Revista Encontro

Mineiros do Ano 2017 | Sérgio Sette Câmara Filho

Fórmula 1 à vista

Jovem piloto mineiro comemora temporada na F2, muda de escuderia e planeja correr pela principal categoria do automobilismo a partir de 2019

Rafael Campos
Na época em que treinava no antigo kartódromo Serra Verde - atual Centro Administrativo do Estado -, na região Norte de Belo Horizonte, Sérgio Sette Câmara Filho não escondia seu grande sonho: representar o Brasil na Fórmula 1.
Era algo natural para um jovem piloto que ainda dava as primeiras arrancadas no kart. Agora, 10 anos depois, seu desejo nunca esteve tão próximo de se concretizar. Serginho, aos 19, é o nome natural, e apontado por muitos, para substituir Felipe Massa, brasileiro que anunciou aposentadoria na F1, a principal categoria do automobilismo. O que não falta são motivos para acreditar que Serginho está no rumo certo.

Neste ano, em sua primeira temporada na F2, categoria que dá acesso à F1, o piloto mineiro - e o único brasileiro - venceu a prova de Spa-Francorchamps, na Bélgica, e garantiu a segunda posição em Monza, na Itália. Na F3, correndo em Macau, considerada a Copa do Mundo da categoria, quase recebeu a bandeirada na primeira posição. Na ocasião, envolveu-se em um acidente a 100 metros de concluir a prova e teve de abandoná-la. As cenas emocionantes das últimas curvas da prova viralizaram na internet.

O bom aproveitamento atraiu olhos de outras escuderias.
Por isso, para 2018, em seu segundo ano na F2, trocou a holandesa MP Motorsport pela britânica Carlin. "É como se fosse a Ferrari das categoria de base. Oferece mais tecnologia e bons engenheiros para brigarmos por títulos", diz o piloto. Seu companheiro de escuderia será o britânico Lando Norris, considerado pupilo da gigante Mclaren. Sergio já teve uma boa experiência pela equipe da terra da rainha em 2016, quando ficou em terceiro no GP de Macau pela F3.

A ansiedade, com a aposentadoria de Felipe Massa, não aumentou, segundo o rapaz. "Tento não entrar nessa de pressão. Faço o que eu gosto e sem estresse", afirma o jovem durante as férias na capital mineira. Há quatro anos, ele mora em Sant Cugat del Vallès, a 30 minutos de Barcelona. A transferência de escuderia não vai provocar uma mudança de "casa". "Não é hora de inventar moda. Lá, eu consigo ter paz de espírito. Neste momento da minha carreira isso conta bastante", afirma.

Filho do advogado Sérgio Sette Câmara, o jovem entrou pela primeira vez em um kart - o início natural de qualquer piloto - aos 6 anos de idade. Na época, ir ao kartódromo era uma premiação por notas boas na escola.
Nem o próprio Serginho sabe ao certo quando o casamento com a velocidade, de fato, aconteceu. Depois de nove anos no kart, passou a competir em carros de fórmula em 2014.

Contudo, conduzir o tão cobiçado bólido de F1 não é algo inédito para ele. Foi em 2016, com a equipe Toro Rosso, em Silverstone, na Inglaterra. Em um circuito de 82 voltas, o seu melhor tempo foi de 1min34s040, poucos segundos atrás de Kimi Raikkonen, da italiana Ferrari, com seus 1min30s665. O mineiro conseguiu outro feito: ser o piloto brasileiro mais novo a entrar num carro da categoria, algo registrado até então por Nelsinho Piquet.

Na próxima temporada, ele quer voar baixo para conseguir outra proeza. "Vou buscar uma vaga na F1, como piloto reserva, de teste ou como piloto número um." Estamos na torcida pela terceira opção.

.