Em um casarão do século XVIII, na parte central de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, a arte ganha forma e transforma a vida de muita gente. "Hoje, sou outra pessoa. A minha vida mudou completamente", diz a dona de casa Ivânia Aparecida Oliveira, 52 anos, que há dois ganhou outro ofício: o de escultora. Ela é uma das alunas da Casa Aristides Atelier de Artes de Ofícios, escola que oferece pelo menos 15 cursos gratuitos e profissionalizantes. O projeto da prefeitura novalimense agora está reforçado pela Usiminas, um apoio que vai facilitar e impulsionar a compra de equipamentos e de materiais importantes para os cursos ministrados no casarão, que fica na praça Coronel Aristides.
Sem esconder a satisfação, Ivânia revela que conheceu a escola por acaso, ao ver alguns trabalhos produzidos no espaço sendo expostos na cidade. Para ela, valeu a pena o esforço para se transformar em uma artista. “Foi difícil, tive de insistir, quase desisti, mas consegui aprender”, afirma a mãe de dois filhos, enquanto finalizava mais um trabalho − uma imagem de São Vicente de Paula.
O exemplo de Ivânia motiva ainda mais o trabalho dos professores e dos coordenadores do projeto, que este ano completa 15 anos. Segundo Fabíola Simões Felix, coordenadora de cursos, a Casa Aristides nasceu a partir de uma demanda da cidade: produzir um artesanato próprio, com a marca do município.
Rafael Guimarães, Felipe Mayer e Gustavo Henrique: jovens e talentosos artistas que usam o desenho como forma de expressão |
A escola já colheu bons frutos. Várias pessoas foram premiadas pelo Brasil afora. O estudante Gustavo Henrique Silva, 17 anos, que tem o desenho como paixão, está neste caminho. Este ano, ele foi premiado pelo Salão de Artes Visuais em Nova Lima. A simetria e a perfeição de seus traços impressionam. “Abuso de todos os meus recursos. Sou um pouco psicodélico”, revela. E não é difícil encontrar outros jovens artistas. Felipe Mayer Gomes, 14 anos, aprendeu que “desenhar não é só fazer rabiscos ou traços. É abusar das manchas, das perspectivas e da união de luz e sombra”. Rafael Guimarães Protzner, também de 14 anos, se espelha em ninguém menos que Leonardo Da Vinci, um dos grandes gênios renascentistas.
Ao lado da aluna de bordado Sandra de Fátima Ferreira, 47 anos, a professora Isabel Francisco Ragonezi, 68 anos, destaca a satisfação de também oferecer às bordadeiras um momento de alegria e diversão. “A aula eleva a autoestima delas; o astral é ótimo, sempre para cima”, garante Isabel, que, depois de se aposentar, resolveu voltar à ativa ensinando a arte das agulhas e linhas.
Na Casa Aristides há espaço também para aprender culinária e para usar ao máximo o potencial dos nutrientes dos alimentos. “Quero seguir carreira na gastronomia”, afirma a estudante Fabiane Nataly Silva, 17 anos, depois de aprender a fazer um delicioso suco de inhame, maçã e maracujá.