A gerente de projetos Fabiana Calais está entre os vários belo-horizontinos que amam cozinhar.
O estudante de medicina Otávio Pedrosa também não deixa sua paixão pela culinária de lado, mesmo comendo sozinho com frequência, devido à rotina apertada de último período de faculdade. Segundo ele, as ocasiões em que cozinha para si são ideais para exercer a criatividade total: é quando ele se sente mais livre e elabora novos pratos, aperfeiçoa receitas e harmoniza novos ingredientes. “Não abro mão de ter momentos meus para experimentar, saborear e, principalmente, curtir o ato de cozinhar”, afirma ele, que prepara receitas para si ao menos duas vezes na semana. O estudante costuma optar por massas e saladas, quando o dia está mais corrido, e carnes e frutos do mar quando tem um tempo maior para prepará-los. “Atualmente, meu xodó é um prato semelhante à tradicional bacalhoada portuguesa, utilizando camarão fresco no lugar do peixe”, revela.
Apesar de a culinária ser mais animada quando feita em grupo, com familiares ou amigos, a facilidade de encontrar produtos em porções para apenas uma pessoa tem incentivado o hábito, segundo Hans Aichinger, coordenador de hotelaria e gastronomia do Senac Minas. “A variedade e a qualidade desses produtos estão crescendo, e o acesso, tornando-se mais fácil”, explica. No entanto, ele ressalta que, como cozinhar tem se tornado mais um hobby do que necessidade, o gosto pela culinária ainda é o principal motivador de quem prepara pratos elaborados, mesmo que só para si. “O mercado de alimentação fora de casa está se expandindo cada vez mais, e para comer em casa sempre existe a opção dos congelados. Entra na cozinha quem realmente tem prazer”, diz. Ainda de acordo com Hans, fora o lazer, outra vantagem de apostar na culinária individual é que, ao preparar a própria refeição, a pessoa pode adaptar a receita apenas a seu gosto. “As pessoas têm necessidade de comer uma coisa diferenciada e caseira. Preparando só para si, o prato fica na medida de cada um”, diz.
O estudante de direito Venício Filho topa cozinhar sozinho semanalmente e encara a atividade como um relaxamento, um período em que não pensa em outras preocupações além daquelas relacionadas aos alimentos.
Venício, que é fã de risoto de camarão e de pratos com salmão, dá a dica para quem está começando agora na culinária para um: “O principal é ter organização. Quando sei que vou cozinhar, penso com antecedência no cardápio e faço as compras com base nisso. Afinal, escolher os ingredientes e ter tudo à disposição requer tempo. Ao me organizar previamente quando me disponho a cozinhar, já tenho tudo lá, não tenho de sair para comprar”, diz.
Mas esse hábito não conquista a todos de primeira. A jornalista Marina Maria, cozinheira de mão cheia, ainda está aprendendo a gostar do processo de elaborar pratos só para si. Apesar de amar a culinária, não tinha ânimo de investir em receitas individuais, motivo pelo qual evitava preparar refeições no dia a dia. No entanto, pela comodidade de conseguir passar em casa na hora do almoço, ela decidiu experimentar. “Para mim, a comida ainda tem um sentido coletivo, de oferta.
Marina diz ser importante investir em alimentos versáteis (como legumes que duram mais e verduras que possam ser usadas em outras receitas depois), ou em receitas que, se feitas em grandes quantidades, possam ser congeladas em porções individuais. “Gosto muito de fazer pratos que vão ao forno, pois tenho tempo para resolver outras coisas até ficarem prontos. Em caso de massas, escolho molhos de preparo mais rápido, que combinam com o tempo de cozimento da pasta”, afirma.
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