Revista Encontro

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O cerco se fecha de vez

Blima Bracher
None - Foto: EugĂȘnio Gurgel

Sabe aquela pausa rápida para o cigarrinho no meio do expediente, ou entre uma compra e outra no shopping? Se você é fumante, esqueça. Uma nova lei federal decretou o fim dos conhecidos fumódromos. Para quem não resiste à tentação, isso significa ter de ir para alguma varanda ou espaço aberto e, na falta de alternativas, para a calçada ou rua mais próxima, a exemplo do que já acontece por força de leis estaduais no Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas e Paraná.

 

A nova lei federal foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, vetando o consumo de cigarros, charutos, cachimbos e outros produtos derivados do tabaco em ambientes públicos fechados, mesmo aqueles equipados com exaustores e tecnologia antifumaça. Para entrar em vigor, a nova legislação depende ainda de regulamentação, mas é certo que vai atingir diretamente bares, restaurantes, shoppings centers, condomínios, escolas, universidades, ambientes de trabalho, hotéis e outros locais de circulação coletiva fechados, sejam públicos ou privados.

 

A seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, a Abrasel, teme a queda de movimento em estabelecimentos que não tenham espaços abertos. O presidente regional da entidade, Ferrnando Júnior, lembra que muitos comerciantes investiram alto em tecnologia de exaustão e antifumaça. “O fumante vai, naturalmente, procurar um local onde possa usar o cigarro. Isso gera uma demanda enorme por varandas e espaços abertos. Aí, criamos outro problema: o de barulho e reclamação de moradores vizinhos”, diz.

 

O empresário Alexei Vilarini criou varanda para fumantes: "Eles são parcela grande de nossos clientes e não podemos deixar de atendê-los"
 

 

Mas como lei é lei, pensando nos interesses dos clientes alguns comerciantes se adiantaram, construindo espaços abertos.

Alexei Vallerini, dono da Almanaque Choperia e Espaço Gourmet, instalada no Minas Shopping, construiu, há mais de um ano, área externa e aberta com 80 lugares: “Os fumantes são uma parcela grande de nossos clientes e não podemos deixar de atendê-los. Como queremos que todos se sintam bem na nossa casa, optamos por criar um espaço especial para eles e que, principalmente, não incomodasse a quem não fuma”, diz Alexei.

 

O jeito será mesmo se adaptar para não perder uma parcela significativa da clientela, já que, de acordo com o Ministério da Saúde, só em Belo Horizonte 17% das pessoas com mais de 18 anos são fumantes. A nova legislação também veta totalmente a propaganda de cigarros, sendo liberada apenas a exposição dos maços em locais de venda. Já as advertências aos fumantes terão de ser reforçadas pelos fabricantes. Tudo com a intenção de reduzir o uso do fumo e, consequentemente, os danos causados por ele. De acordo como o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o cigarro tem mais de 4,7 mil substâncias químicas e é capaz de causar pelo menos 50 doenças.

 

 
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