Revista Encontro

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Foi um estouro

Eduardo Tristão Girão
None - Foto: Samuel Gê

Pode ter sido só um momento de sorte, mas o fato é que agora o vinho Toro Loco 2011 é um fenômeno. Já chegaram ao Brasil e foram todas vendidas as 180 mil garrafas desse tinto espanhol que recebeu medalha de prata na International Wine & Spirit Competition deste ano, concurso (no formato de teste cego) no qual concorreram rótulos até 10 vezes mais caros. Na Inglaterra, país-sede do evento, O Toro Loco é vendido a 3,59 libras (cerca de R$ 12) na rede de supermercados Aldi. No Brasil, ele chegou por R$ 25 e é vendido a R$ 45, em média, nos restaurantes.

 

A comercialização do Toro Loco no Brasil começou em maio, por meio do Wine, site especializado em venda de vinhos. A empresa cogitou comprar 50 contêineres dele, mas optou pela metade, temendo ficar com mercadoria encalhada. Se pudesse prever o que aconteceria, talvez tivesse dobrado o pedido, pois todo o lote foi vendido em pouco mais de um mês. O volume comprado pelos brasileiros corresponde a 10% da safra (1 milhão e 800 mil garrafas) premiada produzida pela vinícola, que foi disputada no mundo todo. No mínimo, esse barulho todo já valeu pela discussão em torno de preço e qualidade.

 

O tinto em questão é feito com a uva tempranillo na região de Utiel-Requena,  no leste da Espanha, zona de transição entre áreas altas de La Mancha (600 m em média) e a costa do Mediterrâneo, na qual predomina outra casta tinta, a bobal.

A tempranillo é uma das principais uvas espanholas e sua facilidade de adaptação a levou para vários países. Curiosamente, ela muda de nome dentro da Espanha (chama-se tinto fino em Ribera del Duero) e em Portugal (é aragonês no Alentejo e tinta roriz no Douro).

 

“O Toro Loco é um vinho tinto com aromas que remetem a ameixa madura e compota de frutas vermelhas. Na boca, tem sabor macio e frutado, confirmando os aromas. Possui muito boa acidez e taninos suaves”, explica Ariel Pérez Navarro, wine hunter (caçador de vinhos) da Wine. Segundo ele, trata-se de um espanhol com estilo bem moderno, diferente dos vinhos valencianos mais tradicionais. “Ele se aproxima do espírito jovial de quem passeia pela região, que também se destaca pelo turismo de aventura”, diz.

 

A onda do Toro Loco chegou até a Belo Horizonte, com direito a festa para celebrar a chegada do vinho. Intitulada La fiesta del Vino Toro Loco, o evento atraiu entusiastas ao restaurante 2012, com bufê de tapas e uma garrafa do polêmico tinto incluídos no ingresso. Foi a última chance de comprá-lo, já que ele está esgotado no site da Wine. Para experimentá-lo, agora, só em restaurantes como Anella, 2012, Parrilla los Hermanitos, Djalma, Olegário, Santa Fé, Amadeus, Benvindo, Oak e Café do Museu. Ou esperar pela safra 2012, que chega em dezembro ao Brasil.

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