Revista Encontro

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A mão da ciência na criação da vida

Ellen Cristie
None - Foto: Geraldo Goulart, Ricardo Diamante, Paulo Márcio, Eugênio Gurgel, Samuel Gê

Por mais de oito anos, Cibele Cavalieri Medina lutou por um sonho. 
A bancária não escondia de ninguém o que mais desejava no mundo: “Ser mãe”. Há pouco mais de um ano, e sempre com o apoio do marido e empresário Reinaldo Quintão Alves, também de 42 anos, ela conseguiu alcançar o que queria: “Eu sou a mãe da Maria Vitória”, um lindo bebê cujo nome diz tudo. Maria é o símbolo da maternidade, e Vitória é o almejado resultado depois de tantas batalhas. Cibele e Reinaldo não estão sozinhos. Como eles, muitos homens e mulheres perseguem ou perseguiram o sonho de ter filhos e dão exemplos de fé e luta para vencer os obstáculos que os impediam de conseguir o que tanto queriam. O mais bonito da história é que, se há muitos pais em busca desse sonho, há outro grupo numeroso trabalhando e pesquisando para transformá-lo em realidade. Desde 1978, com a divulgação do primeiro bebê de proveta, que veio ao mundo pelo trabalho dos britânicos Patrick Steptoc e Robert Edwards, mais de 5 milhões de bebês em todo o mundo nasceram graças aos revolucionários métodos de reprodução, uma conquista que está cada vez mais acessível às pessoas.

 

Muito mais que manipular gametas em laboratório e esperar que a mágica da concepção ocorra, a evolução das técnicas de reprodução assistida reduziu significativamente um fantasma que rondava a vida de muita gente que pretendia ter filhos: o fardo da infertilidade.

Nos últimos anos, cerca de 2,5 milhões de casais estão mais felizes por poder realizar o sonho de aumentar a família. E se antigamente falar em bebês de proveta soava estranho aos ouvidos (e olhos) de grande parte da sociedade – talvez por desconhecimento –, atualmente a maioria das pessoas conhece alguém que vive o drama de não poder ter filhos ou que tenha recorrido a clínicas especializadas para procurar ajuda. Os percalços são muitos, assim como a ansiedade e a apreensão de quem corre atrás de um objetivo que nem sempre é alcançado.

 

De um lado, casais que anseiam por um exame positivo de gravidez e, de outro, especialistas que buscam as últimas novidades em reprodução como forma de minimizar a dor de casais inférteis, muitas vezes protagonistas de histórias com inúmeras tentativas de tratamento. Depois de ouvir médicos das principais clínicas de reprodução assistida de Belo Horizonte e conhecer relatos emocionantes de quem superou uma série de obstáculos, a percepção é de que um único sentimento une todos os envolvidos: nenhum casal perdeu as esperanças de gerar um filho, por mais que os caminhos fossem tortuosos.

 

 
 

A designer de interiores Thaysa Dutra Godoy, 32 anos, que o diga. Aos 15, ela recebeu o diagnóstico de que não tinha útero, mas nunca pensou em desistir da possibilidade de ser mãe. Foram praticamente 16 anos alimentando um sonho, sem ao menos saber se a medicina iria ajudá-la a concretizá-lo. O pacto de amor feito entre Thaysa e a mãe, Dayse, hoje com 56, uniu ainda mais mãe e filha em torno desse objetivo. Em 2011, Dayse, então com 54, deu à luz Isadora, filha de Thaysa e Luiz Frederico Rego Cunha Júnior, de 32. Avó de carteirinha, Dayse se desdobra em carinhos com Isadora e diz que a relação com a filha ficou ainda mais próxima. “Poder gerar minha neta e ajudar minha filha não tem preço. Fui abençoada”, diz, emocionada.

 

Assim como Thaysa, Luiz Frederico e Dayse se sentem realizados com o crescimento da família, outro casal que tem mil motivos para comemorar é Cibele e Reinaldo. Maria Vitória, com 1 ano e 5 meses, veio ao mundo depois de 11 tentativas frustradas. Exemplo de superação e esperança, os dois se emocionam ao relembrar os fatos mais marcantes dessa batalha.

“Depois de oito anos sem sucesso, resolvemos viajar. A Cibele já estava cansada de tantos fracassos. Quando voltamos de um passeio maravilhoso, olhei para ela e insisti: ‘Vamos tentar só mais uma vez?’ Queria vê-la ser mãe. Era nosso sonho e era o que eu mais queria”, conta Reinaldo, que nunca deixou de ir a uma consulta com a mulher. “Se não fosse a compreensão dele, o apoio em todos os momentos, eu teria desistido, porque tive uma gestação com alguns percalços, como um pequeno sangramento decorrente de descolamento de placenta”, diz Cibele, que dedicou sete meses exclusivamente aos cuidados de Maria Vitória.

 

Histórias assim são passíveis de ocorrer quando se trata de uma gravidez completamente monitorada. Foi o caso das duas gestações da designer de joias Maria Eduarda Recoder, mulher do advogado Sérgio Rodrigues Leonardo, ambos de 34. Pais de João Marcelo, de 3 anos e 7 meses, e Luís Eduardo, de 1 ano, os dois buscaram uma clínica de reprodução assistida depois de um ano de tentativas de engravidar naturalmente. “Sempre digo que os casais não devem desistir. A medicina está aí para nos ajudar, não é?”, diz Duda, que ainda pretende aumentar a prole.

 

O trabalho dos médicos especialistas em reprodução assistida exige pesquisa, dedicação e, principalmente, acolhimento – afinal, nem todos os casais têm suporte emocional para superar insucessos, dores e perdas. Segundo Selmo Geber, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diretor da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida e médico da Clínica Origen, fala-se em manipulação de gametas em laboratório desde a década de 1960.

“No início, as taxas de sucesso eram baixas”, comenta. Com a introdução de técnicas como a fertilização in vitro (FIV) em 1978 e, posteriormente, com a descoberta de outra metodologia – a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) em 1993, especialmente para casos de pacientes com fator masculino grave (baixa contagem ou pouca motilidade de espermatozoides), as taxas de fertilização aumentaram a olhos vistos, proporcionando aos casais inférteis a concepção após tratamento adequado.

 

 
 

Foi o que ajudou o casal Walter Pagani, 46 anos, e Priscilla, de 26. Os dois apresentavam problemas: ele com baixa taxa de espermatozoides e ela com ovários micropolicísticos. Lidar com um diagnóstico difícil foi uma barra para os dois. “A primeira reação foi horrível. Você nunca trabalha com a hipótese de falha, mas depois levanta a cabeça e segue em frente”, diz Walter. Hoje, os dois, felizes da vida com o filho Pedro, já pensam até na possibilidade de ter mais filhos.

 

Em situações especiais, nos últimos 20 anos tornou-se possível inclusive traçar o diagnóstico genético pré-implantacinal (PGD), evitando-se assim a possibilidade de o bebê apresentar doenças ligadas a cromossomos, à genética ou ao gênero ainda na fase embrionária. Um dos grandes saltos apontados pelo especialista João Pedro Junqueira Caetano, secretário-geral da diretoria da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e diretor-presidente da Clínica Pró-Criar/Mater Dei de Medicina Reprodutiva, foi o processo de vitrificação (veja arte) em 2005, que possibilitou o congelamento de óvulos com resultados bastante positivos. “Nas décadas de 1980 e 1990, as taxas de gravidez com óvulo congelado giravam em torno de 3% a 5% em mulheres com menos de 35 anos. Em 2000, esse número cresceu para um patamar entre 10% e 12% e, atualmente, essas taxas se equiparam às obtidas com óvulos a fresco, superiores a 40%.”

 

A melhoria do desenvolvimento dos embriões em laboratório, a qualidade do meio ambiente e as mudanças nos protocolos médicos de estimulação ovariana são outros avanços apontados por Marco Melo, pós-doutor em medicina reprodutiva pela Universidade de Valência, na Espanha, e mestre em biologia molecular pela Fundação Instituto Valeciano de Infertilidade. Ao lado dos médicos Antônio Eugênio Motta Ferrari, Sergimar Padovezi Miranda e Sandro Sabino, ele é sócio da Clínica Vilara, parceira do Hospital Vila da Serra e criada em 2009. Segundo Marco Melo, por meio da histeroembrioscopia, hoje é possível detectar anomalias em fetos a partir de cinco semanas de gestação. “Se antes os médicos conseguiam explicar apenas 15% dos casos de abortos de repetição, por exemplo, hoje chegamos a um diagnóstico preciso até em 75%, o que era impensável em outras épocas”, afirma.

 

 
 

Em 2008, a técnica de vitrificação começou a ser replicada em todo o mundo, mas já em 2007 foi registrada a primeira gravidez em Minas Gerais com congelamento de óvulos. “O interessante é que até então não se falava em congelamento de óvulos ou em preservação da fertilidade, e, a partir daí, surgiram os primeiros bancos de óvulos”, acrescenta João Pedro. O médico faz questão de destacar a importância do suporte a casais inférteis. De acordo com ele, o padrão de excelência no atendimento a esses pacientes deve ser estabelecido, mas deixando claro que “médico não é Deus. Ele é um facilitador. Se temos um dom, é maior a chance de ajudarmos, mas não se pode dizer que congelar um óvulo é congelar um bebê. Isso não é garantia de gravidez”, diz.

 

No caso da analista de RH Érica Gonçalves Vieira Santos, 34 anos, e do engenheiro eletricista Carlos Eduardo Aguiar Santos, de 38, a receptividade do médico foi essencial para o sucesso da fertilização in vitro. “Começamos o tratamento em 2010, depois que ficamos sabendo de uma amiga que havia engravidado aos 42 anos. A forma como o médico nos tratou durante as consultas, como foi claro e objetivo ao nos alertar sobre as chances de gravidez, enfim, nos deixou muito à vontade”, conta Érica, que engravidou logo na primeira tentativa de Eduardo, hoje com 1 ano e 4 meses, embora ela tivesse endometriose e o marido, falta de motilidade dos espermatozoides. Especialista em reprodução humana pelo Kings College de Londres, Rodrigo Ribeiro destaca também o olhar atento do médico sobre seus pacientes. Ao seguir os passos do pai, Geraldo Ribeiro, mais conhecido como Dr. Cegonha, Rodrigo, um dos diretores do Cegonha Medicina Reprodutiva, setor de reprodução humana ligado ao Instituto de Saúde da Mulher, desde muito jovem assistiu ao atendimento personalizado feito pelo pai, um dos pioneiros em infertilidade em Minas Gerais.

 

Além da abordagem psicológica dada aos casais, o Dr. Cegonha lidava com situações menos favoráveis à época, como a limitação de medicamentos e de recursos técnicos, assim como a pouca expressividade do Brasil em termos de pesquisa nos anos 1980. “Meu pai era um alfaiate à moda antiga. Aprendi muito com ele. A reprodução humana não é somente uma FIV. O médico precisa ser dedicado, precisa de envolvimento com os pacientes. Digo que houve certa banalização da reprodução assistida. Não é somente um casal chegar ao consultório e dizer que quer ter filhos ou escolher como serão esses filhos. Infelizmente, as mulheres iniciam a reprodução tardiamente nos dias de hoje, pois estão se casando mais velhas, dedicam-se à carreira primeiro ou ainda não têm parceiros, mas a indicação do tratamento é papel do médico”, ressalta.

 

 
 

A designer de joias Cibele Coelho de Andrade, 45 anos, confessa que talvez tenha deixado o tempo passar. “Falta conhecimento sobre reprodução, sobre os limites do corpo feminino”, explica. Pode-se dizer que Cibele engravidou das gêmeas Mariana e Carolina, hoje com 4 anos, no finalzinho do segundo tempo, já que sua reserva ovariana estava muito baixa. “Quero que elas cresçam e eu possa contar essa nossa história maravilhosa. Hoje, quero ajudar outras pessoas”, completa.

 

Para Rodrigo, além da ICSI e da vitrificação, que são avanços consideráveis na área de reprodução humana, o congelamento de tecidos ovarianos ou parte do ovário possibilitou maiores chances de gravidez a pacientes com quadros de câncer que precisam se submeter a procedimentos como quimioterapia e que não necessariamente tinham parceiro. “A boa notícia é que os institutos de pesquisa brasileiros, assim como as clínicas de reprodução assistida das grandes cidades, não perdem em nada em termos de equipamentos e tecnologia para os países desenvolvidos.” Quem compartilha desse pensamento é Bruno Scheffer, master em reprodução assistida pela Faculdade de Medicina da Universidade de Valência, na Espanha, e médico do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (IBRRA).

 

Além de lidar com equipamentos de ponta, como um embrioscópio, capaz de filmar o embrião durante todo o período em que ele está no laboratório, o instituto recebe pacientes de outras partes do Brasil e do mundo. Entre os avanços apontados por Bruno Scheffer quanto à medicina reprodutiva estão alguns marcos como a vitrificação; exames como o hormônio antimülleriano (AMH), usado como norteador quanto aos possíveis tratamentos; à evolução intelectual dos pacientes, que cada vez mais estão envolvidos com os procedimentos; e o acesso facilitado às técnicas de reprodução, abrindo espaço para casais das classes C e D, que antes não tinham oportunidades por questões financeiras. “A sociedade atualmente lida melhor com casais homossexuais que desejam ter filhos, com mulheres solteiras que queiram ser mães ou até mesmo homens que desejam ser pais e não necessariamente têm uma parceira. Sem dúvida, é uma evolução comportamental.”

 

Segundo Marcos Sampaio, pós-doutor em embriologia e fertilização pela Universidade de Melbourne, na Austrália, e médico da Clínica Origen, nos últimos anos houve grandes avanços na área. “Tanto no estudo quanto na preparação do útero para a gravidez e nas pesquisas para a seleção do embrião”, destaca. “Esbarramos ainda em questões ético-religiosas e em desafios como a descoberta de formas para se evitar o envelhecimento ovariano, para o amadurecimento de óvulos sem medicação, ou ainda para entender melhor o endométrio,” diz Marcos. Atualmente, especialistas em reprodução concentram suas pesquisas em células-tronco para que, em um futuro próximo, casais inférteis, que hoje correspondem a 20% do total de casais que pretendem ter filhos, possam concretizar o mágico e encantador ciclo da vida.

 

Desistir, jamais!

 

Cibele Cavalieri Medina, 42 anos, bancária
Reinaldo Quintão Alves, 42 anos, empresário
Maria Vitória, 1 ano e 5 meses
 
 

Cibele e Reinaldo são o exemplo de casal que nunca perdeu as esperanças. Foram cinco fertilizações e sete descongelamentos. Aos 30 anos, Cibele teve sua primeira gravidez natural. “Tive um aborto natural com cinco semanas. Aos 31, engravidei de novo. Fiquei de repouso, tomei remédios para segurar o bebê, mas também o perdi. Ao fazer curetagem, contraí infecção hospitalar e, passado um tempo, não conseguia engravidar mais, mesmo com a médica dizendo que estava tudo bem. Desconfiada, fiz um exame em que foi constatado o bloqueio das duas trompas, devido a uma infecção bacteriana. Comecei a fazer tratamento antes dos 32 anos. Em uma das fertilizações cheguei a produzir 24 óvulos. Foram quatro FIVs com sete descongelamentos e nada. Todo ano me submetia a um tratamento, mas a montanha-russa do nosso emocional mexeu comigo. Aos 39, confesso que cansei um pouco. Meu marido teve a ideia de viajarmos para descansar. Nossa viagem foi maravilhosa e, assim que voltamos, ele perguntou se poderíamos tentar mais uma vez. Eu topei. Trocamos de clínica, de médicos, iniciamos outros exames e retirei um pólipo do útero. Meu trabalho foi meu grande aliado nessa época. Na 12ª tentativa, deu tudo certo. Hoje, sou esposa, sou profissional, mas, acima de tudo, sou mãe da Maria Vitória.”

 

A mãe é a avó

 

Thaysa Dutra Godoy, 32 anos, designer de interiores
Luiz Frederico Cunha Rego Júnior, 38 anos, coach
Dayse Dutra Godoy, 56 anos, educadora física
Isadora, 1 ano e 4 meses
 
 

O trio Thaysa, Luiz Frederico e Dayse protagonizou cenas de arrepiar no momento do parto, em 2011. A história começa bem antes. Aos 15 anos, Thaysa descobriu que havia nascido sem útero, mas os ovários estavam intactos – portanto, ela produzia óvulos. Sua mãe, Dayse, se prontificou a ser a mulher que geraria o filho de Thaysa, assim que a filha manifestasse o desejo de ser mãe. Só que as duas não imaginavam que isso seria possível 16 anos depois, graças aos avanços da medicina reprodutiva. Aos 54 anos, Dayse deu à luz Isadora, filha de sua filha com Luiz Frederico. “Minha mãe é do Paraná e, quando passei a estudar em Belo Horizonte, fiquei muitos anos afastada dela. Analisando hoje, vejo que Deus nos reservou uma experiência maravilhosa. Minha mãe morou com a gente durante quase dois anos e teve uma gravidez sem atropelos. Foi tudo perfeito e nosso vínculo só aumentou”, diz Thaysa. “A atitude da minha sogra me ajudou a rever conceitos e valores e quais eram os propósitos da minha vida”, afirma Fred, marido e pai orgulhoso, que lançou o livro Isadora – uma dádiva de Deus no caminho, quando ela completou um aninho. “Ter filhos era o maior sonho da Thaysa. Do meu ponto de vista, uma pessoa cresce tentando fazer o outro feliz.”

 

Eles querem mais

 

Maria Eduarda Recoder, 34 anos, empresária e designer de joias
Sérgio Rodrigues Leonardo, 34 anos, advogado
João Marcelo, 3 anos e 7 meses e Luís Eduardo, 1 ano
 
 

“Nós nos casamos em 2006 e depois de dois anos resolvemos que queríamos o primeiro filho. Passado um ano sem utilizar nenhum método contraceptivo, a Duda não engravidou”, diz Sérgio Leonardo. Após duas tentativas iniciais de monitoramento do ciclo ovulatório, sem sucesso, eles partiram para a fertilização in vitro. “A primeira vez deu certo, engravidei do João Marcelo em 2008. Dois anos depois, fiz o segundo tratamento. Estava crente que iria dar certo, mas não deu. No mesmo ano, fiz a terceira FIV e também não funcionou, só que desta vez consegui congelar embriões”, conta Duda. Foi no quarto procedimento, em 2011, depois da transferência dos embriões congelados, que ela deu à luz Luís Eduardo. “Fiquei tranquila com esse processo, embora eu ainda não saiba qual é o nosso problema de infertilidade, já que nos exames nada ficou esclarecido. Sempre digo que os casais não devem desistir. A medicina está aí para nos ajudar, não é? Se Deus quiser, ano que vem tento de novo. É um amor que não tem explicação”, explica a designer de joias. Sérgio Leonardo se empolga quando fala dos filhos. “Nossa, é uma emoção única. Queremos mais, quem sabe quatro? O negócio é ter pensamento positivo.”

 

Na última chance

 

Cibele Coelho de Andrade, 45 anos, designer de joias,
Mariana e Carolina, 4 anos e 3 meses
 
 

“Deixei o tempo passar. Faltam conhecimentos sobre reprodução, sobre os limites do corpo feminino. Tinha histórico de endometriose e, embora o problema fosse bem localizado, sabia que poderia dificultar a gravidez. Aos 38 anos fiz duas fertilizações, sem sucesso. Mudei de clínica, fiz exames e percebi que, com minha resposta ovulatória, o tratamento não surtiria efeito. Nesse meio tempo, depois de uma inseminação artificial, engravidei naturalmente, mas perdi o bebê com dois meses de gestação, aos 40 anos”, explica Cibele. A empresária lembra: “Na nova clínica, produzi três ou quatro óvulos no segundo tratamento de fertilização. Meu marido me apoiava o tempo todo, mas eu chorava muito. Coloquei três embriões. Sabia que era minha última chance”. Mariana e Carolina nasceram há quatro anos, quando Cibele estava com 41 anos. A dedicação foi completa e tudo mudou em sua vida. “Amamentei as duas até os 6 meses. Me dediquei inteiramente às minhas filhas. Antes, eu trabalhava demais, mas, depois que as duas nasceram, fui à loja apenas quatro vezes em seis meses. Minha vida mudou muito. Quero que elas cresçam e eu possa contar essa nossa história maravilhosa. Hoje, quero ajudar outras pessoas, sou muito aberta e, sempre quando me chamam para falar, tenho o maior prazer.”

 

Primeira tentativa

 

Érica Gonçalves Vieira Santos, 34 anos, psicóloga
Carlos Eduardo Aguiar Santos, 38 anos, engenheiro eletricista
Eduardo, 1 ano e 4 meses
 
 

“Casada desde 2004, já pensava em engravidar em 2007. Fiz os exames de rotina e o médico disse que seria só uma questão de tempo. Um ano e meio depois, nada. Fui a outro médico, sem muito sucesso. Quando se passaram três anos, eu e o Carlos Eduardo demos um basta. Foi aí que fui diagnosticada com endometriose assintomática nas trompas, depois de um exame de videolaparoscopia”, diz Érica. O marido também recebeu o diagnóstico de falta de motilidade dos espermatozoides. “Começamos o tratamento em 2010, depois que ficamos sabendo de uma amiga que havia engravidado aos 42 anos. Ele pediu uma série de exames e iniciamos o processo com injeções, dores e inchaço. O tratamento é muito exaustivo, especialmente para a mulher”, explica Érica, que no fim de outubro de 2010 descobriu que estava grávida. Em junho de 2011 nasceu Eduardo, que enche a casa de alegria. “Se não conseguisse, certamente tentaria de novo, já que produzi 11 óvulos.” O pai, Carlos Eduardo, dá uma dica para quem faz tratamento. “O homem tem de ser compreensivo, já que quem sofre mais é a mulher, especialmente com as alterações hormonais, que provocam mudanças de humor.”

 

E Pedro chegou

 

Priscilla Pagani, 26 anos, escritora
Walter Pagani, 46 anos, engenheiro
Pedro, 6 meses
 
 

“Tentei engravidar naturalmente em 2009 e não consegui. Meu marido tem baixa contagem de espermatozoides e eu tenho ovários micropolicísticos. Fiz o primeiro tratamento de FIV em 2010, mas não deu certo. Tive 22 folículos, superestimulação ovariana, senti muita dor, mas coloquei quatro embriões. Depois fiz outras transferências, e também não funcionou. Em 2011, fiz a segunda fertilização. Foram 18 folículos, quatro foram fertilizados, mas, com a mudança das regras, só pude colocar dois por causa da minha idade. Dois foram congelados. Engravidei. Pedro nasceu há seis meses e a vantagem é que ainda sou nova. Posso tentar mais vezes. O bom é que meu marido me apoiou incondicionalmente”, afirma Priscilla. Walter confessa que o diagnóstico de baixa contagem de espermatozoides inicialmente o deixou abalado. “A primeira reação é horrível, porque você não trabalha com a hipótese de falha, mas depois levanta a cabeça e segue em frente.” Após o nascimento de Pedro, Walter mudou a rotina de inúmeras viagens a trabalho. “O ritmo diminuiu. Vou de manhã e volto à noite. Não dispenso a companhia da minha família no fim de semana.”

 

Confira abaixo a infografia com os principais tipos de reprodução assistida:

(clique para ampliar)

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