Mogiz formou-se na Escola de Belas Artes da UFMG em 2003, época em que seu trabalho passou a ganhar projeção e contornos mais sólidos, em grande parte conferidos à união de linha e agulha. “O bordado tem o lado da beleza e também do inusitado”, afirma. Sobre a entretela, um tecido transparente, ele tem o cuidado de desenhar a lápis a figura escolhida para depois aplicar o bordado, somado ao uso de miçangas e pedrarias. A tinta, é claro, não é deixada de lado. Ela entra em cena para delimitar e pontuar algo no trabalho, como o corpo das pessoas, as roupas e os objetos.
O uso da entretela, por ser transparente, possibilita o trabalho de desenhos sobrepostos em até três camadas.
Tudo que é história atrai o artista plástico, que revela uma de suas maiores tristezas: “Gostaria de trabalhar com a escrita, mas, como não consigo, tento fazer por meio das artes visuais”, diz, citando suas principais influências da literatura, como João Guimarães Rosa, Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector e Hilda Hilst. “Eles escreveram do jeito que gostaria de escrever.”
É possível perceber que as linhas em seu trabalho simbolizam as tramas, que acabam ligando personagens, figuras e símbolos diversos. Portanto, seu trabalho não se esgota em uma entretela, quadro ou em outras plataformas. Vai além. E continua ganhando vida e se reinventando a todo momento, com a ajuda do olhar do apreciador. “Todas as referências de narrativas me influenciam de certa forma”, explica. .