Revista Encontro

Infraestrutura

BH tem muitas obras "em andamento"

Os belo-horizontinos continuam à espera da conclusão de importantes obras para a cidade, que estavam previstas para 2014. Saiba quais são elas e em que fase se encontram

Belo Horizonte se despediu de 2014 com um gostinho de “poderia ter sido melhor”.
Importantes obras de infraestrutura, previstas para serem concluídas ou iniciadas no ano da Copa, tiveram de ser adiadas para 2015: Anel Rodoviário, requalificação da lagoa da Pampulha, construção do Espaço Multiuso do Parque Municipal, terminal de passageiros do aeroporto de Confins e revitalização do viaduto de Santa Tereza. José Lauro Nogueira Terror, secretário municipal de Obras e Infraestrutura, reconhece que não é fácil tocar uma obra pública.

“O projeto executivo tem de ser de excelente qualidade, pois a obra sofre muito quando ele apresenta lacunas ou não é muito claro”, afirma. Outro desafio é conciliar as várias partes de uma obra. “É o confronto da realidade com aquilo que está sendo idealizado no projeto”, diz Nogueira.

Esses são apenas alguns dos motivos que podem emperrar os trabalhos. Há intervenções que se arrastam por anos, transformando-se numa verdadeira novela. Em BH, os exemplos são a lagoa da Pampulha e a tão esperada reforma dos 27,3 km do Anel Rodoviário.
A primeira teve de ser paralisada durante a Copa do Mundo e a limpeza definitiva do espelho d’água só deve começar depois que a chuva passar – e a Copasa concluir a instalação da rede coletora de esgoto.

Já as datas de início das obras do Anel são tão fluidas quanto as águas da Pampulha. Para saber em que pé estão essas e outras intervenções, Encontro apurou junto à PBH e ao governo estadual, entre outros órgãos, os motivos dos atrasos e a nova data de conclusão. Mesmo assim, a pergunta é válida: sai em 2015?

- Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D A. Press

Requalificação da lagoa da Pampulha

Custo: R$ 5.727.759,87
Previsão de término: 2º semestre de 2015

O principal cartão-postal da capital mineira segue em obras. Apesar de o site da PBH ainda informar o segundo semestre de 2014 como data de finalização da requalificação da lagoa da Pampulha, o que os moradores veem são tapumes e máquinas ainda trabalhando. O desassoreamento foi concluído em outubro. Mas a limpeza, que todos esperam acabar com o tradicional mau cheiro, deve ser iniciada no próximo ano, depois do período chuvoso.

Entretanto, antes disso, espera-se que a Copasa termine a implantação de 4 km de redes interceptoras na região de Contagem e a interligação de pontos das redes já instaladas, para evitar o lançamento de esgoto na lagoa. O entorno da bacia também está em obras, como é o caso das praças Aleijadinho, Dino Barbieri, Expedicionário Lourival Casemiro Pereira e do Vertedouro. Contudo, as intervenções tiveram de ser paralisadas durante os 30 dias da Copa do Mundo, como previa o contrato da cidade-sede com a Fifa.

- Foto: Leandre Couri/EM/D A. Press

Aeroporto de Confins (terminal de passageiros)

Custo: R$ 255 milhões
Previsão de término: em definição

As obras do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, seguem paralisadas desde agosto. O consórcio Marquise/Normatel, que tocava os trabalhos, abandonou o canteiro de obras alegando problemas financeiros. O caso foi parar na Justiça, que decidiu pela suspensão do contrato com o consórcio em vez de rescisão.

Por isso, as melhorias que estavam previstas para antes da Copa devem ser reiniciadas só mesmo em 2015, mas ainda sem data certa. A Infraero informou que vai acatar a decisão judicial.
O site Portal da Transparência revela que a obra foi paralisada faltando ainda 48% para ser concluída. A ampliação da pista de pouso, também prometida para o Mundial de futebol, está parada, segundo a Infraero. O prazo precisou ser revisto.

- Foto: Paulo Filgueiras/EM/D A. Press

Anel Rodoviário

Custo: em definição
Previsão de término: em definição

Não é difícil encontrar motoristas que tentam a todo custo evitar o tráfego do Anel Rodoviário – e, pelo visto, a tônica vai se repetir em 2015. Os 27,3 km da via seguem à espera de uma reforma completa. Chegou-se a ser firmado um termo de compromisso entre o governo de Minas e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para que o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) executasse as obras em um trecho de 5,2 km.

Contudo, parecer da Advocacia Geral do Estado discordou da modalidade de licitação e a responsabilidade das obras voltou a ser do Dnit, que aguarda a revisão dos projetos pelo DER-MG. Portanto, sem data para as obras.

- Foto: Samuel Gê/Encontro

Centro multiuso do Parque Municipal

Custo: R$ 11.849.403,38
Previsão de término: 1º semestre de 2015

Projetado pelo arquiteto mineiro Gustavo Penna, o espaço para 3 mil pessoas está brotando na área do antigo Colégio Imaco, no parque Américo Renné Giannetti (Parque Municipal), no Centro. Mas a passos lentos. A ordem de serviço da obra foi emitida em março de 2013. No entanto, os belo-horizontinos só poderão desfrutar do empreendimento em 2015.


A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), responsável pela execução de obras públicas municipais, solicitou algumas mudanças no projeto em relação à fundação. “Optamos por não alterar nada sem antes conversar diretamente com o arquiteto responsável”, diz o secretário de Obras. Com isso, os valores tiveram de ser revisados e a data de conclusão, adiada.

- Foto: João Carlos Martins/Encontro

Viaduto Santa Tereza

Custo: R$ 3.999.509,16
Previsão de término: 1º semestre de 2015

O viaduto de Santa Tereza, um dos mais antigos de BH, iniciou uma reforma que transformaria – até a Copa do Mundo – seu baixio em um espaço de lazer e de esportes, com pistas de skate e de bicicleta. Mas... “Tivemos de aproveitar para fazer uma revisão mais profunda de toda a estrutura”, afirma José Lauro Nogueira, secretário municipal de Obras e Infraestrutura, sobre o atraso. O guarda-corpo e o passeio do viaduto estão sendo recuperados. O fato é que 2014 não foi bom para os nossos viadutos. Em julho, na avenida Pedro I, em Venda Nova, o viaduto Batalha dos Guararapes, ainda em construção, foi ao chão, levando duas vidas e ferindo outras 23. Outra estrutura, o Montese, sobre a mesma via, passou por longos nove meses de avaliação depois que problemas estruturais foram constatados.

Como se não bastasse, segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), os viadutos Santa Tereza e Floresta, na região Central; Helena Greco, no Barro Preto; Pedro Aguinaldo Fulgêncio, no Santa Efigênia; Complexo da Lagoinha, na Lagoinha, e Engenheiro Andrade Pinto, que fica no Barreiro, sofrem com a falta de manutenção, como Encontro divulgou com exclusividade na edição de julho..