Nas escolas, a adesão pelas aulas presenciais tem surpreendido. Longe de ser um grande empecilho, o protocolo das chamadas "bolhas" ou "células" não tirou de boa parte dos alunos a vontade de estar de volta junto a colegas e professores para vivenciar o ambiente acadêmico (se seu filho é daqueles que não querem voltar, a matéria a seguir vem bem a calhar). Apesar de permanecer "cada um no seu quadrado", respeitando o distanciamento entre as carteiras, a motivação nunca esteve tão em alta. "A escola tem sido imensamente valorizada. Está claro para a sociedade o quanto essa instituição é importante para a construção de conhecimento e o compartilhamento de experiências", diz Daniele Passagli, diretora geral do Coleguium.
Com mais de 20 unidades, a maioria delas em Belo Horizonte, a rede possui escolas com 400 a 900 alunos cada, do infantil ao ensino médio, e apesar do desafio ser grande, a adaptação às novas normas têm transcorrido com tranquilidade. "As turmas foram divididas em A e B e passaram a fazer revezamento semanal. Enquanto uma bolha assiste à aula presencial, a outra segue com as aulas online em casa". O objetivo, diz Daniele, é diminuir o fluxo de alunos no mesmo período. "Alguns deles já querem até trocar para poder estar na escola", brinca ela. Segundo o protocolo, cada bolha pode ter até doze alunos por sala, podendo ser ampliado, desde que o distanciamento exigido seja respeitado.
Mesmo não sendo consenso entre todas as entidades representativas da classe, o retorno às aulas presenciais após longos meses de isolamento social tem mostrado um amadurecimento tanto de pais quanto de alunos. "O meu comprometimento com a aula on-line não é dos melhores. Para mim foi muito difícil manter um compromisso escolar nesse período, ainda mais fazendo a transição dos estudos da Alemanha, onde morei, para cá", conta Henrique Vasconcellos Borlido, 17 anos, aluno da 2ª série do ensino médio. "Minha primeira semana de presencial foi tudo de bom. O contato direto com o professor é uma experiência indispensável. Voltei focado", diz. A mãe, a arquiteta Juliana Lima Vasconcellos, reforça que a interação com o professor é fundamental para Henrique. "É o que capta a sua atenção e aumenta o seu envolvimento".
No Colégio Edna Roriz, até o quinto ano as aulas presenciais estão sendo diárias. Tanto no infantil quanto no fundamental 1 não foi necessário fazer bolhas, já que o número reduzido de alunos, cerca de 200 no total, já é uma característica da instituição. "Essas turmas têm no máximo de 10 a 12 alunos divididas em salas que nos permitem manter os grupos separados", diz a coordenadora pedagógica, Maria Alice Viotti. Já no fundamental 2 e médio foram formados dois grupos por turma, que assistem aulas presenciais em dias alternados. Com aulas de 40 minutos, os estudantes permanecem na escola por até quatro horas. "Já estamos iniciando a transição para o horário normal de quatro horas e meia", diz ela.
Para os menores de 3 anos, se relacionar com professores usando máscara gera um maior estranhamento. "Nessa faixa etária a criança precisa muito da percepção do outro, de conhecer o rosto do adulto para adquirir segurança. Mas nada que com carinho e cuidado não se resolva", diz a diretora pedagógica Alice Assis. Outro desafio, diz ela, é vencer a vontade dos pequenos que insistem em querer interagir com os coleguinhas de outros grupos. Um desejo que todos esperam, em breve, poder realizar.
Clique aqui e confira o protocolo de volta às aulas da Prefeitura de Belo Horizonte
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