O sumiço de um pet é uma morte suspensa. Um luto não vivido. Em maio deste ano, a assistente em ciência e tecnologia Cláudia Marcia Alves Ferreira viveu 12 dias de pavor. Uma de suas gatas, a vira-lata Paixão, de 3 anos, desapareceu. O apartamento com janelas teladas, no bairro São Pedro, em BH, parecia à prova de fugas, mas não foi o suficiente. "No dia 28, senti falta dela em casa. A única saída possível seria a porta da área de serviço que dá acesso às escadas. Provavelmente ela fugiu quando fui levar o lixo". Após várias buscas em casa, Cláudia constatou que, de fato, a gata não estava lá. "A sensação que eu tive, de pensar em não mais encontrá-la, foi de medo, angústia, culpa e pânico", diz. Arisca, não seria fácil localizá-la. Como de fato, não foi. Foram vários dias de procuras incessantes na região. Parentes, amigos, vizinhos, desconhecidos, todos eram avisados através de mensagens em grupos de WhatsApp e cartazes. Por vezes, a dona saía às ruas chamando o seu nome. "Se ela ouvisse o som da minha voz, com certeza responderia." Após noites sem dormir, enfim, o tormento acabou. Paixão foi encontrada em um prédio vizinho ao seu. Estava escondida embaixo de entulhos de uma reforma. "Quando chamei e ouvi o seu miadinho foi um dos melhores momentos da minha vida", conta Cláudia.
O empresário Christian Jardim Vitorino, morador do bairro Sion, na capital mineira, fala com emoção sobre o período em que ficou sem seu cão Bento, vira-lata de 1 ano. A ideia de que o animal havia retornado para as ruas o martirizava. Bastou apenas um descuido para que Bento fugisse pela garagem. "Recebemos uma visita que acabou deixando o portão aberto. Foi questão de segundos." A notícia de que o animal havia sumido chegou por telefone. Assim que soube, Christian deixou o trabalho para ir à sua procura. "Fiquei das 15h às 23h circulando na minha vizinhança. E nada". A saga continuou no outro dia, mas sem sucesso. Dias depois, o cunhado do empresário passou em frente ao Pátio Savassi e se deparou com o animal. "Foi uma experiência terrível. Depois disso, já colocamos coleira de identificação e agendamos sua castração", conta. Segundo os especialistas, a esterilização dos pets reduz as variações hormonais provocadas pelo cio das cadelas e gatas. Machos castrados tendem a não fugir com a intenção de cruzar. A cirurgia também diminui a agressividade e possibilidade de brigas com outros animais.
Motivos que levam os pets a fugir
- Estímulos fortes: fêmeas no cio e animais estranhos os instigando
- Fobias: especialmente a barulhos como fogos de artifícios
- Falta de socialização: animais adotados, com longo histórico nas ruas, tendem a tentar fugir por não estar acostumados a ficar presos em espaços restritos
- Apego ao tutor: a ansiedade de separação pode levar o animal a fugir para tentar ir ao encontro do dono
- Maus-tratos: animais que sofrem qualquer tipo de violência física ou psicológica
Medidas preventivas
- Socialização do animal com pessoas e animais
- Passeios regulares para que pratiquem atividade física, queimem energia e aprendam como voltar para casa
- Coleira de identificação
- Castração
- No caso de gatos, telas em todas as janelas da casa
Como agir em casos de fugas
- Distribua cartazes e faixas na região
- Divulgue fotos e informações do pet nas redes sociais
- Informe amigos, parentes e familiares
*Leia também na edição impressa (nº 218) da Encontro