Uma nova visão de Belo Horizonte e, o que é melhor, com direito a admirar a cidade dos mais variados ângulos. O parque Serra do Curral abriu as portas para os seus visitantes mais ilustres, os próprios belo-horizontinos, que agora podem ver do alto toda a cidade e conferir o seu belo horizonte. Ele fica no bairro Mangabeiras, região Centro-Sul, e, depois de quatro anos de reformas e melhorias na infraestrutura, passou a oferecer ao público, em especial aos amantes das trilhas e da natureza, a oportunidade de redescobrir BH em 10 mirantes instalados na crista do mais famoso cartão-postal da capital.
Depois das obras, o Serra do Curral ganhou duas portarias (a principal fica na avenida José do Patrocínio Pontes, na praça Estado de Israel, e a outra no parque das Mangabeiras). Houve a recuperação de áreas degradadas, a instalação de monitoramento eletrônico de focos de incêndio e de placas educativas, além dos corrimãos. O administrador de empresas José Augusto Ribeiro Maia, 50 anos, não perdeu tempo quando soube que o parque estava aberto. “Está muito organizado, voltarei com a minha família”, diz Maia, que participou da travessia da serra, um percurso feito principalmente para gente grande, com cerca de 2.300 metros de extensão.
A arquiteta Fernanda Rodrigues Ribeiro, 27 anos, e o amigo, o administrador de empresas Dennis Hartmann, de 29, também participaram da travessia e gostaram do que viram. “Sempre tive vontade de conhecer de perto o parque, pois ficava lá embaixo olhando as antenas e imaginando como seria aqui em cima”, diz o curitibano que escolheu BH para morar. Fernanda entusiasmou-se com a paisagem: “O visual é maravilhoso”.
E, de fato, a paisagem é o principal presente que o visitante ganha ao fazer a trilha sobre a serra.
Enquanto faziam uma pausa para o lanche durante o passeio, o casal de amigos Adriana Braga Guimarães, 33 anos, e Daniel Moraes de Carvalho, de 25, ambos arquitetos, disse que não quis desbravar a região como outras pessoas fizeram, enquanto o parque estava fechado. “Quando soubemos que ele estava com as portas abertas, mo mês passado, corremos para cá, pois agora é mais seguro e tem toda uma infraestrutura à disposição dos visitantes”, diz Adriana.
A psicóloga Clívia Pereira de Oliveira, 46 anos, “tirou” o filho, o estudante Vitor Oliveira Sasdelli, e o colega Renan Fernando Moreira, ambos de 13 anos, da frente do computador para um passeio no novo parque. Não se arrependeram. “Fomos até o primeiro mirante, mas voltaremos para fazer a travessia completa”, garante Renan. Já o casal Erlon Filgueiras, 38 anos, e Joselaine Filgueiras, de 33, não fez a travessia porque estava com a filha Luísa, de 2 – o acesso à trilha é permitido para pessoas acima de 14 anos. Mas os dois revelaram que iriam retornar ao parque para fazê-la. O empresário e a analista de sistemas questionaram a possibilidade de cobrar pelo passeio. “Acredito que R$ 15 por pessoa poderá restringir o acesso de quem não tem condições de pagar”, afirmam. De acordo com a Fundação de Parques Municipais (FPM), a cobrança só vai começar depois de ser formalizada pela prefeitura – enquanto isso, as visitas permanecem gratuitas. As taxas que serão cobradas terão os seguintes valores: R$ 7,50 de quarta a sexta-feira e R$ 15 aos sábados, domingos e feriados, com opção de meia-entrada para todos os dias. Todas as terças, a entrada será gratuita.
Mas uma das principais preocupações da fundação tem sido o vandalismo. Segundo o presidente da FPM, Homero Brasil Filho, o parque nem bem abriu suas portas e já está sofrendo com algumas pessoas que estão danificando as cercas para ter acesso à área sem passar pela portaria. Outro problema está ligado a alguns pilotos de motocross.
Colírio para os olhos
Os mirantes e o que se vê de lá empolgam os visitantes. A paisagem é bela, mas se prepare antes de iniciar a caminhada. Confira:
Mirante 1
Nível 1 (Percurso leve)
O ponto é dedicado à contemplação dos campos do parque da Serra do Curral, com áreas rochosas de composição variada, como itabiritos, dolomitas, quartzitos, filitos e xistos. A vegetação do cerrado, é claro, também merece destaque, com seus troncos e ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas
Como chegar: depois de um bom alongamento na praça Carlos Drummond de Andrade e de beber muita água, é possível alcançá-lo sem maiores problemas
Mirante 2 e 3
Nível 1 (Percurso leve)
Os municípios de Nova Lima e Contagem, na Grande BH, aparecem na paisagem de quem alcança esse ponto. Com um olhar mais atento, pode-se avistar o conjunto Governador Juscelino Kubitschek – o edifício JK –, e o parque Américo Renné Giannetti – o parque municipal –, que fica na avenida Afonso Pena, no Centro
Como chegar: para alcançar esses mirantes, o caminhante tem duas opções: a alternativa hard, na trilha alternativa (com subida bem íngreme e pequenas pedras de minério soltas) ou continuar por uma estrada de terra, sem maiores riscos. Perto dos mirantes, foi montada a praça do Encontro, que tem banheiros e bebedouros.
Mirante 4
Nível 2 (Percurso moderado)
Este ponto do parque é especial para avistar a lagoa da Pampulha, um dos cartões-postais da cidade. E se os olhos alcançam o espelho d’água mais famoso de BH, o Mineirão também surge na paisagem
Como chegar: superado o trecho mais complicado da travessia (trilha alternativa), o caminhante chega ao mirante 4, podendo se apoiar em corrimãos
Mirante 5
Nível 2 (Percurso moderado)
O mirante é dedicado à contemplação do pico de Itabirito, que fica no município de mesmo nome, e o parque Estadual da Serra do Rola Moça, que tem uma área de 3.941 hectares espalhados nos municípios de BH, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho
Como chegar: o caminho para alcançar o mirante 5 é tranquilo, mas é aconselhável ficar atento e andar em fila indiana para não se perder do grupo e dos monitores
Mirante 6
Nível 2 (Percurso moderado)
Aqui, a Mata do Jambreiro, em Nova Lima, surge como uma pintura verde na paisagem
Como chegar: o ponto está perto da metade do trecho da travessia e o percurso segue a mesma lógica. Nos trechos mais complicados, o caminhante pode e deve contar com o apoio de corrimãos
Mirante 7
Nível 2 (Percurso moderado)
A avenida Afonso Pena, um dos símbolos de BH, surge bem no centro da paisagem do mirante. E uma curiosidade chama a atenção: olhando de cima, em linha reta, a via poderia chegar ao Mineirão, na Pampulha. A praça Israel Pinheiro, a praça do Papa, também pode ser conferida. Na parte de trás do mirante há o Morro do Elefante, com 1.185 metros de altitude. Ele ganhou este nome por lembrar um elefante deitado. Será mesmo?
Como chegar: o caminho continua exigindo dos participantes muita atenção, porque é neste momento que, dependendo da experiência do participante, as pernas começam a demonstrar sinais de cansaço. O ponto é o Marco de Tombamento da Serra do Curral
Mirante 8
Nível 3 (Percurso difícil)
Dá para avistar a rua Professor Otávio Coelho Magalhães, a famosa rua do Amendoim. Na encosta da Serra do Curral é possível ver também o aglomerado da Serra, que ocupa uma área de 1.470 metros quadrados
Como chegar: dando adeus aos trechos planos, a descida começa a aparecer para os caminhantes, o que significa atenção redobrada
Mirante 9
Nível 3 (Percurso difícil)
Chegando a este ponto, é possível avistar a histórica Serra da Piedade, entre as cidades de Sabará e Caeté, que abriga o santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas. Sabará também aparece na paisagem
Como chegar: pernas, para que te quero! Na descida da serra, a paisagem é indescritível, mas atenção ao caminho para evitar tropeços ou quedas
Mirante 10
Nível 3 (Percurso difícil)
Por fim, o caminhante avista o Parque das Mangabeiras, a maior área verde de Belo Horizonte, que tem projeto paisagístico de Roberto Burle Marx. Lá de cima, é possível ver a mina de Águas Claras. Desativada em 2002, formou-se um grande lago com profundidade de mais de 200 metros. Uma vista bonita e curiosa!
Como chegar: os corrimãos serão cada vez mais frequentes, o que significa que o caminho será mais sinuoso. A partir desse mirante, o percurso será de pura descida, com muitas escadas feitas de madeira. Para não forçar apenas um dos joelhos, a dica é descer alternando as pernas. E só lembrando: a partir deste ponto, o nível de dificuldade se eleva para o número 4 (percurso muito difícil). Ao fim da travessia, você terá percorrido 2.300 metros de extensão em 2h30 (média)