Revista Encontro

Veículos | Segurança

Tem de usar

Muitos motoristas ainda transportam crianças sem a cadeirinha e, só neste ano, em Belo Horizonte, já foram registradas mais de 200 infrações

Simone Dutra

As campanhas de conscientização para o uso das cadeirinhas em veículos automotivos vêm sendo cada vez mais intensificadas.

Mas, mesmo com muita informação e a obrigatoriedade do uso desse equipamento – considerada infração gravíssima, sob pena de pagamento de multa de R$ 191,54 e perda de sete pontos na carteira de habilitação para quem desobedecer –, muitos motoristas insistem em ignorar as leis e transportam as crianças sem o assento adequado. Assim, além de infringir as normas, demonstram que não estão preocupados com o mais importante: a segurança dos pequenos.

A discussão voltou à tona por causa de um acidente no mês passado, no Sion, região Centro-Sul de BH, em que um menino de 4 anos morreu ao ser prensado pelo carro da família. A criança não estava na cadeirinha e a porta traseira estava sem trava de segurança, o que permitiu que ela saísse do veículo sem que a mãe percebesse. Ao ver a criança fora do carro, a mãe, assustada, desceu do veículo para buscá-lo – mas esqueceu-se de puxar o freio de mão. O carro se moveu e atingiu a criança. “A trava não é obrigatória, porque, no caso de acidente como incêndios, quem está dentro não consegue sair. Ela é mais um importante item de segurança”, afirma a delegada geral da polícia e coordenadora de infrações e controle do condutor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), Inês Borges Junqueira.

De acordo com a delegada, de janeiro a maio deste ano, foram registradas 223 infrações por transporte de criança sem uso dos equipamentos.
Em todo o estado, o total chega a 1.349 infrações. No mesmo período de 2012, a capital mineira registrou 176 infrações, e em Minas foram 946. “A responsabilidade sobre todos que estão dentro do veículo é do motorista. Portanto, quando os passageiros entram no carro, o condutor deve exigir o uso do cinto de segurança e que as crianças sejam transportadas em assentos específicos para elas”, diz Inês Junqueira.

Patrícia Silva Costa não abre mão de uma cadeirinha com muito conforto para transportar seu filho Yuri: %u201CTodo cuidado é pouco%u201D - Foto: Tiago Mamede/Encontro

A família de Tassiana Leite Portela Cançado passou por um susto há três anos. Seu marido, Leonardo Cançado, dirigia um Toyota Rav4 quando cochilou no volante e carro caiu numa vala, rodou e capotou. Nele, além do casal, estavam a filha Ana Carolina, na época com 3 anos, e a babá. “Não sei o que poderia ter acontecido se não fosse a cadeirinha”, conta a mãe, aliviada. Tassiana teve queimadura por causa do airbag e a babá trincou os ossos da bacia. Ana Carolina saiu ilesa.
De acordo com o ortopedista infantil Leonardo Cury Abrahão, se a criança for transportada apenas com o cinto de segurança e houver colisão, pode lesionar a coluna e até mesmo ser enforcada pelo cinto. No caso da falta da cadeirinha e do cinto, ela pode bater de um lado para o outro, ser lançada para fora do veículo, sofrer traumatismo craniano, contusões torácicas e abdominais, fratura dos ossos e até morrer. “Outro erro grave é carregar uma criança no colo. Se houver batida, com o impacto, a criança pode ser esmagada e quem a estiver segurando certamente vai soltá-la”, afirma o especialista.

A engenheira Patrícia Félix da Silva Costa sempre se preocupou com a segurança dos dois filhos, Armstrong, de 14 anos, e Yuri, de 4.
“Hoje, se vou à esquina com o Yuri, ele vai sentado na cadeirinha e afivelado pelo cinto”, conta. E, para garantir que nada aconteça, no lado onde está instalada a cadeirinha do mais novo a porta não abre por dentro. A abertura é feita apenas pelo lado de fora do veículo. “Quando penso na segurança dos meus filhos, todo cuidado é pouco”.

Faça a coisa certa

Em setembro de 2010 foram deliberadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), algumas normas em relação ao transporte infantil:

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