Revista Encontro

None

Os homens fortes de Lacerda

Alessandra Mello e Juliana Cipriani
None - Foto: Breno Pataro, Divino Advincula

A fatura do apoio dado por 19 partidos para Marcio Lacerda (PSB) se reeleger, já em primeiro turno, prefeito de Belo Horizonte só deve ser conhecida em fevereiro, mas pelo menos três nomes que compõem o chamado núcleo duro da gestão do socialista podem respirar aliviados. Em meio à intensa disputa por espaço entre os aliados, há apenas uma certeza: Lacerda manterá no primeiro escalão do novo governo os três secretários com os quais divide o comando da prefeitura: Josué Valadão (Governo), Píer Giorgio Senesi Filho (Serviços Urbanos) e Marcello Abi-Saber (Relações Institucionais).

 

Todos são da estreita confiança de Lacerda e já trabalharam nas empresas que o prefeito tinha no setor de telecomunicações. Josué Valadão, de 65 anos, foi diretor de Sistemas da Construtel, especializada na montagem de linhas telefônicas. A secretaria que ele comanda pode ser considerada a coluna vertebral da PBH, responsável pelo repasse das orientações político-administrativas a todas as outras pastas, empresas, fundações e autarquias municipais.

 

Marcello Abi-Saber, de 65 anos, que tem como principal tarefa as articulações da prefeitura com a Câmara Municipal, era o braço direito do prefeito na Batik, fornecedora de equipamentos de telecomunicação. Ocupava o cargo de diretor-geral na empresa. Hoje, é encarregado de fazer ponte com os vereadores e tratar da tramitação de projetos no Legislativo municipal.

 

Ex-diretor-geral da Construtel do Chile, o secretário de Serviços Urbanos, Píer Senesi, de 58 anos, coordena a pasta responsável pela fiscalização de todos os estabelecimentos comerciais da cidade. Ele foi também tesoureiro de Lacerda na disputa de 2008 e comandou a campanha de 2012.

 

As secretarias de Valadão, Senesi e Abi-Saber são consideradas intocáveis pela maior parte das legendas que apoiaram Lacerda na disputa pela reeleição. Mas há quem arrisque investidas.

Entre as três, a mais cobiçada é a pasta dos Serviços Urbanos, que se divide em duas subsecretarias: Regulação Urbana e Fiscalização. “É um poder muito grande. Nada pode ser feito na cidade sem passar por essa secretaria”, diz um dos vereadores que apoiaram o prefeito. Nenhum dos três homens fortes do prefeito quis falar do futuro governo ou sobre a posição que ocupam na gestão de Lacerda. A justificativa é que o novo governo ainda não foi montado e que seria precipitação se posicionarem sobre o assunto. Mas para um integrante da cúpula do PSB no estado quaisquer pressões para obter um desses três cargos não terão efeito. “É muito difícil que qualquer uma dessas secretarias troque de mãos”, diz.

 

O certo é que a montagem do novo governo ainda é um assunto mantido a sete chaves, e até agora somente um nome técnico foi indicado: Leonardo Pessoa Paolutti, que assumiu a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Informação. Em uma das entrevistas concedidas logo após o término do processo eleitoral, Marcio Lacerda disse que a transição poderia levar até seis meses, ou seja, a conclusão ficaria para março. E, mais uma vez, afirmou que as indicações teriam de passar pelo crivo da meritocracia. “Haverá a contribuição dos partidos sim, mas desde que tenha a ver com a gestão de resultados.” Ele até já mandou um recado aos aliados: os cargos considerados estratégicos serão preenchidos a partir de critérios técnicos.

 

Em meio à chuva de cobranças que se anuncia, o partido não quer entrar na rota de conflito na hora de discutir a ocupação de cargos. “Já listamos algumas sugestões e devemos sentar e apresentar em breve, sabendo que o partido cresceu, mas que o prefeito tem 19 aliados para atender”, diz o presidente municipal do PSB, João Marcos Grossi. Ele, inclusive, ocupa função sem muitos holofotes, mas fundamental para o governo. O advogado de 40 anos é o braço direito de Marcello Abi-Saber na Secretaria de Relações Institucionais.

Encarregado da ponte entre a prefeitura e os partidos da base do prefeito, desempenha a função de para-raios. Todas as demandas dos aliados – cargos e obras, principalmente – chegam primeiro a João Marcos, que teve um papel de destaque na campanha eleitoral e na montagem do chapão que ajudou a eleger Lacerda. “Temos uma aliança muito grande e as reivindicações vêm na mesma proporção. Mas tudo é analisado dentro das possibilidades da prefeitura. Quanto aos cargos, os pedidos são concedidos, ou não, conforme avaliações técnicas”, garante.

 

Os três mosqueteiros

 

 
 

Josué Valadão: Secretário de Governo

 

Administrador de empresas pela UNA, trabalhou com Marcio Lacerda na iniciativa privada – diretor
de Sistemas da Construtel, do setor de telecomunicações. Antes de assumir a secretaria, foi superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)

 

 
 

Píer Giorgio Senesi Filho: Secretário de Serviços Urbanos

 

Advogado e engenheiro, foi administrador da Regional Leste, esteve com Lacerda na iniciativa privada e é um dos integrantes da Associação Mineira de Direito e Economia. É filiado ao PSB

 

 
 

Marcello Abi-Saber: Secretário de Relações Institucionais

 

Engenheiro, estudou com Marcio Lacerda no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) nos anos 1960. Ele também trabalhou com o prefeito na iniciativa privada e foi diretor-executivo da Fundação General Alencastro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, que era presidida por Marcio Lacerda

 

 
 

Ela também manda

 

Na órbita dos três mosqueteiros atua uma mulher de confiança do prefeito, também sua antiga colaboradora na iniciativa privada – Beatriz Goes (foto). Ela é encarregada de coordenar o programa BH Metas e Resultados, projetos e obras avaliados como fundamentais pelo atual governo dentro de um planejamento de desenvolvimento para a capital até 2030. O programa é dividido por áreas, entre as quais educação, meio ambiente e mobilidade urbana.

Beatriz tinha deixado o cargo temporariamente para trabalhar na campanha de Marcio Lacerda, mas, passadas as eleições, retomou seu posto.

 

Beatriz foi assessora da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, secretária-executiva do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico na PBH e diretora de administração e finanças da Prodabel, empresa de informática e informação do município. Na Construtel, era gerente de planejamento comercial e de marketing. Graduada em ciência da computação pela UFMG, com pós-graduação em gestão mercadológica (UNA) e em gestão estratégica de negócios (UFMG).

.