Revista Encontro

Cidade

Feriados: folga para uns e prejuízo para outros

Enquanto o turismo vibra com o calendário deste ano, comércio da capital já estima prejuízo de mais de R$ 1 bilhão com número de feriados

Geórgea Choucair
Assim que tomou conhecimento de que o ano teria muitos feriados, o servidor público Celso Renato Dutra Júnior não perdeu tempo.
Tratou logo de programar três viagens, uma delas para a Europa. “Viajar é meu hobby. E os feriados ajudaram muito”, diz Júnior. Não à toa, a Associação Brasileira das Agências de Viagens de Minas Gerais  (Abav-MG) está otimista. A expectativa é de que o setor cresça entre 20% e 25% em 2015. “Estamos apostando nos feriados”, diz Antônio da Matta, presidente da Abav regional. Segundo ele, o segmento cresceu abaixo do esperado em 2014 (cerca de 12%), em função da Copa do Mundo e eleições.
Agora, é a vez de ir à forra.

As agências de viagens também se anteciparam para oferecer pacotes específicos para cada feriado. Destinos como Argentina, Chile, Peru, Caribe e praias do Nordeste, especialmente Fortaleza, Natal e João Pessoa, são os preferidos. “As operadoras fazem parcerias com hotéis e companhias aéreas para baixar os preços”, diz o presidente da Abav. “No carnaval, é aplicada tarifa de alta temporada. Depois os valores tendem a cair.”

A Master Turismo começou a organizar seus pacotes com um ano de antecedência, com o bloqueio de alguns voos. “Os profissionais liberais são os que costumam aproveitar ainda mais esses períodos”, diz Alexandra Peconick, gerente da Master. Em janeiro, a agência teve crescimento de 20% nas vendas, na comparação com mesmo período de 2014. “E a procura deve crescer ainda mais depois do carnaval”, diz Alexandra.

A Greentours também espera 20% de crescimento nas vendas em 2015, na comparação com o ano passado, segundo a diretora Flávia Fulgêncio. “As pequenas viagens ajudam a aquecer o mercado”, diz Flávia. Já a Belvitur garantiu fretamentos para todos os feriados. “As negociações começam com oito a dez meses de antecedência”, diz a gerente Chrystiane Cintra de Oliveira.

O casal Ramon Viana e Larissa Figueiredo também está com viagens planejadas. Apesar de organizarem tudo com antecedência, eles enfrentaram dificuldades na hora de fechar os pacotes. Se comparado com a primeira quinzena de janeiro, o valor da diária de hotel no Rio de Janeiro, durante a Semana Santa, subiu quase R$ 30.
“E não há mais disponibilidade de cama de casal”, diz Larissa.

O casal Ramon Viana e Larissa Figueiredo marcou passagens e hotel com antecedência, mas ainda assim enfrentou dificuldades em razão da grande procura: "Para a Semana Santa, não há mais disponibilidade de cama de casal", diz Larissa - Foto: Dênis Medeiros/Encontro

Mas, se o calendário de 2015 trouxe alegria para muita gente e animou o turismo, o grande número de feriados preocupou o comércio. Com o esvaziamento das lojas, o prejuízo do segmento pode chegar a R$ 1 bilhão só na capital, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “A maioria dos setores de comércio e serviços vai perder”, diz Bruno Falci, presidente da CDL-BH. “As pessoas que saem gastam fora daqui. Quando voltam, estão com o orçamento apertado.”

Só no carnaval, com o fechamento das lojas – o expediente só volta ao meio-dia da quarta-feira de Cinzas –, a perda financeira fica próxima de R$ 190 milhões. Apesar de o carnaval ter começado a se tornar referência em Belo Horizonte, em função dos blocos, o balanço ainda é negativo, segundo Falci. “O comércio fica fechado. Os bares e restaurantes que abrem as portas podem ajudar a melhorar os danos, mas não conseguem evitar o prejuízo”, diz.

“Cada feriado corrói em quase 10% a lucratividade do mês do comércio, independentemente do dia em que cai”, diz o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato Filho. Os mais prejudicados, segundo ele, são os lojistas do hipercentro e bairros. Para minimizar, o Sindilojas espera negociar com os comerciários a abertura das lojas em mais da metade dos feriados.
“É para a cidade não parar”, diz Nadim Filho. O certo é que, desde 2012, não se viam tantos feriados com possibilidade de “enforcamento” como agora. Alegria de uns, tristeza de outros.

Os próximos feriados de 2015

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