Um dos "culpados" pela multiplicação das motos são os aplicativos de delivery. O motociclista Marcos Felipe Rodrigues, de 22 anos, trabalha há seis meses em um vaivém frenético como entregador de um desses apps. De acordo com ele, a opção é bem interessante, pois possibilita maior flexibilidade de horário. Mas, isso não significa que a convivência no trânsito seja pacífica. "Muitos carros usam duas faixas ao mesmo tempo", diz. "Sem contar que alguns vivem fechando a gente." Do outro lado, a reclamações são as de sempre. "Eles são abusados. Ultrapassam pela direita e ficam buzinando entre os carros", disse para a reportagem de Encontro um motorista que transporta passageiros via outro app, mas que preferiu não se identificar.
De acordo com José Carlos, a BHTrans já vem implementando ações para melhorar a convivência entre motociclistas e quem está ao volante dos demais veículos na cidade. É o caso, por exemplo, das faixas chamadas de "Motoboxes", localizadas próximo aos semáforos, entre a faixa de pedestre e a linha de retenção dos demais veículos. José Carlos afirma que o projeto implantado em 2016 vem ajudando a diminuir o número de acidentes, uma vez que as motos "largam" na frente quando o sinal fica verde. A ideia foi inspirada em São Paulo, Madri e Barcelona. Outra iniciativa, mas ainda em estudo, é obrigar motociclistas, no Anel Rodoviário, a circularem somente pela marginal da via, quando houver.
Uma das apostas da BHTrans para apaziguar os ânimos em 2020 é no credenciamento de motociclistas pela empresa. Os motofretistas são submetidos a treinamento antes de receber licenciamento do Detran-MG - e passam a usar placa vermelha. Segundo a BHTrans, cerca de 45 mil pessoas utilizam motocicletas para realizar entregas na cidade. Apenas 7,2 mil, no entanto, são motofretistas. "Em 2020, vamos abrir mais vagas para motociclistas que quiserem se credenciar", avisa José Carlos Mendanha. O custo de se credenciar afasta os profissionais. O trâmite sai por 1.250 reais. "Por isso, estamos abertos a parcerias, inclusive, com os próprios aplicativos que terão a possibilidade de pagar esse valor para os motociclistas", afirma. A tendência é que tenhamos um número cada vez maior de motociclistas na cidade. A torcida, portanto, é que, na mesma proporção, tenhamos também motociclistas e motoristas mais conscientes. Assim, todo mundo ganha.
Raio-x do trânsito de BH
Frota
- Frota total: 2,2 milhões de veículos
- Motos: 235 mil
- Motociclistas que fazem entregas: 45 mil
- Motofretistas regularizados: 7,3 mil
Mortos no trânsito
- Pedestres: 40,7%
- Motociclistas: 37,2%
- Motoristas: 10,6%
- Passageiros: 8%
- Ciclistas: 3,5%