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O Pimp My Pet se reinventou para superar a crise: "Transformei o meu modelo de negócio, investi em marketing, comunicação. Saí literalmente da minha zona de conforto", conta a empresária Nathália Junqueira Minzon - Foto: Geraldo Goulart/Encontro Novo coronavírus, crise econômica, turbulência política. Se o clima é de incerteza para muitos negócios, o mercado pet segue o baile driblando os percalços e vendo seus rendimentos dispararem. Para os pais e mães de animais de estimação, o cuidado com os filhos peludos continua sendo destaque na lista de prioridades. Segundo dados do IBGE e do Instituto Pet Brasil (2018), bichos de estimação já são mais de 139 milhões e superam o número de crianças nos lares brasileiros. O Sudeste encabeça a lista com a maior população de pets (47,4%), seguido pela regiões Nordeste (21,4%), Sul (17,6%), Centro Oeste (7,2%) e Norte (6,3%). Não é de se admirar que o mercado de produtos para a bicharada seja um dos mais aquecidos, mesmo em meio ao caos gerado pela Covid-19. Uma caminha aqui, outra roupinha ali, ração, guias, coleiras, medicamentos e o setor de acessórios e alimentos cresceu 87% no Brasil nos últimos cinco anos. Em 2019, o faturamento do setor foi de 35,5 bilhões de reais, o que coloca o país como o segundo mercado consumidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em um primeiro momento, pequenas, médias e grandes empresas se valeram de estratégias para sobreviver à crise. Para superar as interrupções de fornecimento e o aumento nos preços das matérias-primas, o mercado pet se reinventou, apostando na diversificação e fortalecimento das marcas para engajar a clientela e evitar a escassez de produtos. Os pets shops locais tiveram papel fundamental na venda de produtos para animais de estimação. Cativando bichos e gente, passaram a disponibilizar ainda mais comodidades e serviços confiáveis como banho, tosa e atendimento veterinário.
Inaugurada na década de 1970, a Dog’s Home, que em 1981 se transformaria em Dog's Shop, completou 40 anos de atuação no mercado mineiro. Com cinco lojas em atividade na capital, entre elas a Cat's Shop, exclusiva para o público felino, a rede investe tanto na qualidade do atendimento presencial quanto no delivery e na competitividade dos preços. "Com a pandemia, ações complementares como as entregas em domicílio e a criação de novas plataformas de venda nos ajudaram a estabilizar o faturamento e até aumentá-lo", diz a sócia- proprietária Paula Ferraz. A empresa também se prepara para alçar novos voos com a inauguração do e-commerce.
Conhecida pelas tradicionais feiras de adoção e eventos como o Blocão Pet de carnaval e Pet Identidade, para emissão de documento de RG não oficial, superou a queda no ticket médio gasto por cada compra e manteve o faturamento. "Alimentação e petiscos representam 45% das vendas. Em seguida vêm medicamentos, especialmente vermífugos, antipulgas e anticarrapatos", diz a proprietária Daniela Guimarães Loures. A expectativa, diz ela, é que o mercado se normalize e os preços, de maneira geral, sofram uma queda, aumentando o poder de compra do consumidor. A empresária também comemora a inauguração do e-commerce de varejo (voltado para clientes) e atacado (exclusivo para pet shops).
Empresas menores também chegaram e mostraram a que vieram. O Pimp My Pet, inaugurado em 2013, no bairro Funcionários, tem passado por significativas mudanças e expansão. Foi preciso se reinventar para superar a crise. "Transformei o meu modelo de negócio, coloquei taxi dog gratuito para nossos clientes, investi em marketing, comunicação. Saí literalmente da minha zona de conforto", conta a empresária Nathália Junqueira Minzon Fernandes. A estratégia deu tão certo que ela teve a clientela aumentada em 50%. Além de banho, tosa e hospedagem, o espaço passou a disponibilizar atendimento veterinário e escola para groomers (tosadores).
Na contramão da crise, as grandes redes de lojas se destacaram. O Instituto Pet Brasil apontou que o segmento cresceu 13,5% em 2020 no comparativo a 2019, com um movimento 6,8% maior do que o projetado durante o primeiro semestre. Inaugurada em 2002, em São Paulo, a rede Petz cresceu 46,6% em 2020, faturando 1,7 bilhão de reais. Em 2019 o grupo comemorou a marca de 100 lojas no Brasil e o lançamento do Pet-Commerce. Ao longo do primeiro trimestre de 2021, cinco novas lojas foram inauguradas, encerrando o período com 138 unidades em 16 estados, cinco delas em Belo Horizonte.
Em 2021, a expectativa é que o mercado pet siga em expansão. Um dos motivos seria o fato de várias pessoas terem optado pela adoção de um bichinho de estimação por causa do isolamento social, aumentando a busca por produtos e serviços especializados. No setor financeiro, o banco digital Nubank contabilizou um aumento de 73,1% no número de clientes que tiveram gastos com o segmento pet em 2020, comparado com 2019. Por outro lado, a crise financeira e perda do poder aquisitivo das famílias sentida ainda mais em 2021, estabilizou o número de adoções e aumentou o abandono de animais.
Números do mercado pet*
- 139 milhões é o número aproximado de animais de estimação nos lares brasileiros
- 35,4 bilhões foi o faturamento do setor em 2019
- 47,4% dos bichos ficam na região Sudeste
- 87% é quanto o mercado cresceu no Brasil nos últimos cinco anos
*Fontes: IBGE, Instituto Pet Brasil
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