Revista Encontro

GASTRONOMIA

Restaurantes de BH oferecem clássicos da comida tailandesa, cubana e peruana, entre outras

Com férias adiadas, um jeito de sair da capital mineira sem nem pegar um voo é pela culinária

Carolina Daher
- Foto: Divulgação
Para muitos, o passaporte está lá, guardadinho na gaveta. Tem gente com saudades até de chá de aeroporto. Com os embarques ficando para depois, o jeito é viajar sem sair de casa. E um bom caminho para isso é por meio da comida. Com elas, é possível sentir, mesmo de longe, sabores e temperos que conseguem nos transportar para o outro lado do mundo. Em Belo Horizonte, além de culinárias com as quais já temos certa intimidade como italiana, francesa e japonesa, dá para desbravar cozinhas pouco exploradas. Alguns restaurantes apostam em receitas quase fiéis às originais; já outros fazem releituras de pratos emblemáticos. Da Tailândia à Cuba, passando pela África e desembarcando no Peru.
O mais legal é poder sair do sofá e da mesmice da comida de todo dia para experimentar algo de novo - mesmo nesse período em que devemos ficar em casa.

Comida tailandesa

- Foto: DivulgaçãoComo regra essencial, a comida tailandesa aposta em ingredientes naturais e quanto mais frescos, melhor. O pad thai é um dos símbolos máximos da gastronomia do país e pode ser degustado em qualquer esquina de Bangkok. O chef Alexandre Louzeiro, do Samba Fresh, que passou alguns anos no país do sudeste asiático, explica que pad significa "salteado", ou seja, o prato é, literalmente, um salteado tailandês. Ele é preparado com massa de arroz, tamarindo, capim limão, açúcar, tofu, cebolinha, broto de feijão, ovo, amendoim e pimenta. "Assim como nós brasileiros temos nosso tempero clássico de sal, alho e cebola, a Tailândia também tem. É uma pasta que consiste em pimenta olho de pássaro - parecida com nossa malagueta - açúcar de palma, capim limão e sal marinho", explica Alexandre. A carne de boi, por ser artigo muito caro, raramente é usada. Usa-se normalmente no preparo frutos do mar, frango ou porco. No Samba Fresh, o prato aparece em três versões: com camarão (R$ 65); frango (R$ 51) e vegetariano (R$ 62). O preparo segue a receita clássica e pode ser pedido pelo Instagram 
@sambafresh, pelos aplicativos iFood, Rappi ou UberEats ou ainda pelo telefone (31) 2526-5020.

Comida afro-brasileira

- Foto: Pádua de Carvalho/EncontroSeu avô, Raimundo, era quilombola. Nasceu em Pinhões, em Santa Luzia e a vida inteira foi uma inspiração para a neta Kelma Zenaide. Hoje, comandando o Kitutu Gourmet, ela se especializou em comida afro-brasileira. "Não posso dizer que são pratos originais da Nigéria, Gana, Etiópia ou Congo.
Na verdade, a comida brasileira é formada pelas matrizes portuguesa, indígena e africana e, por aqui, priorizo as minhas raízes", explica Kelma. O uso de ingredientes vindos de África são uma constante na cozinha do Kitutu. Quiabo, milho, amendoim, dendê e leite de coco aparecem entre uma e outra receita. A preferida da chef, no entanto, foi criada exatamente para homenagear ao avô. Coração de boi recheado com toucinho de barriga de sereno curado na própria casa, alho, cebola roxa, pimentões tostados, servido com angu de moinho frito e pesto de taioba (R$ 142,90, para quatro pessoas). Outro prato emblemático é o N’zinga33, purê de feijão fradinho, com polpa de coco, couve crespa ao alho, lombinho de porco com alecrim e molho de cacau 90% (R$ 37, individual) e o cliente ainda ganha uma cocada de colher de sobremesa. E se os sabores africanos são tão presentes na comida baiana, é claro que o cardápio também conta com uma moqueca de banana-da-terra, acompanhada de arroz com cúrcuma, dadinhos fritos de acaçá e salada de alface roxa (R$ 53,90, para duas pessoas). Toda semana, Kelma lança três sugestões de pratos no Instagram @kitutu.gourmet. É por lá também que são feitas as encomendas.

Comida cubana

- Foto: Geraldo Goulart/EncontroNo Brasil desde 2007, o chef cubano Julio Escalona já passou pela cozinha de diversos estabelecimentos, como Maurizio Gallo e Tizé, antes de abrir seu próprio restaurante, o Paladar do Cubano, em setembro. Em Cuba, paladares são restaurantes pequenos e modestos, voltados para atender poucas pessoas.
E foi esse o espírito que Julio quis imprimir em sua casa na capital. Poucas mesas, ambiente simples e a verdadeira comida cubana. "Todos os meus temperos são naturais, da pimenta branca ao alho, não usamos nada industrializado", garante o chef. As frutas banana, abacaxi e abacate também estão sempre presentes. O limão aparece para quebrar a gordura do porco, usada como base nos preparos. Um dos pratos mais consumidos pelos cubanos, é também o mais pedido do restaurante. Clássica vem morros y cristianos (arroz e feijão cozidos com especiarias), tostones (banana-da-terra fritas), mandioca e pernil grelhado com molho cubano (R$ 34,90). Outro tradicionalíssimo que se faz presente no cardápio é o Ropa Veija: carne de boi desfiada com azeitonas e pimentões coloridos, tostones (banana-da-terra fritas), arroz branco, rodelas de milho na manteiga (R$ 35,90). Como entradinha, vale comer a croqueta, salgadinho tão popular por lá quanto a coxinha é por aqui. A porção vem com três croquetes de mandioca com ervas frescas, costelinha de porco desfiada na massa e recheadas com queijo (R$ 15,90). Os pedidos podem ser feitos pelo iFood ou retirada no local com pedidos pelo (31) 99266-0354.

Comida coreana

- Foto: Victor Schwaner/DivulgaçãoO Hou Mei traz no seu cardápio diversas opções de comidinhas típicas de alguns países do sudeste asiático. O bar/restaurante é comandado pelos irmãos Lam, netos do fundador do primeiro e mais tradicional restaurante chinês da capital, o Macau. Da cozinha, saem pratos tailandeses, chineses, japoneses e coreanos. Nessa última categoria, uma das receitas mais queridas pela clientela é o kimchi fried rice (foto), arroz japonês com kimchi (conserva de acelga apimentada), cubos de barriga de porco, ovo frito, gergelim e nori (R$ 50). "Para quem nunca provou, o kimchi tem um sabor salgado, um pouco azedo, e um cheiro muito marcante. Indico para quem gosta de uma comida mais apimentada", explica a sócia Camila Lam.  Recentemente, o restaurante lançou também o Tteobokki, Tteok (massa de arroz), salsicha, ovos e queijo com molho à base de gochjang (pasta de pimenta). A porção custa 45 reais e deve ser encomendada com um dia de antecedência pelos telefones (31) 3786-0553 ou (31) 99941-0553. Por mais 10 reais, o cliente inclui também eomuk, que são bolinhos de peixe. "Essa entradinha, apesar de ser apimentada, é levemente adocicada. E o maior diferencial, são as massas redondinhas de arroz. Parece um nhoque, mas um pouco mais glutinoso. Para quem gosta de experimentar coisas diferentes, é uma surpresa boa", completa Camila. Na Coreia, Tteok é um snack bastante popular, e aparece tanto nos cardápios dos restaurantes, quanto nas barraquinhas de comida de rua. O cardápio completo do Hou Mei pode ser encontrado nos aplicativos iFood, Rappi e UberEats, além do Instagram @houmeibh.

Comida judaica

- Foto: Paulo Márcio/Encontro"Não existe uma única comida judaica", é o que explica logo de cara Julio Geber. Nascido em Israel, ele passou grande parte da vida em Nazaré, que tem uma forte influência árabe. Dependendo de onde estão localizados no mundo, diz o chef, os judeus são classificados como asquenazes, os vindos da Europa Central e Europa Oriental, e sefaraditas os oriundos da Espanha e Portugal. É tradição desse segundo grupo, por exemplo, usar vinho para cozinhar as carnes. Acostumado a preparar grandes eventos - principalmente para a comunidade judaica de BH - Julio hoje atende grupos menores. Uma de suas propostas de um jantar típico tem oito tipos de entradas, incluindo salada de berinjela frita com pimentão vermelho e salsinha; coalhada seca com zaatar e patê de ovos; e como prato principal pernil de cordeiro assado ao vinho, acompanhado com arroz com lentilhas acebolado e batata inglesa assada ao curry. Custa R$ 1.440, para dez pessoas. Tudo é preparado sob encomenda. Para datas comemorativas, como foi o aniversário da independência de Israel, em 16 de abril, ele criou um cardápio especial, composto por bolinhos de falafel, pasta de grão de bico, salada de berinjela, tahine e pão pita (R$ 48, para duas pessoas). A pedidos - sempre pelo Instagram @buffetjuliogeber - o chef também prepara pratos tradicionais como o Guefilte Fish, bolinho de peixe, tradicionalmente servido nos feriados de Sêder Pessach e Rosh Hashaná.

Comida peruana

- Foto: Uarlen Valério/EncontroO restaurante funciona em uma portinha escondida no bairro Estrela Dalva. Por ali, no melhor estilo caseiro, o Miski Mikuy consegue acomodar no máximo 15 clientes por vez. O cardápio é legítimo peruano. Quem comanda o espaço são os irmãos Christian e Hermes Lavando, esse último à frente da cozinha. Antes, o chef passou pelo Wari, Porcão e Coco Bambu até abrir seu próprio negócio, no final de 2019. "Nem deu tempo da gente se estabilizar direito e veio logo a pandemia", explica Christian. Há sete anos no Brasil, os irmãos não desistiram, no entanto, com as restrições impostas pelo coronavírus. Redesenharam o cardápio e hoje fazem entrega pelo Ifood, UberEats e Rappi. "A comida peruana é fresca, marcada por muitos aromáticos como limão, coentro, salsão e pimentas ají amarillo e arí panca", explica Christian. Atualmente, são 14 pratos, entre eles o tradicional ceviche, que aparece em três versões: o clássico, com peixe branco e leite de tigre (R$ 48,90); o misto com mariscos (R$ 76,90); e o Carretillero (R$ 66,90), que além do peixe leva anéis de lula crocante. Um dos pratos mais queridos pela - já fiel - clientela é o Arroz chaufa de mariscos (R$ 85,90, para duas pessoas), arroz frito com camarão, lula, polvo, mexilhão, ovo, pimentão, cebolinha e molho shoyu. Os pedidos também podem ser feitos pelo WhatsApp (31) 98504-2059 - com preços um pouco mais em conta por causa da taxa paga aos aplicativos de entrega.
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