Ao contrário de serem descartados após anos de uso como meio de transporte de cargas marítimas, terrestres ou aéreas, os contêineres de aço ganham nova utilidade, se transformando em alternativa viável para a confecção de imóveis comerciais e residenciais. Entre seus principais diferenciais está a capacidade para suportar até 25 toneladas de carga, com até oito unidades empilhadas. Medindo 20 ou 40 pés, respectivamente 6 ou 12 metros de comprimento, com largura padrão de 2,44 m e altura variável entre o modelo standard (2,59 m) e high cube (2,89 m), sua estrutura é autoportante, ou seja, se suportam de forma independente. Semelhante a um jogo de Lego, permite montar, desmontar e criar de acordo com a imaginação e necessidade de cada um.
A instalação pode valorizar a topografia original do terreno, necessitando, apenas, nivelar a altura das colunas da fundação. Não menos importante, é preciso verificar os possíveis acessos ao local onde o container será instalado, considerando que o mesmo será transportado por caminhão e descarregado por guindaste. Após a instalação, é hora de colocar a mão na massa. Uma caixa de aço não é um local em que se possa morar sem que as devidas adaptações sejam realizadas.
Na mostra CasaCor Minas 2015, em Belo Horizonte, Bernardo desenvolveu, em parceria com os escritórios Meius Arquitetura e Aerolito, o Estúdio Casulo. "É um espaço mutável, concebido em um container, onde queríamos mostrar como o habitar pode ser flexível", diz. "Nele, exploramos as diferentes formatações e layouts a partir do mesmo mobiliário fixo." Para ele, além da praticidade da construção a seco, a redução significativa do tempo de obra e a precisão orçamentária são outros atrativos.
Arquiteta e urbanista, em 2011, ao fazer uma viagem a Chicago, Cristina Menezes despertou o olhar para o novo conceito de construção. "Visitei vários prédios altos feitos com contêiner naval. Achei espetacular." Em 2013, ela apresentou o projeto da "Pocket House" na CasaCor Minas, em BH. A casa com quarto, sala, cozinha, banheiro e escritório foi planejada em dois módulos de 20 pés cada um.
O casal de empresários Leonardo Augusto Rocha e Ana Paula Meireles também decidiu fugir do convencional. À época, em 2015, a falta de mão de obra especializada os levou a executarem a obra eles mesmos. Em uma área construída de 150 metros quadrados, foram utilizados dois containers de 40 pés cada um e dois de 20 pés. "Mantivemos o exterior com a aparência original. Gostamos do contraste com os acabamentos utilizados na parte interna", diz ele. A casa principal possui suíte com closet, sauna, varanda, cozinha e banheiro, além de piscina na área externa. Seja em apenas um pavimento ou em vários, uma coisa é importante: o projeto arquitetônico deve sempre otimizar a entrada de luz e a ventilação natural.
Dicas para não errar na hora de construir uma casa-contêiner
- Existem vários tipos de contêineres. Os adequados para comércio ou moradia são o standard ou o high cube. Saiba qual a procedência e se está em condições de uso. Tenha a certeza de que não foi utilizado para transportar produto tóxico
- Verifique as medidas do contêiner e do terreno. Os utilizados em residências medem 20 ou 40 pés, respectivamente 6 ou 12 metros de comprimento, com largura padrão de 2,44 m e altura variável entre o modelo standard 2,59 m e high cube 2,89 m
- A adaptação do contêiner requer mão de obra especializada, principalmente nos cortes das esquadrias para evitar infiltrações, e revestimento termoacústico para manter a temperatura adequada
- Os alvarás e licenças para construção são os mesmos de alvenaria, obtidos junto à prefeitura. Planos, elevações, topografia, rede de esgoto, energia e desenhos estruturais são os documentos básicos para começar
- Por se tratar de contêiner marítimo usado, é preciso verificar o estado de conservação e fazer as manutenções preventivas necessárias