Revista Encontro

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A plenitude de Mr. Affleck

José João Ribeiro
None - Foto: Divulgação

Pouca coisa entusiasma tanto os figurões em Hollywood quanto uma cria dos estúdios, que em sua carreira cresce e evolui, ano após ano, superando limites e expectativas. De Mickey Rooney a Ron Howard, vários são os exemplos de artistas que, ainda muito pequenos, prestam valorosos serviços à indústria cinematográfica. Além, é claro, de nos presentear com seus substanciosos currículos. Com impressionante segurança, Ben Affleck pode se orgulhar de pertencer a esse grupo. Em seu terceiro exercício de direção com Argo, o artista ocupa lugar relevante entre os mais importantes realizadores da atualidade.

 

Na trama, somos inseridos em plena revolução islâmica, que em 1979 afastou do poder o xá Reza Pahlavi, aliado dos EUA, e instaurou a teocracia no Irã, a partir do retorno da figura forte e controversa do ayatolá Khomeini. Em momento de enorme ebulição, o centro diplomático americano é invadido por uma descontente multidão. Seis funcionários conseguem escapar usando uma saída de emergência, para, logo em seguida, encontrar refúgio na Embaixada do Canadá. Ato contínuo, entra em cena o agente da CIA Tony Mendez (papel defendido por Affleck), com um plano de resgate tão absurdo que curiosamente se revela o mais viável para ser posto em prática.

 

Com apenas três filmes dirigidos, Ben Affleck se apresenta como profissional francamente maduro.

Suas escolhas e decisões são as mais acertadas, uma vez que o filme flerta com muitos gêneros: do thriller político, passando pela comédia farsesca, até encontrar o seu auge no mais fino suspense. Até mesmo as concessões são necessárias, para se encaixarem ao roteiro e à fluidez perseguida por Affleck. Caso da sequência de fuga no terminal do aeroporto, embaçada por estereótipos.

 

Este jovem cineasta merece elogios por saber explorar e dar muita corda para uma das melhores parcerias de 2012, a dos carismáticos e experientes atores John Goodman e Alan Arkin. Argo tem credenciais para arrebatar muitas indicações no próximo Oscar.

 

E a grife Quentin Tarantino está irremediavelmente associada à qualidade. Desde Cães de Aluguel (Reservoir Dogs), o cinema americano conta com um lastro, um código todo peculiar. Tarantino pode ser considerado um divisor de águas, sem nenhum exagero. Agora neste fim/início de ano, é chegada a hora de Django Livre (Django Unchained), a história de um escravo liberto na América que se submete a uma árdua preparação, com o objetivo de resgatar sua mulher das mãos de um facínora. A equação já experimentada, certamente, vai da violência sofisticada aos eufóricos banhos de sangue.

 

No elenco, a cartela repete a margem de conforto, ao mesmo tempo que injeta, em quadros estudados, a ousadia característica. Os parceiros e curingas estão presentes, como Samuel L. Jackson e a grande revelação atribuída a Quentin, o austríaco Christoph Waltz. Sem se esquecer do Django do título, vivido pelo eterno Ray Charles das telonas, Jamie Foxx, que não se fez de rogado em ocupar o posto antes idealizado para Will Smith.

 

Mas não há parâmetros para a ansiedade incontida pelo aguardado encontro de Tarantino com Leonardo DiCaprio. O titã Leonardo é o grande vilão do filme. E podemos cravar que sua composição merecerá um pedestal no vasto acervo do cineasta pop.

Django Livre tem promessa de lançamento no Brasil para o dia 18 de janeiro.

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