Revista Encontro

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Brancos fora do comum

Eduardo Tristão Girão
None - Foto: Geraldo Goulart, Leo Araújo, Cláudio Cunha, João Carlos Martins, Samuel Gê, Eugênio Gurgel

ão é por acaso que alguns deles são chamados “brancos de inverno”. São vinhos de muita personalidade (ou caráter, como preferem alguns), vincados por notas inconfundíveis e até mesmo inusitadas. Passam longe dos ditos “branquinhos de beira de piscina”, pois convidam o gourmet à degustação mais atenta, mas nem por isso são menos adequados para os dias mais quentes.

 

Os brancos fora do comum são pedidas ideais para os que procuram não apenas alguma sofisticação, mas uma experiência diferente. E a comida deve acompanhar isso. Já os preços, podem ser bem convidativos. Há desde exemplares na faixa dos R$ 50 até rótulos que passam dos R$ 100, incluindo um (o francês Zusslin Riesling Bollenberg 2009) cuja diferença entre o preço de loja e do restaurante não chega a R$ 10.

 

Por vezes, as uvas são velhas conhecidas, mas aí entram em cena fatores como terroir e vinificação, que podem garantir resultados surpreendentes. “Há sauvignons e sauvignons!”, enfatiza Márcio Oliveira, consultor de vinhos do supermercado Mart Plus. Ele se refere ao sauvignon blanc Château Reynon, da região francesa de Bordeaux.

 

Para Oliveira, um branco de “fraque e cartola” é “um vinho encorpado, austero e sério, apesar de manter o frescor típico da casta.

Estamos mais acostumados ao sauvignon blanc fresco e leve. Este é para beber sentado, enquanto os outros são aperitivos”. Outra diferença está no preço deste branco: “A maioria do que se vende custa até R$ 45. Este custa praticamente o dobro”, diz o consultor.

 

Outro branco que pede maior atenção é o português Quinta dos Roques, elaborado exclusivamente com a casta branca mais importante da região do Dão, a encruzado. Para se ter ideia, no restaurante Hermengarda, ele é sugerido pelo sommelier Jean Carlo Medeiros para harmonizar com um prato repleto de sabores fortes, o Arroz à Amado, que leva polvo, queijo coalho, castanhas portuguesas, azeite de dendê e coentro. “É um branco para quem gosta de tinto. Inclusive ele é servido em taça grande e em temperatura em torno de 13 graus”, afirma.

 

Regiões e castas não tão populares por aqui também produzem perfis únicos entre os brancos. A região do Friuli, no Nordeste da Itália, por exemplo, conquistou Helbert Alessandro, sommelier do restaurante Vecchio Sogno, e Tomaz Gomide, dono do Atlantico. “É um branco delicado, sem aquele frutado excessivo”, elogia o primeiro, que gosta do Ronchi San Giuseppe, feito com a casta friulano. Na Casa do Vinho, este rótulo sai por R$ 51,90 – o mais barato entre os recomendados. Já Gomide se encantou com o corte de chardonnay e pinot grigio do Shàrjs (R$ 105,27) quando um freguês ofereceu a ele uma taça, sem saber de que vinho se tratava. “Ele é diferente dos italianos Orvieto ou a base de pinot grigio”, justifica.

 

Outro adepto dos brancos diferentes é Rodrigo Fonseca, proprietário do Taste-Vin e da importadora Premium, que elogia o francês Vigneau-Chevreau Vouvray Sec 2009, outra opção de preço razoável, a R$ 59 (ou R$ 89 no restaurante). “Fazemos questão de ter vinhos fora do padrão e queremos que cada vez mais as pessoas queiram tomá-los, para tornar a experiência de jantar algo diferente.

Raramente as pessoas fogem do sauvignon blanc e do chardonnay. Quando tomam um chenin blanc do Vale do Loire como esse ficam encantadas. Essa uva tem gama de aromas e sabores muito grande, podendo dar origem a brancos secos, suaves e espumantes”, explica Fonseca.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

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