Revista Encontro

Política

Escolha seu candidato

Antecipada em pelo menos um ano, a campanha para a disputa presidencial de 2014, que terá quatro protagonistas, já está nas ruas e no dia a dia do país

Isabella Souto

Não se assuste com o título desta matéria.

Ainda estamos em meados de 2013. Mas, na prática, o jogo político – um autêntico tabuleiro de xadrez, onde cada movimento é estrategicamente estudado – para as eleições presidenciais de 2014 já começou. Os quatro protagonistas estão se mexendo intensamente, tanto nos bastidores quanto nas aparições para a plateia. Com tamanha movimentação, o debate e as candidaturas foram antecipados em pelo menos um ano.

Deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG): "Eduardo será candidato. Mas teve de recuar um pouco para não se expor demais" - Foto: Luiz Cruvinel/Agência CâmaraNo campo do governo, a presidente Dilma Rousseff (PT), respaldada por altos índices de popularidade – e com o aval de seu principal cabo eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – é a principal peça e se prepara para tentar a reeleição. No xadrez, sua força equivale à da rainha. O campo da oposição tem mais peças. Lá estão o senador Aécio Neves (PSDB-MG),  no papel de rei, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como bispo, e a ex-senadora Marina Silva, que avança como torre.
Todos têm um dever de casa a fazer (ver quadros). Para a oposição, é fundamental levar a eleição para o segundo turno. Para isso, quanto mais candidatos, melhor, principalmente para tirar votos de Dilma no Nordeste.

A presidente sabe disso. O Nordeste tem sido um dos seus principais destinos de viagem desde o início do ano.  A Minas, Dilma veio no meio de abril com o ex-presidente Lula para participar de um seminário de comemoração dos 10 anos do PT no poder – e chegou com um pacote de bondades debaixo do braço. Em um só dia, anunciou a construção de uma fábrica de insulina em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); entregou 1.640 casas do Programa Minha Casa, Minha Vida em Ribeirão das Neves e distribuiu 108 equipamentos e máquinas a prefeitos.

Aécio começou o ano buscando espaço em São Paulo, onde parte do PSDB é ligada ao ex-governador José Serra, eterno candidato presidencial. Em maio, foi eleito presidente nacional do PSDB com o apoio de dois expoentes paulistas – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A grande incógnita é Serra, que ainda não abraçou abertamente a candidatura do senador mineiro.

O tucano, contudo, já se prepara para percorrer o país. “Esgotamos a etapa da convenção nacional, que era focada na construção da unidade interna. Vamos começar agora uma nova fase, que é o diálogo com a sociedade”, diz o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana (MG). “O Aécio vai se colocar como porta-voz do partido”, completa.

Deputado federal Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB: "Vamos começar uma nova etapa. Aécio será o porta-voz do partido" - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A PressJá Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula e detentora de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, tenta colocar de pé seu partido, o Rede Sustentabilidade. Já esteve em Minas para promover o Rede e buscar as 550 mil assinaturas necessárias para confirmar a criação da legenda. Não tem poupado críticas ao governo.

Marina tem sido cortejada por Aécio  e  pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Mesmo às voltas com o racha em seu partido – a ala ligada aos irmãos Cid (governador do Ceará) e Ciro Gomes (ex-ministro do governo Lula) defende a reeleição de Dilma –, Campos já afirmou que será candidato e passou os quatro primeiros meses do ano com um discurso de oposição.
Nas últimas semanas,  tirou o pé do acelerador. “O Eduardo é candidato em 2014, mas a partir de agora vai dar uma segurada, pois estava em ritmo muito acelerado e poderia acabar se expondo demais”, diz o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).

Na avaliação do cientista político Rubens Figueiredo, da Cepac Pesquisa e Comunicação, os eleitores brasileiros vivem um momento sui generis. “Dilma tem um nível de aprovação superior ao Lula em seus melhores momentos – um quadro que serviria para desestimular candidaturas da oposição. Mas, ao contrário, temos nomes fortes para a disputa”, afirma. Para ele, a oposição aposta em um possível desgaste petista (o que seria natural depois de 12 anos no poder) para levar a disputa para o segundo turno. E, aí, tudo pode acontecer.

Dilma Rousseff

(presidente da República pelo PT)

 

Pontos fortes


Pontos fracos

 

Discurso

Dilma deve reforçar os avanços sociais do país, principalmente com o Bolsa Família, e dizer que a economia vai bem, baseada nas taxas baixas de desemprego e no fato de que milhares
de pessoas deixaram o nível de pobreza nos últimos anos

Aécio Neves
(senador pelo PSDB e ex-governador de Minas)

Pontos fortes

 

Pontos fracos

 

Discurso

Deve reforçar os avanços sociais e a estabilidade econômica obtida no governo FHC, mostrar os pontos positivos de sua administração no governo de Minas, fortalecer a imagem de seu avô, Tancredo Neves, atacar as falhas do governo federal e mostrar que o país tem condições de crescer mais, tanto no campo econômico quanto no social 

Eduardo Campos

(governador de Pernambuco pelo PSB)

Pontos fortes

 

Pontos fracos

 

Discurso

Deve se apresentar como a “novidade” na política, livre dos ranços tradicionais e responsável por uma administração de sucesso em Pernambuco

Marina Silva

(ex-senadora e ex-ministra de Lula)

Pontos fortes

 

Pontos fracos

 

Discurso

Tal como Eduardo Campos, deve se apresentar como a “novidade” na política, criticando os abusos
contra o meio ambiente e a corrupção

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