O jogo de inauguração já foi definido: segundo a Federação Mineira de Futebol (FMF), o América será o anfitrião da festa. O novo Independência abrirá suas portas aos torcedores mineiros na segunda quinzena de março. O Coelho deve estrear o estádio em uma partida do Campeonato Mineiro contra um adversário do interior.
Nas cadeiras, Afonso Celso Raso, um dos membros do Conselho Administrativo do América, acompanhará, pela segunda vez, a inauguração do estádio. Em 25 de junho de 1950, aos 17 anos e ao lado do irmão mais velho, Pedro Raso, o dirigente assistiu ao primeiro jogo no Horto: a vitória da Iugoslávia sobre a Suíça por 3 a 0, ainda na primeira fase da primeira Copa do Mundo realizada no Brasil.“Vi os três jogos daquela Copa. O que mais me marcou foi a vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra. Aquela ainda é a maior zebra de todos os mundiais”, recorda-se Raso. O outro jogo de 1950 disputado no estádio foi a goleada do Uruguai por 8 a 0 sobre a Bolívia. “Esse jogo só se tornou marcante porque, depois, a Celeste Olímpica bateu o Brasil na final, em outra zebra”, diz.
Afonso Celso Raso, do Conselho Administrativo do América: ele vai acmpanhar pela segunda vez a inauguração do estádio; a primeira foi na Copa do Mundo do Brasil, em 1950, aos 17 anos |
Quase 62 anos depois, o mundial de futebol volta ao Brasil e bate às portas do Independência.
O governo do estado, com um auxílio de R$ 30 milhões do governo federal, investiu R$ 130 milhões no novo Independência, para atender às demandas do futebol contemporâneo. As pessoas não assistem às partidas em pé, como em 1950; por isso, o novo estádio receberá, no máximo, 25 mil torcedores, todos sentados. O Estatuto do Torcedor, sancionado em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez com que a paixão pelo futebol se encontrasse com o direito dos consumidores. “O Independência é um estádio feito respeitando o estatuto e também as regulamentações da Fifa, o que nos permite receber jogos internacionais”, diz Sérgio Barroso, secretário extraordinário da Copa.
A intenção da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa-MG) era de abrir o estádio com um jogo da seleção brasileira. No entanto, os conflitos na agenda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afastaram essa possibilidade. “Mas o Brasil ainda vai jogar no Independência. Estamos em negociação e, possivelmente, a seleção pré-olímpica faça algum jogo preparatório para Londres aqui”, completa Barroso, referindo-se à preparação para as Olimpíadas este ano, na Inglaterra.
Inaugurado em 1950, o estádio do Independência foi palco de importantes jogos da Copa e clássicos do campeonato mineiro |
Sem a seleção brasileira e sem Atlético e Cruzeiro, a inauguração terá um público mais modesto, acredita o secretário. Mas, nisso, ele vê uma questão positiva: “Será possível testar melhor os equipamentos dos estádios, e também a forma como chegar até ele. Será um bom teste para os grandes jogos que o estádio ainda receberá”, destaca Barroso. A principal preocupação é com a forma como os torcedores chegarão ao novo Independência.
Tanto que, em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte e a BHTrans, Barroso pretende lançar o projeto “Independência a Pé” para incentivar os torcedores a deixarem seus carros na garagem e utilizarem o transporte público. “Trabalhamos com quatro alternativas para chegar ao Independência: a população do Horto chegará a pé, e há também o metrô, os ônibus e os carros.
O secretário de Transportes e Obras Públicas (Setop), Carlos Melles, acredita que, para um futuro próximo, a chegada ao Independência será ainda melhor. “Se tudo der certo, até 2014, a linha de metrô que atende à região do Independência terá sua capacidade aumentada de 200 mil pessoas por dia para 600 mil. Isso seria um grande auxílio”, diz.
O estádio reformado terá capacidade para 25 mil torcedores: todos sentados, como determina o Estatuto do Torcedor |
Com o fechamento do Mineirão, o novo Independência aparece também como único espaço para megaeventos em Belo Horizonte. Barroso explica que, mesmo antes de concluído, a sua secretaria já recebe muitas ligações sobre a disponibilidade do local para shows de música, para encontros religiosos e eventos empresariais. Barroso deixa isso nas mãos do Consórcio Arena Independência, que administra o estádio.
O valor mínimo a ser pago pelo consórcio Arena Independência ao governo será 10,58% da receita bruta, o que equivale a R$ 2,4 milhões ao ano. Mas o governo poderá receber mais do consórcio. Se a receita bruta do Independência for maior que R$ 22,7 milhões ao ano, o governo receberá 10,58% de cada real que passar deste patamar. O consórcio terá direito a explorar o estádio por 10 anos.