Um dos trechos mais críticos, segundo especialistas, fica entre os bairros Olhos D’Água e Betânia. Apenas em junho, três graves acidentes foram registrados no local. Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas.
A reportagem de Encontro percorreu os trechos mais perigosos: altura do bairro Betânia, próximo à avenida Tereza Cristina, e sobre a avenida Antônio Carlos. Em todos os pontos foi notado tráfego intenso de caminhões e carretas e, o pior, com os veículos de carga transitando pela faixa da esquerda, infringindo o que prevê a legislação de trânsito.
Um remédio para amenizar o problema foi anunciado há três anos: a construção do Rodoanel. A nova via, em sua primeira fase chamada de Contorno Norte, ligaria os municípios de Sabará a Betim com a promessa de tirar 48% do tráfego pesado do confuso Anel Rodoviário. A largada para a obra foi dada em junho do ano passado. A licitação foi vencida pela concessionária Rota do Horizonte, formada pelas empresas Odebrecht TransPort, EcoRodovias Infraestrutura e Logística e Barbosa Mello Participações e Investimentos. Entretanto, o governo atual informou, em nota, "que o valor do empreendimento, licitado na modalidade parceria público-privada (PPP) , de R$ 7,1 bilhões, foi considerado incompatível com a disponibilidade orçamentária do estado." Portanto, ainda sem data para as obras, que levariam três anos.
Apesar de a abertura do Contorno Norte se tratar de um avanço, para o consultor de transporte e trânsito Osias Baptista Neto não será suficiente para amenizar o tráfego no trecho mais perigoso, entre os bairros Olhos D’Água e Betânia. "Os caminhões vão continuar passando por lá até chegarem à avenida Amazonas", diz o consultor, lembrando que a solução só viria com a construção do Contorno Sul, que ainda está no campo das discussões.
Já a reforma completa do Anel está mergulhada no oceano das indefinições. Segundo o governo estadual, "a Secretaria de Transportes e Obras Públicas apresentará ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no final de agosto, o anteprojeto para a reforma de todo o Anel Rodoviário de Belo Horizonte. O objetivo é licitar o empreendimento, pelo regime diferenciado de contratação (RDC), ainda neste ano", diz a nota. Mas não há datas para o começo das obras.
"Ninguém conhece o projeto de intervenções. Não sabemos o que está se propondo. Fica passando do governo estadual para o federal e vice-versa. É preciso entender que o Anel é um lugar onde se mata e morre", diz Osias.
Desde abril do ano passado, os condutores observam obras no trecho entre os bairros Califórnia e Olhos D’Água, contudo, trata-se de melhorias da empresa Via 040 – Invepar, concessionária responsável pelo trecho de 936,8 quilômetros da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora e que afeta 10,5 quilômetros do Anel. Portanto, resta torcer para que as obras alcancem definitivamente toda a via e apague o estigma de rodovia do medo.
Conheça o contorno norte do Rodoanel