Não é coincidência que esses lenhadores modernos tenham surgido num momento em que barbas estejam em alta. E não apenas as curtas e aparadas, mas barbonas mesmo, cheias e longas. Aliadas a roupas que lembram atividades ao ar livre, como botas de trekking, mochilas de acampamento, gorros de tricô – apesar de os lumbersexuais serem basicamente urbanos –, essa tendência traz à tona a masculinidade combinada ao estilo.
E já se foi essa história de homens terem vergonha de acompanhar tendências e definir seu estilo. O pintor e tatuador Frederico Rabelo, de 24 anos, gosta de uma bota de couro, um tricô mais pesado e calça jeans. E, claro, de sua barba, que mantém há cerca de três anos, depois que deixou crescer uma vez e achou que ficava bem. “Acredito que a roupa é uma eficaz comunicadora. Se alguém acompanha tendências, se faz valer a expressão individual da roupa, ou se nem se dá conta de nada disso, de qualquer forma, seu jeito vai transparecer em como se veste”, diz. “A moda é uma linguagem potente de expressão. Quanto mais você se conhece, mais seu estilo se afirma.”
Como todo estilo, a tendência lumbersexual também se adapta ao gosto de cada um, e daí surgem ainda mais possibilidades. Há aqueles que se aproximam mais do estilo rockeiro (com tatuagens, jaqueta de couro, bota preta), os que são mais hipsters (blusas com estampas ou xadrez, óculos de armação grossa, roupas vintage), os mais folk (blusas de lã estampadas, gorro), etc. As opções são inúmeras.
O diretor de criação e desenvolvimento Leandro Matos, de 25 anos, é mestre em misturar looks e propostas de moda. “Sempre uso o que gosto, dentro da tendência”, diz ele, que também é produtor de eventos. “Tenho jaquetas de couro, botas, gosto do estilo despojado, esporte. Já a camisa xadrez, que é bem característica do lenhador, até tenho e usei bastante, mas hoje não uso tanto”, diz.
É claro que o homem barbudo, com aspecto mais largado, sempre existiu. Contudo, ele andou um pouco em baixa com a onda dos metrossexuais. Assim, a moda também pegou quem sempre teve essa referência, muito antes de ela se tornar o estilo do momento. É o caso do empresário Marcelo Diogo, de 37 anos, que, só no quesito “barba”, já tem duas décadas de experiência. “Esse estilo é algo que está em vigor agora.
Amante de motocicletas, Marcelo diz que seu estilo varia de acordo com a ocasião, podendo ir do motoqueiro até o formal, quando necessário. “Tenho estilo por situações, como o trabalho, que requer algo mais social, e o lazer, que é andar de moto. E sempre busco uma coisa diferente do modismo e do que todo mundo está usando”, explica.
Agora é esperar para ver como os lenhadores vão lidar com o auge do verão brasileiro. Botas, flanelas, tricôs e barbas enormes talvez não fiquem confortáveis no calor de 40 graus. O jeito é adaptar, segundo o stylist Marcelo Brasiliense. “Penso que os lumbersexuais deverão fazer ajustes ao estilo. A camisa xadrez de flanela pode ser substituída por uma de algodão de manga curta, as calças por bermudas e a bota, por um chinelo ou sandália. Em se tratando de estilo e de vanguarda, nada tem regras.”.