Revista Encontro

IMÓVEIS

Vila da Serra e Vale do Sereno surfam no momento do mercado imobiliário

Em 2021, número de imóveis comercializados foi recorde. Maior incremento ocorreu no chamado padrão super luxo, com apartamentos acima de 2 milhões de reais

Juliana Afonso
Alex Veiga, CEO do Grupo Patrimar: "Nós somos patrimonialistas por tradição, todo mundo faz uma força para comprar um imóvel. Com uma taxa de juros baixa, o dinheiro não rende nada no banco e as pessoas passam a comprar uma moradia maior, mais espaçosa". Ao lado, o La Réserve, empreendimento da Patrimar em parceria com a Somattos, tem apartamentos que variam de 313 a 671 metros quadrados: duas torres já estão concluídas, duas estão em construção e as outras duas serão lançadas no futuro - Foto: Na ordem: Samuel Gê/Encontro e Jomar Bragança/Divulgação
Faz tempo que os bairros Vale do Sereno e Vila da Serra atraem olhares de quem procura casas e apartamentos de alto padrão. A região, que fica no município de Nova Lima, no limite com Belo Horizonte, começou a receber grandes empreendimentos imobiliários no início dos anos 2000, época em que o vizinho Belvedere começava a mostrar sinais de saturação. E o ano passado foi de recorde. Segundo dados do Censo do Mercado Imobiliário, feito pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), foram comercializadas 4.552 unidades nas duas cidades, um aumento de 28% em comparação com o ano anterior. Desde que o Censo começou a ser realizado, esse número nunca havia ultrapassado 4 mil unidades.

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Alexandre Lodi, CEO da Caparaó: "Temos notado uma procura cada vez maior por apartamentos mais espaçosos, com opções de áreas de lazer e convívio. Outra demanda que veio para ficar é a de espaços home office, seja dentro do próprio apartamento ou na estrutura do prédio" - Foto: Lucas Nishimoto/DivulgaçãoO maior incremento das vendas ocorreu no chamado padrão super luxo, definido por apartamentos acima de 2 milhões de reais. Entre janeiro e outubro de 2020, foram comercializados 157 imóveis a partir desse valor, enquanto no mesmo período de 2021, esse número saltou para 310. "Nova Lima é um vetor natural de crescimento para a população de alta renda", diz o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel. "A cidade absorveu essa demanda devido à escassez de lançamentos dentro de Belo Horizonte." José Augusto Castanheira, diretor comercial da construtora Altti, lembra bem desse início.
Há cerca de 12 anos, sua empresa lançou na Alameda do Morro um dos primeiros empreendimentos da região. "Como os terrenos são mais raros em BH, foi natural essa ida, primeiro para o Vila da Serra e na sequência para o Vale do Sereno", diz. "A paisagem e a proximidade com atrativos da região sul da capital mineira tornam a região um ponto muito interessante."

Felipe Cançado, diretor de desenvolvimento imobiliário da Conartes: "A região oferece estrutura completa para os moradores, com muitas opções de comércio, e os empreendimentos proporcionam uma área de lazer generosa, contato com a natureza e segurança 24 horas". Ao lado, o Green Arch Residences, da Conartes, com apartamentos de 240 metros quadrados e coberturas de 400 metros quadrados: lançamento ocorreu em janeiro e 50% das unidades já estão reservadas - Foto: Na ordem: Hugo Velloso/Divulgação e DivulgaçãoEspecialistas e construtoras apontam três motivos principais para o crescimento do mercado imobiliário - e em especial para a região do Vale do Sereno e Vila da Serra. O primeiro está relacionado às mudanças de vida impostas pela pandemia. "Temos notado uma procura cada vez maior por apartamentos mais espaçosos, com opções de áreas de lazer e convívio", afirma o CEO da Construtora Caparaó, Alexandre Lodi. "Outra demanda que veio para ficar é a de espaços home office, seja dentro do próprio apartamento ou na estrutura do prédio." O grupo é responsável por um dos símbolos da região, o Concordia Corporate, a mais alta torre em estrutura metálica do país, com 44 andares divididos em 170 metros. Além de ter projetos de unidades residenciais para a região, a Caparaó está construindo um centro comercial no Vila da Serra com 50 lojas – o empreendimento foi totalmente vendido, antes mesmo do lançamento. Outro grande projeto que a construtora pretende iniciar este ano é uma unidade do Sistema de Ensino Bernoulli no Vale do Sereno.

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José Augusto Castanheira, diretor comercial da construtora Altti: "Como os terrenos são mais raros em BH, foi natural essa ida, primeiro para o Vila da Serra e na sequência para o Vale do Sereno" - Foto: Paulo Márcio/EncontroA ampliação do mercado imobiliário também foi motivada pela baixa taxa de juros - pelo menos até meados do ano passado. "Nós somos patrimonialistas por tradição, todo mundo faz uma força para comprar um imóvel. Com uma taxa de juros baixa, o dinheiro não rende nada no banco e as pessoas passam a comprar uma moradia maior, mais espaçosa", afirma o CEO do Grupo Patrimar, Alex Veiga. A Patrimar sentiu esse efeito positivo no bolso: a empresa alcançou um lucro líquido de 154,8 milhões de reais em 2021. Foi seu melhor resultado em mais de cinco décadas de atuação no mercado. No momento, a empresa está com mais de 1.300 apartamentos em desenvolvimento na região de Nova Lima.
Os empreendimentos mais robustos fazem parte do complexo La Réserve. Realizado em parceria com a Somattos Engenharia, serão seis torres de alto padrão com apartamentos que variam de 313 a 671 metros quadrados. Duas torres já estão concluídas, duas estão em construção e as outras duas serão lançadas no futuro. Entre as novidades apresentadas está a possibilidade de customização total dos apartamentos.

Humberto Mattos, diretor comercial da Somattos, que se prepara para fazer três grandes lançamentos em 2022, dois deles na região do Vila da Serra: "Já é um jargão do mercado falar que a pandemia ressignificou a moradia" - Foto: Thiago Mamede/DivulgaçãoA Somattos também teve crescimento recorde em 2021, alcançando um faturamento 54% maior que no ano anterior. "Os mercados correlatos ao nosso, como decoração, equipamentos industriais e tudo que está ligado a residências, tiveram um crescimento muito alto porque as pessoas começaram a olhar para dentro de casa", afirma o diretor comercial Humberto Mattos. "Já é um jargão do mercado falar que a pandemia ressignificou a moradia." A empresa se prepara para fazer três grandes lançamentos em 2022, dois deles na região do Vila da Serra.
Por fim, a intensificação do uso de plataformas digitais também ampliou o aumento do volume de vendas. Para o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel, a rapidez com que as construtoras se adaptaram a esse universo durante a pandemia foi fundamental para a recuperação do mercado. "Hoje, você faz um tour virtual no imóvel pelo computador da sua casa e também pode assinar contratos e fazer registro em cartório digitalmente", explica.

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Guilherme Santos, diretor comercial e de novos negócios do Grupo EPO: "Estamos criando um parque ecológico que será um dos maiores do Brasil em área urbana. Ainda no primeiro semestre de 2022 vamos inaugurar trilhas e espaços públicos que privilegiem o bem-estar do pedestre". Ao lado, um das torres Brisa e Luar, em construção, que faz parte do Complexo Botânico Casa Natureza: empreendimento da EPO já conta com os edifícios Sol e Terra - Foto: DivulgaçãoO aumento da taxa de juros já faz com que as construtoras se preparem para uma leve retração. Outro empecilho para a manutenção das vendas é o aumento da inflação, que provoca o encarecimento dos insumos essenciais para a construção civil e, consequentemente, onera o valor do metro quadrado. "Se o dinheiro aplicado começa a render muito, as pessoas deixam de comprar", calcula o diretor comercial da Construtora Agmar, Jackson Camara.
A empresa tem dois empreendimentos de alto luxo para serem construídos nos próximos anos, um no Vila da Serra – que já está com 50% das unidades vendidas – e outro no Vale do Sereno. "O mercado de alto luxo é mais resiliente e menos vulnerável a essas oscilações", diz. Por isso mesmo, pode-se seguir confiando na expansão do mercado imobiliário de Nova Lima.

Jackson Camara, diretor comercial da Construtora Agmar, diz que a alta na taxa de juros pode levar a uma leve retração nas vendas, mas não deixa o otimismo de lado: "O mercado de alto luxo é mais resiliente e menos vulnerável a essas oscilações". Ao lado, o Edifício La Bresse, da construtora Agmar, em terreno de mais de 3 mil metros quadrados no Vila da Serra: apartamentos de 173 metros quadrados e coberturas de 346 metros quadrados - Foto: Na ordem: Gláucia Rodrigues/Encontro e DivulgaçãoAs buscas, afinal, seguem acirradas. Prova disso são as vendas da Conartes Engenharia. O pré-lançamento do primeiro empreendimento residencial da empresa no Vale do Sereno, o Green Arch Residences, ocorreu em janeiro deste ano e 50% das unidades já estão reservadas. O padrão se repete nos empreendimentos comerciais: o Conartes Tower, edifício lançado pela empresa no segundo semestre de 2021, também no Vale do Sereno, já vendeu 85% das suas lojas, salas e andares corridos. "A região oferece estrutura completa para os moradores, com muitas opções de comércio, e os empreendimentos proporcionam uma área de lazer generosa, contato com a natureza e segurança 24 horas", afirma o diretor de desenvolvimento imobiliário da Conartes, Felipe Cançado.

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Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG: "Nova Lima é um vetor natural de crescimento para a população de alta renda. A cidade absorveu essa demanda devido à escassez de lançamentos dentro de Belo Horizonte" - Foto: DivulgaçãoAlém dos produtos novos, a região conta com uma infraestrutura bastante elogiada. O Vila da Serra é bem servido de escolas e hospitais, além de contar com um serviço pujante. Já o Vale do Sereno está passando por uma nova revitalização, que promete tornar o bairro ainda mais aprazível. "Estamos criando um parque ecológico que será um dos maiores do Brasil em área urbana", diz Guilherme Santos, diretor comercial e de novos negócios do Grupo EPO. "Ainda no primeiro semestre de 2022 vamos inaugurar trilhas e espaços públicos que privilegiem o bem-estar do pedestre." A EPO lançou, em 2016, a torre Sol e, no ano seguinte, a Terra, que se destacam na paisagem. Os dois fazem parte do Complexo Botânico Casa Natureza, que terá mais dois edifícios, em construção, o Brisa e o Luar. A empresa é responsável ainda por um empreendimento de uso misto, no Vila da Serra, com 104 apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios e uma base comercial, e de uma torre comercial na MG-30, com entrega prevista para setembro - atualmente funciona ali a primeira loja dos Supermercados BH no eixo sul da região metropolitana. Também está em desenvolvimento um empreendimento de uso misto ao lado da Igreja Bom Jesus do Vale.

Como se vê, os empreendedores estão otimistas e a região tem potencial para se desenvolver ainda mais. E o melhor: com sustentabilidade e respeito à natureza.
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