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Gastrô | Evento

Bares em festa

Festival Botecar chega à terceira edição celebrando a mineiridade. Serão 50 participantes, de vários pontos da cidade, competindo este ano

Aline Gonçalves com assessorias

A empresária Márcia Soares, do Bar e Restaurante Casa Velha, que ficou em terceiro lugar em 2015 e quer se manter no pódio: "O Botecar dá um upgrade no movimento do bar", diz - Foto: Geraldo Goulart/Encontro

"Ser mineiro é dizer 'uai', é ser diferente, é ter marca registrada, é ter história." Foi assim que o poeta Carlos Drummond de Andrade definiu um sentimento difícil de explicar, mas tão presente entre os que por aqui vivem. E é justamente a mineiridade, esse algo que não está listado em dicionários, o tema escolhido para próxima edição do Botecar, festival que visa valorizar a tradição dos botecos na cidade. Neste ano, o evento tão aguardado entre os amantes da combinação tira-gosto com cerveja gelada e clima descontraído terá 50 participantes e será realizado entre 6 de abril e 7 de maio. "Optamos por deixar os bares mais livres para escolher produtos, temperos, ou outros símbolos da cultura de Minas," diz o organizador, Antônio Lúcio Martins.

Como nas outras edições, cada estabelecimento oferecerá um petisco e o que tiver a melhor avaliação do público (que escolhe de 0 a 10), somada à votação do júri técnico, será escolhido como melhor boteco de BH. Os dois grupos têm peso de 50% cada um e a premiação dos vencedores será em maio. "A votação continuará como tem sido, porque agradou. É mais simples, a pessoa vota com a experiência que ela teve no dia, uma nota única", diz o organizador.

Bar Patorroco é presença garantida no festival: mais de 500 mil pessoas são esperadas nos botecos participantes neste ano - Foto: Alexandre Rezende/EncontroEntre os participantes, há bares conhecidos, como o Bar da Cida, Estabelecimento e Família Paulista, além de quatro estreantes no festival: Bar do Júlio, Empório Viação Cipó, João da Carne e Baiana do Acarajé. A principal exigência da organização é que famílias estejam à frente do local, que não pode ser uma franquia, por exemplo.

Segundo Antônio Lúcio, dos 50 petiscos, há diversos que estão optando por produtos encontrados na horta.
"Pelo que observei, muitos vão trazer os quintais nos tira-gostos. Estão usando folhas e carnes com molhos, bem típicas do interior, ou comidas secas, tradicionais dos tropeiros", afirma.

A empresária Márcia Soares é uma que escolheu as folhas tradicionais da culinária mineira para montar seu tira-gosto. "Vamos trabalhar bem a couve, mas também vou trazer angu e torresmo", diz.  Atual terceiro lugar no evento, ela não esconde a vontade de se manter no pódio. "A cada ano, estou sempre ouvindo os clientes para conseguir melhorar. O Botecar dá um upgrade no movimento do bar, melhora muito", diz. Uma das estratégias que ela usa para garantir um atendimento bem avaliado é contratar funcionários. Desta vez, Márcia ainda pretende incluir atrações musicais durante alguns dias do evento.

O empresário Júlio Palhares, do Bar do Júlio, comemora adesão ao festival: "Além de ganhar na visibilidade, nós, donos de bares, acabamos por nos unir", diz - Foto: Geraldo Goulart/EncontroEstreante em festivais, o empresário Júlio Palhares, do Bar do Júlio, no Mercado Central, reuniu os cinco funcionários para elaborar o petisco participante. "Montei algo que é a cara do Mercado, com pernil, fígado, pimenta-biquinho", diz. A expectativa dele é de que o movimento cresça em 50%. Também para garantir um atendimento de qualidade, ele planeja contratar garçons. "Além de ganhar na visibilidade, eventos como o Botecar são importantes porque nós, donos de bares, acabamos por nos unir. A amizade fica", diz. O empresário Cristiano Barcelos concorda.
"No Botecar são todos amigos, é uma parceria", diz ele, que está à frente do bar João da Carne. Para garantir sucesso, Cristiano vai apostar em um ingrediente por vezes controverso: o jiló.

Segundo a organização do evento, todos os petiscos ofertados nesta edição saem por menos de 35 reais. A expectativa é aumentar em pelo menos 10% o número de clientes, em comparação ao ano passado, quando 500 mil pessoas circularam pelos estabelecimentos. "O que queremos é que as pessoas tenham acesso ao verdadeiro tira-gosto de raiz do boteco. E que se deliciem com eles", diz Antônio Lúcio. Já que é assim, nem precisa de garfo e faca: é só preparar o palito e abraçar o tão conhecido jeito mineiro de botecar.

 

Confira quais são os bares e restaurantes participantes do Botecar 2016:

 

 

 

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