Revista Encontro

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Cármen Lúcia

Bertha Maakaroun
None - Foto: Iano Andrade/CB/DA/DA Press

A jurista Cármen Lúcia Antunes Rocha, nomeada ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2006, assumiu a administração das eleições falando pouco, mas mostrando a que veio: rigor com os gastos públicos, defesa do “voto limpo”, discrição, eficiência e transparência foram marcas que imprimiu à sua gestão.

 

Poucos dias após sua posse como presidente do TSE, que ocorreu em 18 de abril, ela deu o tom: disponibilizou seu contracheque no site do Tribunal, enquanto ainda seria discutido na casa como proceder diante da Lei de Acesso à Informação em relação aos contracheques dos demais ministros. Sob seu comando, a palavra de ordem foi promover o amplo acesso às informações públicas.

 

Já na primeira reunião com os presidentes dos tribunais regionais eleitorais, anunciou a implantação do processo judicial eletrônico em toda a Justiça Eleitoral. Meticulosa e comprometida com o trabalho, o balanço do pleito de 2012, maior eleição informatizada do mundo, não poderia ser melhor. A começar pela agilidade na apuração: no primeiro turno, à 1h40 da segunda-feira que se seguiu à eleição, todas as urnas das 5.568 cidades brasileiras estavam apuradas. O tempo foi recorde: 12 horas a menos em relação às últimas eleições.

 

Sem qualquer incidente grave, o pleito registrou mais de 138 milhões de eleitores, 480 mil candidatos, 2 milhões de mesários e 3.011 juízes eleitorais. Além disso, mais de 7,7 milhões de eleitores, de 299 cidades, puderam ser identificados por meio das impressões digitais na votação. As eleições foram realizadas ao menor custo desde a implantação do voto eletrônico em 1996. O planejamento, a organização das eleições e as sessões plenárias da Corte Eleitoral ainda tiveram uma particularidade.

Todo esse trabalho concorreu com o julgamento da  Ação Penal 470, o processo do mensalão, que ocorria paralelamente no STF, em quatro sessões diárias, ao longo da semana.

 

Para a trajetória desta mulher acostumada a trabalhar 15 horas por dia, entretanto, tudo é possível. “Eu aprendi que algumas coisas na vida nós temos de viver, assumir que estamos vivendo. É como a dança: se você pensar qual é o passo seguinte que precisar dar, é porque não estava preparado”, diz.

 

É assim que, 80 anos depois de a mulher brasileira conquistar o direito ao sufrágio, outra mulher o dirige. Fazendo história especialmente por não abrir mão dos valores republicanos de igualdade, liberdade, solidariedade e austeridade, e respeito no trato com a coisa pública.

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