Esse modelo de recompensa (a tradução literal é "dinheiro de volta"), que já existe há mais anos no e-commerce, está chegando agora às lojas físicas de BH. O que ele permite é que o cliente faça uma compra em algum estabelecimento e, pagando por meio de empresas especializadas, obtenha uma porcentagem do valor gasto de volta. Um exemplo: adquire-se um produto de 40 reais e, se a proposta for o retorno de 5% ao pagar com a máquina de cartão da empresa de cashback, 2 reais são devolvidos ao cliente. O valor recebido de volta não costuma passar dos 10% por compra, mas ações pontuais devolvem todo o dinheiro ou até mais do que foi gasto (são chamadas de supercashback). Foi o caso das filas nas gelaterias e nos postos de combustível. Isso significa um sorvete que você, na prática, recebe para consumir, ou um tanque de gasolina por metade do preço.
Uma das principais empresas do ramo no país é a startup mineira Méliuz, que já atuava no e-commerce e lançou o cashback em lojas físicas de BH em março passado.
Outra startup nacional que entrou no mercado de BH em março foi a Beblue, que tem 550 mil downloads no país. Diferentemente do Méliuz, a empresa de Ribeirão Preto iniciou operações já no mercado físico, há um ano. Em relação à forma de recompensa, se difere um pouco da empresa mineira, pois o valor devolvido fica em uma conta criada para o usuário e só pode ser usado para compras em estabelecimentos credenciados. "Como a rede é pulverizada e contempla diversos produtos e serviços, a pessoa não se sente limitada", diz o COO (ou diretor de operações), Daniel Gava.
Sendo assim, ele é parte potencial dos dois movimentos que as lojas pretendem obter ao fazer parceria com essas empresas: trazer novos clientes e fidelizar os que já conheciam o local. O sócio-proprietário da Lullo, José Otto Temporão, diz que a ação de supercashback realizada no estabelecimento teve adesão maciça. "Trouxemos uma série de pessoas que não conheciam a loja e foram apresentadas ao produto.
Segundo o professor do Ibmec Paulo Pacheco, a diferença em relação aos modelos de pontos é sutil, mas eficaz. "A noção de pontos não dá uma sensação tão concreta na mente do consumidor quanto o dinheiro de volta", diz. "Quando se fala para a pessoa que ela terá ‘tantos’ reais de volta em sua conta, isso é altamente eficiente. Se você fala que ela terá ‘tantos’ pontos, o que eles significam? É mais difícil de visualizar", explica.
Guilherme Marinho é um dos que se adaptaram bem ao modelo de retorno monetário. Segundo ele, o resgate de pontos ou milhas pode ser burocrático, cheio de regras e com prazo de validade curto em relação à quantidade que se precisa acumular para trocar por algo que realmente interesse. "Normalmente é preciso acumular muitos pontos, então, isso se traduz em pouca vantagem para o consumidor", afirma.
Mas a volatilidade dos pontos não parece desestimular tanta gente assim. O Dotz, maior programa de fidelidade por número de participantes do país, que está em lojas físicas da capital mineira há nove anos, tem 2 milhões de cadastrados apenas na Grande BH (no Brasil, são quase 22 milhões). "O que importa é o poder aquisitivo aumentar, e não o quanto de dinheiro se tem", afirma Claudia Campolina, diretora regional. "Em determinadas situações, os pontos são amplificados, pois a empresa faz negociações com as redes, leilões de passagens aéreas e consegue oportunidades especiais."
No caso dos pontos, a grande da rede de estabelecimentos credenciados e a variedade do catálogo de produtos são importantes para dar margem a diferentes opções de troca e formas de pontuação. É essencial estar atento ao prazo de validade e, especialmente, a promoções que permitem trocas mais vantajosas.
Tendo o dinheiro de volta ou pontos acumulados, o importante é o consumidor tomar decisões inteligentes e que lhe sejam mais convenientes.
Consumidora consciente, a jornalista Stéphanie Bollmann, de 27 anos, mesmo tendo aplicativos de cashback e sendo usuária de programa de pontos, sempre se pauta pelo preço ou pela qualidade do produto ou serviço que pretende comprar. "Não acho que valha a pena comprar onde é mais caro só porque o estabelecimento oferece programa de fidelidade", diz. "Mas se o produto está mais barato ou é vendido em uma loja onde gosto de ir, aciono esses mecanismos."