Criado em 2008, o plano diretor de iluminação de Ouro Preto deve custar R$ 30 milhões e foi divido em cinco módulos. O primeiro, que contempla seis igrejas e tem custo estimado em R$ 10 milhões, já está em andamento, com a finalização do projeto de iluminação das igrejas Nossa Senhora do Rosário e São Francisco de Assis. Falta, agora, a sua implantação, e a previsão é de que seja feita nos próximos quatro meses. “A gente pretende que, assim que essa primeira etapa estiver pronta, consigamos o título de cidade-luz”, diz José Alberto Pinheiro, secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto. O plano diretor é uma iniciativa da prefeitura, mas seu gerenciamento e captação de recursos está a cargo da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (Adop).
Apesar de o país abrigar grandes nomes da arquitetura, para elaboração do projeto luminotécnico foi escolhido o escritório do light designer Gustavo Avilés, do México, que desde 1984 trabalha com esse tipo de obra.
Tal como ocorreu em Paris e nas demais cidades-luz, o projeto de iluminação leva em conta a riqueza visual da cidade. Em Ouro Preto, onde se concentra grande parte das obras do mestre Aleijadinho, isso não seria diferente. De acordo com a arquiteta Talina Águila, do escritório de Gustavo Avilés, o projeto considera a interação do barroco das construções históricas com a paisagem montanhosa e sinuosa da região. “Nossa intenção foi tirar vantagem da topografia desigual da cidade, levando o público a uma visão mais definida do conjunto arquitetônico”, diz. Com relação ao título de cidade-luz, a arquiteta explica que o pedido enviado a Luci mostra o “uso da luz como principal ferramenta urbanística e de desenvolvimento socioeconômico, além de se manter uma preocupação ambiental”. Por isso foi escolhido o LED, que tem baixo consumo de energia e quase nenhuma emissão de calor.
Quando tudo estiver funcionando, por ter-se utilizado o LED, que é uma fonte de luz digital – que pode ser controlada por computador –, será possível criar iluminações temáticas, inclusive de acordo com a época do ano. Por exemplo, as igrejas podem receber tons roxos durante a quaresma. A ideia é que em dois anos, o módulo 1, com a iluminação de seis igrejas, esteja totalmente implantado.
Apesar do clima de euforia gerado pelo projeto de iluminação, nem tudo reluz em Ouro Preto. Em fevereiro, os mineiros receberam a notícia do fechamento da igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no século XVIII e que guarda os restos mortais de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Lá também se encontra um museu em homenagem ao grande mestre do barroco. Segundo o cônego Luiz Carlos Carneiro, responsável pela igreja, a decisão radical se deve a um problema no telhado, que está com as quatro estruturas, chamadas tesouras, comprometidas e em risco de desabamento.
O religioso tomou a decisão sem consultar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela manutenção do bem, que é tombado na esfera federal. “Após análise de uma empresa de arquitetura e engenharia, a recomendação foi de fechamento imediato”, explica o cônego. As peças do Museu do Aleijadinho, que funcionava na antiga sacristia, foram levadas para a igreja de São Francisco de Assis, que fica próxima à praça Tiradentes.
A diretora do Iphan, Jurema Machado, determinou que sejam feitas obras emergenciais: “O museu não corre risco, e vamos usar recurso do nosso orçamento ordinário para as intervenções de urgência”. O escoramento do telhado já foi providenciado e a igreja aguarda, agora, investimento de R$ 6,5 milhões provenientes do PAC Cidades Históricas. O valor será liberado assim que o projeto de restauração for aprovado pelo Iphan. Ele está em análise no órgão federal..