 

Entre os projetos futuros de Emerson está a criação de um instituto cultural e ecológico em Jaboticatubas, já em fase de implantação. Para deleite pessoal, também está investindo no desenvolvimento de seu próprio vinho, em terras que tem em Mendoza, na Argentina, no sopé da cordilheira dos Andes. Ele já decidiu o nome do rótulo: “Gracias a la Vida”. Mais uma lição do professor: um líder tem de ter gratidão pelo que recebeu ao longo da vida. Muchas gracias, Emerson.Aos 17 anos de idade, Emerson de Almeida era office boy e encarregado de servir o café e fazer a limpeza do escritório onde trabalhava. Chegava mais cedo no trabalho, para ter tempo de se sentar em frente a uma máquina de escrever e, ali, começar a sonhar. Escrevia que criaria uma fábrica de barcos e navios, singraria os mares com a bandeira do Brasil.

“Sempre pensei grande”, afirma. Alguns anos mais tarde, ele criaria a Fundação Dom Cabral (FDC).

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