Revista Encontro

Comportamento | Sustentabilidade

Saiba como produzir menos lixo no dia a dia

Mudar a rotina em prol da natureza não é mais coisa só de ambientalistas radicais

Rafael Campos
A economista Mariana Nahas: "Contribuo da maneira que posso, pois acredito que o futuro do nosso mundo depende disso" - Foto: Alexandre Rezende/Encontro
Os belo-horizontinos produziram, em 2018, cerca de 680 mil toneladas de lixo, de acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Desse total, apenas 1% foi reaproveitado, ou seja, enviado às seis cooperativas de catadores para serem reciclados. Esse número está muito aquém do que é possível fazer, já que o órgão de limpeza estima que 35% de todo o lixo gerado na cidade pode ser reaproveitado. Essa é apenas uma das informações que estão fazendo com que moradores da capital mineira mudem seus hábitos em prol do meio ambiente. "Contribuo da maneira que posso, pois acredito que o futuro do nosso mundo depende disso", diz a economista Mariana Nahas. Ela comprou uma lixeira apenas para descartar os resíduos que podem ser reciclados. Uma vez por semana, o lixo com papel, vidro e plástico é disponibilizado para a coleta seletiva. Esse comportamento, aparentemente simples, de acordo com pesquisa do Ibope, divulgada ano passado, é ignorado por 39% da população brasileira.

Mariana não se preocupa apenas em casa.
No trabalho, há muito tempo já aboliu os copinhos descartáveis e adotou canecas de louça, comportamento compartilhado pelos colegas. Durante os lanches com os filhos, Luana, de 3 anos, e Davi, de 1, os canudinhos de plástico também não têm mais vez. "Acredito na sustentabilidade mais abrangente. Busco também consumir menos. Compro as roupas dos meus filhos em brechós e em grupos de desapego." Assim, afirma Mariana, consegue reduzir, e muito, o lixo gerado por sacolas de compras e embalagens.

Lucas Mourão, formado em relações internacionais, é entusiasta das Pancs (plantas alimentícias não convencionais): "Escolho alimentos que não vêm embalados ou em latas" - Foto: Alexandre Rezende/EncontroAo se tornar vegetariano, Lucas Mourão, graduado em relações internacionais, começou a procurar novas opções de alimento. Conheceu as chamadas Pancs (plantas alimentícias não convencionais). Além de reduzir o próprio lixo, passou a cultivar uma pequena horta em casa. "São alimentos que não vêm embalados ou em latas", diz Lucas, à frente da Jaca Verde Panc, empresa que oferece cursos e oficinas relacionados à alimentação saudável e/ou natural. Entre os produtos que mais consome estão a taioba, o umbu e o araticum.

Ana Paula da Costa, chefe do departamento de políticas sociais e mobilização da SLU, acredita que as pessoas estão dispostas a contribuir, mas falta, às vezes, facilitar esse processo. Por isso, a partir do segundo semestre deste ano cerca de 200 novos contêineres, os chamados Locais de Entrega Voluntária (LEV’s), serão instalados em bairros que não contam com o serviço de coleta seletiva porta a porta. Em 2020, será a vez de mais 200 pontos serem implantados. "A população se sente desestimulada a deixar o seu material reciclável quando o local está depredado, por isso vamos disponibilizar novos postos", afirma Ana Paula.

Agentes da SLU abordaram cerca de 70 mil pessoas no ano passado, a fim de conscientizá-las sobre a urgência de se reduzir o lixo. "Aumentou de 2% para 8% a quantidade de vidro enviado ao aterro sanitário nos últimos 10 anos", avisa Ana, em grande parte devido ao grande consumo das long necks (garrafas de cerveja).
"Quanto mais consumimos alimentos industrializados e processados, mais contaminamos o meio ambiente. Por isso, a importância de atitudes simples para amenizar o prejuízo."

O advogado Otávio Gonçalves Freitas aposentou o carro e caminha pelo centro mesmo debaixo de sol: "A questão ambiental deve ir além do discurso" - Foto: Samuel Gê/EncontroAntes de qualquer compra, a coaching e terapeuta Juliana Minardi se pergunta: "Para quê"? Dessa forma, ela afirma que já conseguiu mudar o seu padrão de consumo e, consequentemente, produz bem menos lixo. "A vida pode ser muito mais simples", diz ela, que montou, em seu apartamento, um minhocário - processo em que minhocas transformam os restos de alimentos em adubo orgânico.

Separar o lixo e dar a destinação correta a materiais eletrônicos são ações já comuns para o advogado Otávio Gonçalves Freitas que, agora, quer ir além. Em prol de uma vida mais sustentável, ele deixa todos os dias o carro na garagem. Detalhe, Freitas mora em Nova Lima e trabalha no Barro Preto, em BH. Assim, ele vai de ônibus até o centro da capital e caminha até o escritório, mesmo de terno e debaixo de um sol daqueles. "A questão ambiental deve ir além do discurso", afirma.

Sete dicas para uma vida mais sustentável

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