Em 34 anos de profissão, dos quais 32 atuando no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, confessa que sempre desejou trabalhar com pacientes internados, mesmo aqueles encaminhados aos Centros de Terapia Intensiva (CTIs). Sem receios, afirma que a experiência conquistada ao longo de anos de trabalho, não evitou as angústias trazidas pela Covid-19. "Sempre lidamos com casos graves, mas nada comparado ao novo coronavírus." A batalha contra o imprevisível começou há onze meses e uniu esforços de todas as áreas da medicina. No Hospital Madre Teresa, a criação de um Comitê de Crise, logo no início da pandemia, reuniu as equipes de pneumologia, clínica médica e terapia intensiva, e foi um passo fundamental para avaliar a efetividade das ações implantadas, revisar os planos de ação e criar novas estratégias.
O grupo integrado pelo médico, referência na cidade, também conta com o apoio de infectologistas, imunologistas, hematologistas, entre outros profissionais. "Tivemos a vantagem de poder recorrer a colegas do exterior que já haviam elaborado um protocolo de ação quando o vírus chegou ao Brasil", diz. Apesar do cansaço da luta contínua contra um inimigo invisível, os resultados têm sido satisfatórios com uma boa taxa de sobrevida dos pacientes infectados. O trabalho conjunto tem evitado as traumáticas internações nos CTIs. "O objetivo é mapear a doença de acordo com a sua cronologia", explica Marco Antônio. Nos primeiros cinco dias ocorre a multiplicação do vírus. A partir do sexto dia tem início o processo inflamatório. Isso porque, ao ter contato com o vírus, o sistema de defesa do organismo libera algumas substâncias inflamatórias que vão para os órgãos. Além do pulmão, também podem ser comprometidos os rins, o sistema nervoso central, o coração e outros órgãos. "A elaboração de um plano de tratamento que combata a doença da forma correta, em suas diferentes fases, é o grande segredo para evitar as complicações."
Apesar dos avanços observados nos tratamentos utilizados e da consequente redução da taxa de mortalidade, o índice de contágio ainda é grande, com elevação acentuada observada a partir do último mês de novembro. Para o médico, a única solução é a imunização. "Sempre aparecem inovações, novas estratégias de medicamentos, mas a grande esperança é a vacina". Enquanto ela não chega, segue salvando vidas e tendo como lema a música do saudoso Gonzaguinha: "Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz".
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