Revista Encontro

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Portas abertas para o design

Mariana Peixoto
None - Foto: Léo Araújo

De tão presente no cotidiano, o design não é mais um mistério. Afinal, o processo que busca soluções criativas e inovadoras para produtos provocou uma revolução nos tempos modernos. Mas qual é a sua amplitude nos dias de hoje? Este é um dos motes da IV Bienal Brasileira de Design, em cartaz em Belo Horizonte até o fim do mês. Iniciativa itinerante que começou em 2006, em São Paulo, e já passou por Brasília e Curitiba, ela traz à cidade não só exposições, como também palestras, seminários e prêmios. O evento principal, que tem como tema Diversidade Brasileira, movimenta a capital e a ideia é promover uma verdadeira overdose de design.

 

Para não iniciados, o ponto de partida é a exposição Da Mão à Máquina, que tomou conta de todas as galerias do Palácio das Artes, reunindo a produção brasileira do artesanato à indústria. Curadora geral da IV Bienal, Maria Helena Estrada explica como essa trajetória está sendo apresentada: “O Brasil tem uma grande vocação para o artesanato, que é vendido no mundo inteiro, e peças de cultura popular são consideradas de arte”. Duas delas, esculpidas em madeira, abrem a mostra. Na sequência, peças do artesanato popular que têm um apelo local, e até aquele que já foi transposto para o vocabulário contemporâneo, como trabalhos de Tina e Lui Design, de Porto Alegre, e o badalado arquiteto paulista Marcelo Rosenbaum.

 

“Não se encontra na exposição o artesanato que é vendido em cidades turísticas, mas aquele que tem um valor agregado, que trouxe o artesão para uma nova realidade”, diz Maria Helena.

Em seguida, é a vez do design semi-industrial. Para fazer a ponte, foram selecionadas três cadeiras da década de 1950, que levam a assinatura de Flávio de Carvalho, Lina Bardi e Paulo Mendes da Rocha. As peças abrem a seção de móveis de madeira. “Até 15 anos atrás, muitas árvores eram derrubadas para a criação de mobiliário. Hoje, os móveis usam pouca matéria-prima, não abusam da madeira, são peças leves”, afirma a curadora.

 

Uma seção foi reservada às joias e outra, ao desenho industrial. A última parte da exposição destaca as tecnologias emergentes. “Uma sala exclusiva para a tecnologia mostra coisas que não foram vistas ainda”, diz Maria Helena. Entre os nomes que participam dessa seção estão Fred Gelli, que criou a marca dos Jogos Olímpicos Rio’2016, e Jorge Lopes, referência no meio.

 

Dijon de Moraes, coordenador da bienal e reitor de Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG):
“Queremos atrair curiosos, aqueles que ainda não despertaram para o design”
 
 

Além da principal exposição, há outras em diferentes espaços da cidade. São duas na Casa Fiat: Design de Carros no Brasil: Inovações e Rupturas, com curadoria de Paulo Nakamura, e a da Idea Brasil, que traz projetos vencedores em 20 categorias do concurso. No Palácio das Artes também estão sendo apresentados produtos vencedores da edição 2012 do Prêmio Sebrae Minas Design.

 

Na Serraria Souza Pinto, a mostra 1 Pessoa, 10 Cadeiras reúne peças de mobiliário, com curadoria de Sérgio Lourenço; no Museu de Artes e Ofícios, está em cartaz retrospectiva do acervo de joias do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais e do concurso Auditions; na Escola Guignard, a mostra Jovens Designers reúne projetos vencedores de concurso realizado com estudantes de todo o país; no Ponteio, a mostra Open School Universatilidade, exposição virtual sobre intercâmbio feito entre escolas de design do estado; e, por fim, no Museu das Minas e do Metal, a Geração Casa Brasil apresenta o melhor da produção que passou pela feira de móveis.

 

A área acadêmica também tem um forte braço na programação. “Na verdade, uma série de ações que formam o chamado Tempo de Design em Minas está ocorrendo desde julho para dar suporte à bienal”, afirma Dijon de Moraes, coordenador local do evento e reitor de Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). A primeira iniciativa foi o Encontro Nacional de Estudantes de Design, que reuniu 2,4 mil alunos de todo o país para uma semana de oficinas. Nesse campo, a Guignard promove o congresso internacional O Design como Processo.

 

“Estamos promovendo uma overdose de design.

Além de palestras e seminários para o público, a UEMG e a Fumec estão realizando cursos rápidos de iniciação ao design de joias, de moda e gráfico. Queremos atrair curiosos, aqueles que ainda não despertaram para isso”, explica Moraes, que dirige a escola criada em 1954 e como curso superior em 1967. “Fizemos a candidatura de Belo Horizonte para receber a quarta edição da bienal por causa de alguns fatores, um deles o de Minas ser a terceira economia do Brasil, com um dos maiores parques industriais. E a intenção é mostrar o design de Minas como negócio, pois ele atravessa vários segmentos: economia, cultura e tecnologia”, explica o reitor.

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