No aspecto tecnológico, assistimos um cada vez mais rápido crescimento dos carros equipados com motores turbo de baixa cilindrada, capazes de entregar potência, desempenho e consumo de combustível de fazer inveja aos hoje ultrapassados motores de seis, oito e 12 cilindros, altamente poluentes e insaciáveis bebedores. Cresce também de forma exponencial a participação de automóveis movidos por motores elétricos. No Brasil, a infraestrutura para estes é ainda precária, com insuficiência de eletropostos em nossas rodovias. Mas essa adequação é questão de tempo e vontade política. É consenso entre os analistas do setor que dentro de no máximo 10 anos, os carros movidos a eletricidade irão dominar o mercado brasileiro, como já vem acontecendo na Califórnia e outros mercados mais evoluídos e avançados no hemisfério norte.
Em julho deste ano, por exemplo, os SUVs responderam por 38,27% das vendas/emplacamentos, seguido pelos modelos hatch pequenos, com 26,75%, e os de entrada em terceiro lugar com 11,49%. São resultados que parecem fugir da lógica, mas que mostram a nova realidade. O que também se verifica na análise desses resultados é que os modelos equipados com os motores compactos turbo são os que sobem no ranking de vendas. Entre os SUVs, os resultados de julho mostram essa tendência quando verificamos que o Volkswagen T-Cross (10.211 unidades) e o Chevrolet Tracker (6.070) galgaram o primeiro e segundo lugares no ranking, consequência nítida da utilização de seus motores compactos turbo.
Em recente entrevista à agência de notícia Reuters, o novo CEO da Audi, Markus Duesmann informou que está montando, em parceria com a Volkswagen (empresa mãe da Audi), um grupo de 200 engenheiros que terá a missão de desenvolver um novo sistema de direção veicular computadorizado. Apelidado de Projeto Artemis, a deusa grega da caçada, o plano é neutralizar e – ultrapassar – a Tesla, que é hoje líder absoluta em software no campo automotivo. "Estamos atrasados na digitalização, por enquanto," afirmou Duesmann durante coletiva de imprensa na sede da Audi em Ingolstadt, Alemanha. Com o advento dos carros autodirigíeis (autônomos), os veículos passam a necessitar de sistemas operacionais de processadores e softwares para analisarem dados de radares, ondas a laser e câmeras com sensores capazes de calcular reflexos de direção de forma que os carros possam transitar e evitar acidentes.
Para construir o novo sistema, Duesmann está montando um time de engenheiros "orientado para resultados" que irão trabalhar na aceleração do desenvolvimento de uma nova plataforma veicular. "O projeto Artemis será menor que um time de Fórmula 1", disse Duesmann, que também é chefe de pesquisa do grupo VW. "Desenvolver um novo carro com tantas características inovadoras até 2024 é um desafio grande, sem precedentes. Por isso decidimos trabalhar com um unidade específica." A ideia é que um grupo de desenvolvimento ágil ficará menos dependente e travado pela burocracia dentro do grupo Volkswagen, que tem também o controle das marcas Bugatti, Bentley, Porsche, Skoda e Lamborghini, além da Audi e VW.
O Projeto Artemis será liderado por Alexander Hitzinger, que foi o responsável pela direção autônoma na VW e pelo time Porsche Racing que venceu a corrida de endurance de Le Mans em 2015, 2016 e 2017. Hitzinger trabalhou também na Apple, onde ele organizou e coordenou o desenvolvimento de produtos para veículos autônomos.
.