Publicado recentemente, um estudo realizado por cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido) comprova que os vegetarianos têm menor incidência de doenças do coração. As chances de morrerem em consequência de problemas cardiovasculares são 32% menores que as dos carnívoros, o que se explica pelo fato de o índice de colesterol e da pressão sanguínea ser mais alto entre aqueles que consomem carne. Além disso, os vegetarianos apresentam baixos índices de massa corporal (IMC) e menos casos de diabetes. Segundo Ana Vládia Bandeira Moreira, doutora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre as principais vantagens da dieta está o alto consumo de fibras, o que favorece o bom funcionamento do intestino, o aumento da defesa imunológica do organismo, além da excelente função antioxidante. Vegetariana há cinco anos, a produtora de TV Julia Lery, de 22 anos, observou melhoras em sua saúde. “Meu colesterol diminuiu e minha disposição física melhorou. Até minha família, que não é vegetariana, já prepara pratos especiais para mim.”
Para cada tipo de vegetariano é indicada uma dieta específica. Os estritos não consomem qualquer alimento de origem animal (leite e ovo, por exemplo) e, por isso, podem ter carência de nutrientes como vitaminas do complexo B, zinco e ferro, o que pode resultar no comprometimento do sistema imunológico, raquitismo e anemia. Os ovolactovegetarianos (que consomem ovos, laticínios e mel) possuem um maior equilíbrio nutricional no que tange a vitaminais e minerais. “É importante saber que deixar de ingerir esses alimentos está longe de ser uma recomendação médica.
Na maior parte dos casos, carnívoros assumidos mudam radicalmente o cardápio após adquirirem uma nova consciência existencial. Os vegetarianos são categóricos ao afirmar que, por trás do bife que se come no almoço, há vidas sendo sacrificadas – a dos animais, que são abatidos, e a dos homens que, muitas vezes, trabalham em abatedouros em condições precárias. “Há 12 anos, fui convidado a visitar um templo Hare Krishna e, a partir de então, adquiri um novo olhar sobre os alimentos. A partir do momento que eu olhava para o meu prato e via que a carne que estava ali era de um ser vivo, automaticamente eu o recusava”, conta o jornalista Romero Carvalho, de 31 anos. O processo de produção e abate da indústria de carne fez com que o fotógrafo Daniel Moreira Soares, de 34 anos, abolisse qualquer tipo de carne de sua alimentação. “Após me aprofundar na relação do homem com os animais, na maneira como eles são criados e mortos, sofri um choque de realidade. Não tive mais coragem de fazer parte disso”, diz Soares, do grupo dos ovolactovegetarianos.
A opção por não ingerir proteína animal gera polêmicas, como o possível envelhecimento precoce dos vegetarianos, que teriam maior dificuldade para sintetizar o colágeno, essencial para manter o viço da pele – o que, segundo a dermatologista Ana Cláudia de Brito Soares, não pode ser confirmado. “Desde que os vegetarianos tenham uma dieta que inclua fontes adequadas de proteínas, vitaminas e ferro, eles serão capazes de produzir o colágeno de forma adequada, evitando assim possíveis alterações de pele, cabelo ou unha.” A ingestão de colágeno hidrolisado como forma de prevenção não é indicada. “Não há estudos que comprovem que a utilização do colágeno hidrolisado previna a redução do colágeno dérmico. O ideal mesmo é consumir os alimentos necessários”, diz Geraldo Magela Magalhães, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Apesar de as proteínas vegetais não serem completas em aminoácidos como as proteínas de origem animal, elas complementam a dieta. “É importante que o vegetariano tenha uma dieta diária que inclua cereais, leguminosas, sementes, nozes, legumes e vegetais, para que tenha um aporte adequado de todos os aminoácidos necessários”, explica a nutricionista Júlia Mayrinck. E acrescenta que outra aliada forte da dieta é a soja, por possuir alto valor proteico.