Um dos entusiastas do esporte é o médico Felipe Cavatoni, de 28 anos. Torcedor do time norte-americano Pittsburgh Steelers, ele promove um evento anual em sua casa no dia do Super Bowl (final do campeonato da NFL, liga de futebol americano dos EUA) desde 2005. No primeiro ano, apareceram por lá apenas cinco amigos, e alguns nem conheciam bem o jogo. No último encontro, em fevereiro, foram cerca de 20 pessoas.
A namorada de Felipe, a designer de moda Paula Othero, de 26 anos, também foi contagiada. Como brincadeira, ela escolheu torcer para o time rival ao do namorado, o Baltimore Ravens, mas a paixão ficou séria. “No ano em que comecei a torcer, o Ravens acabou chegando ao Super Bowl. Ao acompanhar o time, realmente comecei a gostar dele, então deixou de ser uma torcida só para irritar o Felipe”, conta.
Para o engenheiro Tiago Cária, de 30 anos, outra qualidade do jogo que o atrai é o fato de ele ser democrático. “É um esporte estratégico, emocionante, viciante e, acima de tudo, inclusivo. Há lugar para todos, desde o mais esbelto e atlético corredor até jogadores mais pesados”, conta o torcedor do New England Patriots, que, de tão fã, tem até planos de entrar para o time de futebol americano belo-horizontino Minas Locomotiva. “Sempre tento comparecer às partidas, quando são em BH, e pretendo participar da próxima seletiva”, diz.
Bares e restaurantes da cidade perceberam o aumento desse público e têm investido para atrair os torcedores. O Applebee’s, que já transmite partidas há quatro anos, viu a quantidade de clientes fãs do esporte aumentar pelo menos 30% ao ano.
O jornalista esportivo Paulo Antunes, que cobre o esporte desde 2006 na TV fechada, afirma que a modalidade tem ganhado adeptos em todo o país. “O crescimento tem sido incrível. Com o aumento de programas na grade e com novos patrocinadores marcando presença, vemos isso”, diz ele, destacando o interesse dos mineiros pelo esporte: “Eu arriscaria dizer que Minas fica entre os quatro ou cinco estados que mais assistem à bola oval. Isso só julgando pela participação do fã de esporte nos programas”, diz Antunes.
Segundo o vice-presidente da Federação Mineira de Futebol Americano, Marcelo Fernandes, o crescimento do número de fãs se intensificou no final da década de 1990, com a popularização da TV a cabo no país e com a superexposição do Super Bowl, que tem se tornado um evento por si só. Por isso, os fãs da modalidade em BH têm, em sua maioria, até 30 anos (o time adulto do Minas Locomotiva, por exemplo, tem média de idade de 27).
O estudante de medicina Henrique Darmstadter, de 21 anos, é um dos que têm ajudado a disseminar o esporte na cidade. Além de combinar de ver os jogos na casa de amigos para poder explicar as regras a eles, o torcedor do Indianapolis Colts ainda apresentou a modalidade para a mãe e para o irmão mais novo. “Eles já assistem ao Super Bowl comigo hoje em dia”, conta, lembrando que aprendeu o funcionamento do esporte jogando partidas no videogame. “No início as pessoas acham que é pancadaria, mas logo percebem que é um jogo que depende de técnica, força, inteligência”, afirma.
Hoje, ainda são poucas as mulheres torcedoras, mas o número de adeptas está crescendo. A publicitária Laura Gouveia, de 22 anos, é fã do New England Patriots e já acompanha as temporadas apoiando o time há cinco anos. “Acredito que foi a complexidade do jogo que me conquistou. É um esporte pensado, que para toda hora, é cheio de estratégias, jogadas e regras e que, literalmente, só acaba quando termina, pois em 30 segundos tudo pode mudar”, diz.