Revista Encontro

None

Retratos da cidade

Simone Dutra
None - Foto: Eugênio Gurgel, Júnia Garrido

 Museu da Segunda Guerra Mundial

 

A história dos brasileiros que lutaram ao lado dos italianos durante a Segunda Guerra Mundial ficou guardada durante anos apenas na memória dos ex-combatentes. Para os 2.947 soldados mineiros que foram à guerra, o reconhecimento só veio em 1973, quando foi criando o Museu das Forças Expedicionárias (FEB), no porão de um prédio na avenida Augusto de Lima, esquina com rua da Bahia, no centro de BH. Em 1986, o prefeito Sérgio Ferrara desativou o local e o transferiu para um casarão na avenida Francisco Sales, 199, Floresta, atual endereço. Tombado pelo patrimônio municipal, o museu (foto) acabou de passar por uma reforma e foi reaberto ao público. São mais de 850 itens expostos, entre fotografias, jornais, fardamento, armas e utensílios usados pelo exército brasileiro. O tenente Geraldo Campos Taitson (foto), 91 anos, foi convocado em 1944 e estava entre os mais de 25 mil brasileiros mandados à Itália. Passou por treinamentos severos, recebeu equipamentos de guerrilha e, em 1945, voltou vitorioso de lá, mas sem nenhum reconhecimento de seu país, ou melhor, do presidente Getúlio Vargas. “Hoje a história é diferente, pois quando um general passa por mim, bate continência.

Sinto-me honrado por isso”, diz Taitson. O museu funciona de segunda a sexta, das 13h às 17h, e sábado e domingo, das 10h às 13h.

 

 

 

Desafogando o trânsito

 

Quem passa com frequência pelo cruzamento da avenida Abrahão Caram com Antônio Carlos está rindo à toa. Acaba de ser inaugurado um novo complexo no bairro São Luiz, com uma trincheira e dois viadutos. Ele recebeu o nome do ex-vice-presidente José Alencar, que morreu em 2011. O novo acesso faz parte das obras de preparação para a Copa de 2014 e tem como objetivo trazer menos dor de cabeça aos moradores da região, estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aos torcedores de futebol, quando o novo Mineirão estiver pronto. A obra, que teve início em junho de 2010, custou R$ 34,5 milhões. A intenção, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, é beneficiar mais de 650 mil pessoas.

 

 

 

O pé de tênis

 

Sapatos não nascem em árvore, mas na rua Botucatu, no Nova Floresta, eles parecem brotar dos galhos. São tênis, sapatos e botas que chamam a atenção de quem passa pela rua. Conta a lenda que a história começou há três anos, quando moradores próximos à árvore assistiram a um filme de terror em que a mocinha corria do bandido, atirava seu tênis numa árvore e logo era assassinada. A partir daí começou a diversão. Alguém teve a ideia e jogou na árvore alguns pares velhos. Outras pessoas também gostaram da ideia e fizeram a mesma coisa. Agora, a f é a atração da rua.

Tem gente que pensa até que ela é mágica, e, ao arremessarem os sapatos, fazem pedidos. A balconista Eva Ribeiro Pinto estava lá no dia em que a brincadeira começou. Segundo ela, hoje são aproximadamente 50 pares. “Mas já teve muito mais. A prefeitura veio fazer a poda da árvore e retirou alguns calçados”, conta.

 

 

 

A maior rua de BH

 

Existem, na capital mineira, avenidas longas, com muitos quilômetros de extensão, como a Cristiano Machado, Presidente Antônio Carlos, Amazonas, Afonso Pena, do Contorno, entre outras. Mas todas elas perdem o posto de via mais longa da cidade para a Jacuí. A rua passa pelos bairros Floresta, da Graça, Concórdia, Nova Floresta, Renascença e Ipiranga. Começa na rua Pouso Alegre, na Floresta, e termina na avenida Cristiano Machado, perto do Minas Shopping, no Ipiranga. Com 4.172 metros de extensão, a Jacuí era conhecida nos anos 1920 como caminho da roça. O barbeiro Moacir de Vargas Coutinho, 85 anos, assistia à boiada descer a rua, em direção a um matadouro que existia nas imediações da Cristiano Machado, enquanto cortava o cabelo dos fregueses na mesma barbearia que abriu em 1948 e que, até hoje, comanda, no bairro da Floresta.

Moacir é o comerciante mais antigo dali ‒ afinal, são mais de seis décadas na mesma região. “Aqui, quase não passavam carros e as crianças até brincavam na rua”, lembra Moacir, que recorda ainda da antiga linha de bonde chamada Renascença, que cruzava a rua e terminava na Cidade de Ozanam.

.