Revista Encontro

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O topo da América Latina

None - Foto: Cláudio Cunha, Divulgação

Um importante passo foi dado para que se erga do chão de Santa Tereza, região leste de Belo Horizonte, o maior arranha-céu da América Latina. O ambicioso projeto, idealizado pelo escritório mineiro de arquitetura FarKasVölGyi, anunciado há dois meses, ganhou, no fim do mês passado, a participação da também mineira construtora PHV Engenharia, que contará com empresas parceiras para financiar a empreitada. O prédio, com 350 metros de altura e 85 andares, é o ponto de partida de todo um complexo que abrigará, além do edifício gigante, as torres gêmeas, construções inacabadas que há 16 anos fazem parte da paisagem do bairro. O conjunto já ganhou o nome de Complexo Andradas.

 

A construção – estimada em R$ 1 bilhão – deve ter início em 2014 e está sendo encarada como um marco na arquitetura do estado e do país, devido ao desenho ousado. Ela supera, e muito, o maior prédio de BH, a torre A do Conjunto JK, que mede mais de 100 metros. A iniciativa coloca a capital mineira ao lado de importantes cidades do mundo, famosas por seus espigões, como Nova Iorque, Hong Kong e Dubai. “É um arranha-céu de arquitetura contemporânea, com desenho irregular, em movimento rotatório, e que poderia ser erguido em qualquer lugar do mundo”, diz o arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, diretor do escritório que leva seu sobrenome húngaro, herdado do pai. “É como se fosse uma joia brotando do chão”, explica ele, fazendo referência às pedras preciosas encontradas em abundância em Minas.

A estrutura será revestida de vidros autolimpantes, capazes de captar energia para uso do próprio prédio.

 

 
 

A ideia é que o edifício, com cerca de 100 mil metros quadrados de área de venda, seja destinado ao uso comercial, com possibilidade de oferecer espaço para o segmento hoteleiro. O topo da torre será destinado a um restaurante. O Complexo Andradas terá, além de uma arena multiuso destinada a shows, congressos, feiras e eventos esportivos, teatro, cinema, museus e pista de patinação. “Sem dúvida, será o novo cartão-postal de Belo Horizonte”, afirma Rogério Martins, diretor técnico da PHV Engenharia. Para ele, um dos aspectos mais importantes do projeto é que o empreendimento será custeado por empresas 100% mineiras. “Estamos muito orgulhosos de participar do projeto”.

 

Com a parceria fechada, o próximo passo é partir para o processo de licenciamento, que deve levar um ano. Por isso, Farkasvölgyi acredita que seja possível iniciar as obras somente em 2014. A previsão é de que o prédio fique pronto em quatro ou cinco anos. “Enquanto a construção acontece, podemos fazer um trabalho de requalificação do entorno da área para viabilizar outras partes do complexo”, diz Rogério Martins. O restante do empreendimento deve demorar um pouco mais para ser concluído, já que há terrenos particulares na área.

 

 
 

Torres gêmeas

 

Quem passa pela avenida dos Andradas e observa as famosas torres gêmeas, localizadas na rua Clorita, em Santa Tereza, talvez não tenha a exata noção do que se passou por lá. Os edifícios, erguidos na década de 1970, não chegaram a ser concluídos, já que as duas construtoras envolvidas no empreendimento fecharam as portas na década seguinte. Os prédios foram invadidos, iniciando uma longa batalha na Justiça. Em 2010, depois de um incêndio na torre 1, 68 famílias foram obrigadas a deixar o local, já que o fogo teria comprometido a estrutura.

No ano passado, outras 85 famílias que ocupavam a segunda torre foram notificadas pelo Corpo de Bombeiros. Em junho deste ano, ela foi desocupada.

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