Revista Encontro

Pet | Saúde

Gatos não são os principais responsáveis pela toxoplasmose

Ao contrário do que muitos acreditam, o perigo não mora nos felinos, mas em alimentos contaminados e ambientes não higienizados

Daniela Costa
A veterinária Camila Iani Godinho Rosa atua na área de fisioterapia, acupuntura e ozonioterapia em animais de estimação.
Grávida de seis meses do primeiro filho, chega a atender 20 gatos por semana. Mesmo tendo contato direto com os felinos, exames periódicos de sangue comprovam que é negativa para a toxoplasmose. "Nunca tive contato com o protozoário Toxoplasma gondii, responsável pela transmissão da doença", diz. A toxoplasmose pode ser de origem infecciosa, congênita ou adquirida. O parasita intracelular é capaz de infectar pássaros, roedores, animais silvestres e vários mamíferos, entre eles os seres humanos, podendo acometer o feto ainda no útero e desencadear graves consequências. Contudo, o gato é tido como o vilão, mesmo não sendo nem de longe o principal responsável pela contaminação de pessoas.

Segundo os especialistas, na grande maioria dos casos a doença é adquirida via oral, por meio da ingestão de carnes cruas ou malpassadas de hospedeiros que contêm os oocistos (ovos) do parasita em seu organismo. A transmissão também se dá pelo consumo de água, frutas e verduras ou mesmo pela manipulação de utensílios de cozinha contaminados.

Com 38 gatos em casa, a cantora Keilla Jovi é sempre muito cuidadosa.
Ainda mais agora, que está prestes a dar à luz seu primeiro filho. Ela relata que, por causa do preconceito, mudou de médico por três vezes durante a gestação. "Tenho convicção de que o contágio vem muito mais da falta de higienização dos alimentos do que do contato com os animais", diz. Para a nutricionista Luciana Angelini Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose comendo alimento contaminado é infinitamente maior do que o risco que os felinos oferecem. "Animais saudáveis, vacinados, em ambiente devidamente higienizado, não oferecem riscos", diz.

Para a nutricionista Luciana Lage, grávida de seis meses, a chance de contrair toxoplasmose via alimentos é grande: "Animais saudáveis, vacinados, em ambiente devidamente higienizado, não oferecem riscos" - Foto: Violeta Andrada/EncontroEm se tratando dos gatos, o contágio só ocorre em situações específicas. Para se contaminar por meio de suas fezes a grávida teria de ingerir os ovos nelas contidos, que só se tornam infectantes depois de 48 horas expostas ao meio ambiente, o que varia de acordo com a temperatura e a umidade. A veterinária Bárbara Peconick convive com gatos há mais de 15 anos e explica que apenas 1% dos bichanos transmite a doença, e somente no período de uma semana, durante todo o seu ciclo de vida. "Por isso, seguramente, o gato não é a principal fonte de transmissão da doença", diz. Após este período, o animal não elimina mais o oocisto, pois desenvolve imunidade contra o protozoário. "Sempre sugiro às grávidas que têm gatos que façam o exame no animal para confirmar a presença ou não do protozoário, o que evita sofrimento desnecessário", diz. A grávida também deve fazer exames laboratoriais periódicos.

Em indivíduos que tenham o sistema imunológico fortalecido, a toxoplasmose pode ser assintomática, ou seja, a pessoa pode ser portadora a vida toda sem que tenha ciência da doença. Alguns, entretanto, podem apresentar sinais discretos da infecção, com sintomas de dor no corpo e na cabeça, febre, cansaço e linfonodos inflamados. Nos casos mais graves, o tratamento é indispensável para evitar complicações e até mesmo o óbito do paciente.

Como deve ser a prevenção

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