A concessionária Automark, da Kia, não confirma se vai reabrir.
Outra que também foi duramente atingida é a revendedora de veículos Caoa Hyundai, localizada na esquina das avenidas Antônio Carlos e Antônio Abrahão Caram. Procurada para falar sobre o ocorrido, a empresa não se manifestou. Mas, segundo a CDL/BH, a concessionária afirmou que não continuará no local.
De acordo com o presidente do Sindicato de Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Moraes Filho, as empresas realizaram reunião com a secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck, para resolver a questão dos danos. “Nada ficou acertado. Mas ela ficou de averiguar o que realmente aconteceu naqueles dias em relação à segurança.
A Mila, concessionária mais antiga da cidade, com 65 anos de existência, também foi muito agredida. O diretor das duas unidades – Antônio Carlos e Pampulha –, Antônio João Teixeira, afirma com firmeza que não existe a possibilidade de sair do local: “Se uma empresa não tiver segurança para trabalhar, o Brasil vai parar”, desabafa. Como estava prevendo o caos no terceiro dia de manifestação, ele colocou 80 vigilantes armados na loja da Pampulha, na avenida Professor Magalhães Penido. “Tive 50 metros de vidros quebrados e o prejuízo foi maior do que R$ 400 mil. Sem contar o dano comercial”, afirma Teixeira.
Várias outras lojas também sofrem com o vandalismo. O recém-inaugurado Plaza Antônio Carlos teve o muro de vidro blindado completamente quebrado. “No ponto de ônibus em frente tinha uma placa apoiada em bloco de concreto, que foi usada para quebrar os vidros. O prejuízo foi de R$ 100 mil”, revela o administrador Camilo Anselmo de Oliveira.
Segundo o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, o que a instituição conseguiu para os lojistas da avenida foi a prorrogação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Serviços (ISS) junto aos governos estadual e municipal. “O prejuízo pode chegar a R$ 80 milhões. Estamos vivendo um momento de total insegurança.” Ainda de acordo com Falci, o vandalismo pode, inclusive, prejudicar o setor imobiliário na região. “Infelizmente, os imóveis podem sofrer desvalorização por causa dos maus manifestantes”. Isso já está acontecendo. Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) mostrou que, de maio a junho deste ano, o aluguel do metro quadrado de imóveis comerciais tipo loja de frente, na região da Pampulha, variou de R$ 31,06 para R$ 26,84, queda de R$ 4,22.
O proprietário da concessionária Nissan, Luiz Soeiro, que teve prejuízo de R$ 200 mil, não perde as esperanças. “Não é por causa de alguns vidros quebrados que vou sair daqui, até porque a Antônio Carlos é a melhor avenida de BH. Ela liga o centro da cidade à Linha Verde, além de ter ótimas opções de revendedoras de carros.” Ele aposta tanto na via e no comércio da região que, daqui a alguns meses, vai inaugurar uma Citroën ao lado da Nissan. Quem também acredita no comércio da avenida é o diretor da Nova Banzai, Camilo Gomes. Com previsão de inauguração para setembro deste ano, só não abriram antes por questões administrativas. “Era para ter sido aberta em abril, mas por sorte não deu certo, senão possivelmente estaríamos nas estatísticas de prejuízo”, diz.
Mas não só o setor privado teve estragos. Radares também foram destruídos e alguns ainda estão desligados. Segundo a BHTrans, os equipamentos de fiscalização eletrônica estão sendo reparados e, em algumas semanas, estarão aptos ao funcionamento. E, de acordo com a Regional Pampulha, o viaduto José de Alencar, no bairro São Luiz, que teve muros e pilastras pichados, já recebeu pintura nova nos locais. O esqueleto das estações do BRT também foi pichado, mas não sofreu depredações. As obras continuam a todo vapor, com previsão para ser entregue até dezembro deste ano. E assim caminha a avenida Antônio Carlos, tentando se erguer dos prejuízos e, ao mesmo tempo, se modernizando.
.