Em um dos vários jardins da avenida Santos Dumont, os operadores de telemarketing Darlen dos Santos Gonçalves, de 20 anos, Bruna Jaqueline da Silva, de 24, e Cristina de Sá Rocha, de 37, descansam durante o horário de almoço.
Geraldo Sávio Paiva, de 59 anos, é proprietário há 20 anos de uma loja de calçados na rua Rio de Janeiro, entre as ruas Tamoios e Goitacazes. Por isso, conhece bem o antes e o depois da requalificação pela qual a via passou em 2007. "As vendas até aumentaram.
Não são apenas os pequenos lojistas que comemoram a nova fase do hipercentro. Há 23 anos na região, o Shopping Cidade – com acesso pelas ruas São Paulo, Goitacazes, Rio de Janeiro e Tupis – também está nesse bolo. A fachada do prédio ganhou novo layout para acompanhar as melhorias no entorno. "Investimos R$ 30 milhões em 2008. E o retorno foi muito positivo, pois trouxe conforto e mais segurança aos nossos clientes e demais pedestres", diz Carolina Vaz, gerente de marketing do shopping.
Outras duas vias representam bem a nova atmosfera da região central: as avenidas Santos Dumont e Paraná. Quem não se recorda dos congestionamentos, sobretudo, em horários de pico, a sujeira e a confusão provocada pelo comércio irregular nessas vias? Hoje, a cena é bem diferente. Os corredores ganharam cara nova para receber as estações do Move. Resultado: vias mais limpas e agradáveis até para um passeio. Quem compartilha dessa avaliação é a professora de matemática Maria de Fátima Gonçalves, de 45 anos. Ela mora na rua da Bahia e aproveitou a folga do trabalho para ir ao Centro Cultural da UFMG, na avenida Santos Dumont. "Antes, tinha até medo de passar por aqui, pois era muito cheio de gente e os criminosos aproveitavam para agir", afirma.
Afinal, está, de fato, mais seguro caminhar pelo hipercentro? Para o major Gedir Rocha, subcomandante do 1ª Batalhão da Polícia Militar, responsável pela área central, sim. "As ruas e avenidas revitalizadas receberam nova iluminação e ficaram mais limpas. Somado a isso, temos a ajuda das câmeras do Olho Vivo.
As intervenções na área central foram iniciadas em 2005, quando a prefeitura entregou a reforma da praça Sete, incluindo os quatro quarteirões fechados que cercam o famoso Pirulito. As obras fizeram parte do Programa Centro Vivo, que chegou com a proposta de trazer de volta os moradores para o centro. Foi o caso de Vera Lúcia Morais, que se mudou para a região e hoje não a troca por nada. "Além de ter tudo perto, aproveito as novas opções culturais, como o Sesc Palladium e o Cine Brasil", diz.
O mercado imobiliário também se aqueceu na região. Cássia Ximenes, vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), acredita que os negócios na região se tornaram promissores.
Para Vitor Diniz, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Região Central (Amarce), o centro voltou a ser valorizado. Contudo, ainda há muito o que fazer. "A praça da Rodoviária, por exemplo, merece uma revitalização, que pode acontecer se o projeto do Centro Administrativo da PBH sair mesmo do papel", afirma. Outra preocupação do morador é com os prédios abandonados, que acabam atraindo atividades ilícitas. Para Diniz, finalmente, o centro, com 18 mil moradores, passou a fazer parte também do crescimento e melhorias da cidade. "O hipercentro é palco não só da vida de seus moradores, mas sim de todo cidadão mineiro", diz.