A constatação do filósofo norte-americano Henry David Thoreau de que muitas vezes o homem é mais próximo do seu bicho de estimação do que de seus próprios parentes pode ser comprovada na vida moderna, em que cães e gatos deixaram de ser abrigados em casinhas para ocupar um espaço cativo nos aposentos de seus donos. Definitivamente, o quintal já não é mais o único ambiente da casa que eles frequentam. Com a crescente humanização dos animais, seu território se expandiu para quartos e salas, especialmente em apartamentos, onde o espaço de circulação é reduzido. E, sem praticar atividades físicas e, não raro, passando horas a fio sozinhos, os pets ficam propensos a desenvolver vários distúrbios de comportamento – especialmente os cães, que são mais carentes de atenção humana.
Um dos problemas mais recorrentes é o excesso de latido. Os motivos podem ter diversas origens – entre elas, medo, solidão, depressão e ansiedade.
Com vizinhos indignados e proprietários desesperados, o primeiro passo é descobrir qual é a causa deste comportamento compulsivo. Os especialistas já adiantam que não existe fórmula milagrosa, mas sim algumas técnicas que, quando usadas em conjunto, surtem resultados satisfatórios. “Cada caso é diferente e demanda, portanto, uma técnica diferente, seja ela composta por tarefas, exercícios diários ou com o auxílio de algum equipamento. O importante é promover a reeducação do animal de forma positiva, sem agredi-lo”, explica Jean Cloude, terapeuta canino do programa de TV Reabilitador de Cães.
Em um período em que teve de trabalhar à noite, a empresária Maria Lúcia Cunha foi informada por vizinhos que Igor, poodle de 12 anos, não deixava ninguém dormir. “Como moro em apartamento, fiquei preocupada, porque as reclamações se tornaram constantes. Ele latia sem parar”, relembra. Orientada por um profissional, optou pelo uso de uma coleira antilatido, que emite um sinal sonoro a cada latido dado pelo cão, inibindo a prática. O som, imperceptível aos ouvidos humanos, incomoda bastante a bicharada. “Eu a utilizava apenas nos momentos em que me ausentava, de forma a não prejudicá-lo. Depois de um tempo, ele parou de latir e a coleira foi dispensada”, conta Maria Lúcia.
Apesar de apresentar vantagens, o uso da coleira antilatido é polêmico e recomendado com restrição pelos especialistas. “Adestrar um animal é como educar um filho. Ele tem de entender que, ao ouvir o sinal sonoro, é hora de parar de latir.
Com três cachorrinhas em casa e morando em apartamento, o casal Karina e Gustavo Bregunci, ambos veterinários, decidiu suar a camisa para evitar o estresse dos animais. “Faça chuva ou faça sol, seja dia comum ou feriado, não abrimos mão de levá-las para passear no mínimo duas vezes ao dia. Desta forma, elas ficam super tranquilas e quase não latem”, conta Gustavo. Tentar entender o animal e detectar o que o faz latir é mesmo a forma mais eficaz de acabar com o problema.
O que fazer para educar seu cão
- O adestramento positivo identifica a causa do problema e busca a melhor técnica para solucioná-lo
- As creches para pets podem ser uma boa opção para o animal interagir com outros bichos e diminuir a ansiedade
- Praticar atividades recreativas como passeios e brincadeiras traz satisfação aos animais e os deixa mais tranquilos
- Ter paciência e dar muito carinho ao seu pet traz segurança e diminui o estresse
- O uso de coleiras antilatido é indicado apenas em casos específicos e com orientação profissional
- A visita ao veterinário é importante para identificar se o animal está com algum problema de saúde
Fonte: veterinários consultados.