Revista Encontro

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Um toque de ousadia

Guilherme Torres
None - Foto: Jomar Bragança/divulgação, Gustavo Xavier/divulgação, Denilson Machado/divulgação, Divulgação

Banho de criatividade

 

Sem medo de água, o banheiro executado pelo designer de interiores Luciano Costa tem as paredes e pisos em cimento queimado. O revestimento é de alta aderência, aplicado com uma desempenadeira de aço, e foi utilizado em pisos e paredes, neste caso. “O resultado é um ambiente econômico, criativo e sustentável”, diz Luciano

 

 

Técnica usada por décadas como substituição barata para cerâmicas e pisos em madeira, o cimento natado, popularmente conhecido como cimento queimado, ficou por anos desaparecido. Hoje, essa antiga argamassa de cimento e areia misturada com pó de cimento ganhou variações no mercado ‒ praticamente uma evolução ‒ e é encontrada como tecnocimento e cimento polimérico. É um dos atuais queridinhos entre os revestimentos e tem pipocado nos modernos projetos de arquitetos e designers de interiores. Tudo para agradar a quem procura uma opção clean, versátil e bonita, e ideal quando o desejo é dar um toque de ousadia no lar.

 

O tecnocimento é um revestimento de alta aderência, aplicado com desempenadeira de aço, como uma massa corrida. O preço médio do mercado varia de R$ 70 o m², para pisos, a R$ 40 o m², para paredes e teto. Já o polimérico é composto de argamassa colorida, adesivo e verniz para impermeabilização superficial, mantendo a característica das manchas naturais do cimentado e tem custo um pouco mais elevado do que o primeiro.

 

Essa cobertura, que antigamente não extrapolava o piso das cozinhas e pequenas aplicações em bancadas, colunas e áreas da casa menos favorecidas, ganhou tecnologia na composição e se alastrou com estilo para as paredes e até o teto de quartos, banheiros, salas e fachadas, transformando o rústico cimentado em um ambiente sofisticado.

“Não vejo pontos negativos para o uso desse revestimento, apenas o fato de não aceitar retoques, uma vez que a região recuperada fica manchada. Os pontos positivos são muitos, como a velocidade de secagem e aplicação, durabilidade e resistência (não favorecimento de trincas, por exemplo), o preço, possibilidades variadas de uso ‒ desde ambientes muito sofisticados até ambientes mais simples”, resume o arquiteto e designer Cioli Stancioli, um dos maiores adeptos do revestimento no Brasil, desde quando descobriu o produto, há quatro anos.

 

Além da usual cor natural da massa, cinza, que combina bem com todos ambientes e decoração, hoje pode ser encontrado em diversas colorações prontas, sem precisar mais ser feita através de pó colorante colocado à parte, misturado ao cimento queimado ‒ o que ocasionava aparecimento de manchas e variações de cor.

 

O arquiteto David Guerra também aprova o revestimento e confirma a tendência da eliminação das juntas, que traz um ambiente uniforme, além de ser mais fácil de manter no dia a dia e fugir do efeito da pintura padrão. “Penso que esse tipo de revestimento tira o aspecto de ‘serviço’ e traz um ar de menos informação, além de facilitar a limpeza”, diz.

 

Por causa da característica rústica, David sugere contrapor a aplicação com elementos que remetam à tecnologia e modernidade, como pastilhas mais luxuosas, rodapé de alumínio, entre outros detalhes. “Um dos problemas que há no tecnocimento são os acabamentos como quinas e bordas. Para lugares com água constante, como chuveiro/box, pode haver restrições; mas sendo bem aplicado, penso que pode-se usar esse revestimento em qualquer ambiente”, explica o arquiteto.

 

 

Cor e aconchego

 

No projeto da suíte máster com piso em tecnocimento, o arquiteto David Guerra ousou na cor. Escolheu um vermelho intenso para compor com o branco. “Suas manchas dão ideia de textura e humanizam o revestimento, tornando o ambiente mais acolhedor e aconchegante. Para dar um toque de sofisticação, o uso de pastilhas ou rodapé de alumínio é uma boa pedida”, diz Guerra

 
 

Prático e chique

 

Indo além de banheiros e cozinhas, o cimento polimérico ganhou também o aconchego dos quartos. No projeto do arquiteto Guilherme Torres para a casa de um jovem executivo solteiro, o revestimento foi aplicado nas paredes. Na cor cinza, permite que o arquiteto ouse mais nas misturas das cores e nos objetos de decoração

 
 

Do chão ao teto

 

Na sala projetada para um jovem empresário e DJ, o conceito contemporâneo do arquiteto Guilherme Torres foi montar uma caixa na qual a iluminação e o revestimento criassem um efeito tridimensional, como um clube noturno. As paredes, piso e teto foram executados em gesso acartonado, posteriormente revestidos com cimento polimérico

 
 

Cimento é luxo

 

No projeto desta loja de móveis de luxo, o arquiteto Cioli Cassius Stancioli aproveitou a parede livre, de pé direito duplo, do local para ousar com o tecnocimento. “Os resultados com a técnica destacam o mobiliário e tem contraste de texturas entre esta pintura e a convencional, gerando ambientes contemporâneos e arrojados”, explica Stancioli

 
 

Cozinha repaginada

 

Em contraponto ao brilho dos armários e das bancadas em corian, o tecnocimento na cor “natural” foi usado nas paredes da cozinha. Além da praticidade na limpeza e a ausência das juntas, que acumula gordura, a tonalidade do cimento deu um charme especial, mesclado aos utensílios em inox e alumínio.

“Pode ser aplicado sobre a maioria dos revestimentos pré-existentes, evita quebradeira e agiliza significativamente a obra”, diz a decoradora Camila Guerra

 
 
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