A senhora da foto ao lado, de fala mansa, tem 83 anos.
Uma das fundadoras da Faculdade de Educação da UFMG e referência nacional em alfabetização e letramento, seu interesse e amor pela sala de aula não lhe permitiu se afastar do tema. De forma voluntária, criou, em 2007, o projeto Alfaletrar de desenvolvimento profissional de professores da rede municipal de Lagoa Santa. Os resultados falam por si.
O último Proalfa (exame que avalia proficiência em leitura e escrita dos alunos das escolas públicas de MG), divulgado neste ano, indicou que 87,3% dos alunos da 3º ano do ensino fundamental de Lagoa Santa estão no padrão recomendado.
O primeiro passo da educadora, naquele ano, foi o de estabelecer um diagnóstico de desempenho dos alunos desde a creche até o 5º ano, com base em metas e feito por meio de avaliações trimestrais. Pode parecer banal, mas não é. Esse tipo de acompanhamento é (pasmem de novo) raro na educação pública. Mais: ela se reúne semanalmente com professores representantes de todas as 23 escolas municipais. "Não adianta somente ter métricas de avaliação", diz Magda. "Igualmente importante, é o acompanhamento dos professores e a discussão dos problemas que surgem no dia a dia."
Com a receita, Magda e suas docentes estão chamando a atenção de profissionais de educação de todo o país. Ela tem recebido visitadas cada vez mais frequentes de gente que quer conhecer sua "fórmula" de sucesso. Chama particular atenção na metodologia da educadora o fato de que os resultados não estão concentrados numa única escola (ou num projeto piloto). "Todas as escolas municipais de Lagoa Santa têm avançado igualmente", afirma.
Em maio deste ano, Magda deu uma pausa no trabalho para ir ao Rio de Janeiro, onde recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, do Ministério de Ciência e Tecnologia e do CNPq, concedido anualmente ao pesquisador que tenha contribuído para o progresso de sua área. Dos 44 nomes já laureados, ela é a primeira representante da educação no país.